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Irmão de Elke Maravilha abre a casa e mostra acervo da artista

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Ao entrar no apartamento de Elke Maravilha, a constatação é imediata: ela continuará viva na memória de todo o seu público por muitos e muitos anos. A poltrona vazia na sala, envolta por dezenas de fotografias de Elke, os bibelôs espalhados pela prateleira e os presentes recebidos ao longo de sua vida revelam um pouco mais da grandiosidade da russa que conquistou o Brasil.

A visita à casa em que Elke morou nos últimos dez anos - no bairro do Leme, Zona Sul do Rio -, aconteceu dois dias após a morte da artista. Frederico Grunnup, irmão e assessor pessoal de Elke, recebeu e guiou a equipe de reportagem pelas hostórias e memórias da atriz, ex-modelo e apresentadora.

Elke viveu 71 anos. Destes, 47 foram dedicados a arte. Frederico conta que ela veio para o Brasil ainda criança, com 6 anos, quando a família fugiu da perseguição política na Rússia. De lá para cá, aprendeu nove línguas, estudou letras, filosofia e se tornou uma das maiores artistas do Brasil. Nos últimos meses, passou os dias ensaiando o espetáculo musical 'Elke canta e conta' e costurando um novo figurino, que não teve tempo de terminar.

Frederico relembrou a internação e o agravamento do estado de saúde da irmã. "Foi um processo doloroso inicialmente, mas depois fomos nos preparamos. Elke não pensava em morrer, ela sabia. Ela disse: 'Eu vou morrer, quero ser enterrada bem bonita '. Ela não ficou triste. Claro que ela teve algumas dores, mas depois normalizou. Ela dormiu, foi sedada. Ninguém quer ver ninguém dormir, mas estávamos preparados. Isso vem do nosso pai, quando ele morreu, chamou a Elke e minha mãe e disse que morreria em 15 dias. E assim foi. Já a Elke não avisou. De uma forma ela sabia que ia, mas não tinha uma data. Ela sempre estava rindo no hospital. Quando o médico disse que ela ia operar, ela fez careta, brincou. Não houve um momento de tristeza. Ela manteve o alto astral até o último momento", conta, emocionado.

Frederico diz ainda que ele e Elke eram muito grudados. Era ele quem cuidava da carreira da irmã e ele acredita que não existe ninguém que possa se comparar a ela. "Nós éramos muito amigos, eu a acompanhava em diversos lugares e nós morávamos juntos. Ela não gostava das máquinas, até o celular dela era analógico, então eu fazia muitas coisas. Elke é única, não existe ninguém que possa substituí-la."

Centro cultural
Para manter a memória de Elke Maravilha viva, Frederico e Natasha - sua filha, que também trabalhava com a tia -, decidiram fazer uma casa cultural para contar a história da artista que foi modelo, atriz, apresentadora e alcançou fama nacional ao participar como jurada de programas de calouros.

"Nós queremos fazer a 'Casa da Elke', um museu. Não temos um local ainda, ela abria a casa para todo mundo, para os repórteres, para os amigos, vinha muita gente, batia papo, bebia uma cachaça... Já conversei com o secretário de Cultura, mas ainda estamos pensando. Ela nunca quis fazer museu ou biografia. Ela dizia que tinham que fazer de 'Alexandre O Grande', que o que ele fez foi grandioso, mas que ela era uma pessoa normal, que só andava pelo bairro. Mas em qualquer lugar que ela passava era um alvoroço. Ela nunca pensou em fazer um museu, pelo contrário, ela era desapegada. Antes de morrer ela chegou a dizer: 'Pega aquilo lá e faz um brechó'. Mas nós queremos manter a memória dela viva e que todos tenham acesso a memória dela".

Natasha e Frederico não sabem quantos figurinos, calçados e perucas extravagantes Elke tinha em seu acervo, mas mostram tudo com carinho e falam de alguns detalhes sobre o dia a dia ex-chacrete.

Sobrinha quer seguir os passos da artista
"Ela era a mesma coisa quando estava em casa. Ela vinha para os estudos e para descanso no quarto, ensaiava as peças que tinha que ensaiar e quando saia de casa já era montada, alegre e feliz. Dentro de casa ficava de cabelos soltos, sem maquiagem e com roupão. Quando colocava o pé na porta já era a Elke Maravilha. Ela não tinha problemas, não tinha nada o que atrapalhasse ela. Ela nunca ficou triste. Quando estava aqui ela via muitos filmes, e cada um que passava ela sabia alguma coisa. Se fosse um filme grego, ela contava uma história sobre a Grécia, e por aí vai. Ela era muito inteligente, aprendi muito com a minha tia", disse Natasha, que mostra semelhança com a tia quando mais nova. Ela revela que pretende seguir os passos de Elke. "Fico muito lisonjeada quando escuto isso, trabalho como modelo e pretendo seguir a carreira também", conta.

O irmão e a sobrinha revelam ainda que só teve uma coisa que Elke não conseguiu terminar: um adereço de cabeça que ela queria usar no show com o qual estava em cartaz 'Elke Canta e Conta'. "Ela disse esse ano que tinha feito tudo o que queria. As viagens, os shows, tudo. A única coisa que ela não conseguiu foi terminar um novo adereço de cabeça", dizNatasha, com os olhos cheios de lágrimas.

"Tudo dela vai fazer falta. O que nós queremos fazer é dar continuidade ao caminho dela, a história dela. Queremos que seja um ambiente tão feliz como Elke era", completa Frederico.

Elke morreu na última terça-feira, 16,  com falência múltipla nos órgãos após uma internação, por conta de uma úlcera, que já durava um mês. O velório, cercado de amigos famosos, foi no Teatro Cralos Gomes, no Centro do Rio. Já o enterro aconteceu no cemitério São João Batista, na quarta, 17.


Fonte: Ego

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