Um grupo de estudantes de diversas instituições de ensino superior de São Paulo está realizando o projeto Expedição Serra da Capivara e pretende desenvolver ações que garantam a manutenção do Parque Nacional, que hoje enfrenta uma grave crise. São estudantes de diversos cursos que pretendem incluir a população nesta empreitada.
Maria Vitória, estudante de Jornalismo da Universidade Cásper Líbero e que integra a expedição, conta que no momento não há ações concretas ou propostas a serem apresentadas porque o grupo está realizando no momento um reconhecimento do local e das necessidades da população e do Parque. O local foi declarado patrimônio cultural da humanidade em 1991 pela Unesco.
Vídeo onde o grupo explica objetivos do projeto
"A expedição é o primeiro passo, é um estudo de campo. Ainda não temos propostas diretas porque não vamos definir nada antes de estar completamente em conjunto com a comunidade. Não vamos fazer nada de fora pra dentro, de baixo para cima. Vamos entender o posicionamento da comunidade e a relação com o Parque", explicou.
Uma parte dos estudantes, que estão nos cursos de Jornalismo, História, Cinema, Arqueologia e Pedagogia, já chegou ao local e está abrigado em São Raimundo Nonato com o apoio da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham). A arqueóloga Niède Guidon, presidente da Fundação, explica a importância do projeto diante da situação do Parque atualmente.
"É um Parque que é um patrimônio da humanidade, com uma estrtuura fantástica e que tem a maior concentração de pinturas ruprestres que se conhece até hoje e que infelizmente está em uma situação muito difícil por falta de recursos", declarou.
A longo prazo, segundo Maria Vitória, o objetivo é garantir geração de renda à população, gerar maior integração entre os moradores e o Parque e aprimorar a relação com o turismo, que pode ser a grande fonte de recursos para o Parque.
"Não é possível desenvolver um turismo de qualidade sem envovler as pessoas locais. O Parque ainda é muito distante infelizmente das pessoas locais, queremos buscar essa aproximação, queremos gerar renda pro Parque e pra população. Queremos atuar em várias frentes, porque o Parque não vai decolar sem turistas e não vai haver turismo sem a cidade crescer, mas a cidade tem que crescer no ritmo que a população possa fazer parte de tudo isso", disse.
Como ajudar
Atualmente, o grupo está arrecadanco recursos para continuar com o projeto. O primeiro grupo de estudantes chegou à cidade do sudeste piauiense no último dia 11 e pretende permanecer até o próximo dia 31. Por meio do site de financiamento coletivo Kickante, o grupo pretende arrecadar R$ 5 mil para ajudar no processo. Mais informações podem ser obtidas clicando neste link.
Posteriormente, segundo a descrição do projeto, um dos objetivos do grupo é criar um fundo de doações para o Parque. Há ainda o planejamento de ações de mídia e jurídicas para garantir maior atenção e apoio à causa.
Crise
A presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), a pesquisadora Niède Guidon, iniciou um processo de demissão dos últimos 60 funcionários do Parque Nacional Serra da Capivara, em agosto dde 2015.
O motivo foi a crise financeira que assola o parque, declarado em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A medida drástica colocou a segurança do Parque em risco. Das 28 guaritas, apenas seis estão funcionando. Com a demissão dos últimos funcionários, o local ficaria totalmente sem fiscalização e é esse o risco que o local está correndo.
O Parque
O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado através do Decreto de nº 83.548 de 5 de junho de 1979, com área de 100 000 hectares. A proteção ao Parque foi ampliada pelo Decreto de nº 99.143 de 12 de março de 1990 com a criação de Áreas de Preservação Permanentes adjacentes com total de 35 000 hectares.
Localizado no semi-árido nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície, o local abriga fauna e flora específicas da Caatinga.
Maria Romero
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