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Ciro Gomes diz que disputará presidência em 2018 e manda recado: "vou desmontar o PMDB"

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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) revelou nesta sexta-feira (19), durante visita ao Piauí, que tem interesse em disputar a presidência da República em 2018. Aliado de Dilma Rousseff (PT) e forte oposicionista ao presidente interino Michel Temer, ele foi categórico ao afirmar que "vai desmontar" o PMDB se for eleito.

"Não terei diálogo com o PMDB. O PMDB fará oposição ao meu governo. O que eu vou fazer é desmontar o PMDB. Vou dar um caminho para o lado sério", disse em entrevista à TV Cidade Verde.

"Eu aceito a ideia de ser candidato, já que essa é uma definição que meu partido vai fazer, porém, eu vou pensar 100 vezes na necessidade de ser candidato. Por que se eu for, eu vou para quebrar ou ser quebrado. O que quer dizer isso? As coisas no Brasil não estão erradas porque existe um manual de fazer certo. Nosso problema é que temos um conflito  distributivo onde uma minoria extremamente poderosa controla o poder e não está dentro da política. A grande tarefa do próximo presidente da República é fazer um projeto que reúne os interesses da produção e do trabalho", continuou.

Para Ciro, Temer é o líder do "lado quadrilha do PMDB" e o acusa de orquestrar um golpe no país. "Os líderes são o Eduardo Cunha e o Michel Temer. Na verdade é o Eduardo Cunha quem comanda. Está fraco, mas ainda está dando as cartas. Eles adiaram a cassação do Cunha para depois do impeachment e vão tentar fazer uma anistia", declarou, destacando que não existe fundamento para o impeachment de Dilma.

"É um processo legalista, mas a base de fato não existe. O impedimento não é remédio para governo ruim. Não houve pedalada fiscal e não é crime, todos os governantes fizeram. E quem faz não é o presidente, é o ministro. Sem crime, todo e qualquer impedimento é golpe, simples assim", afirmou.

Ciro afirmou que concorda com a ida de Dilma ao Senado e destaca que o ato vai ficar marcado na história política do país. "A ida dela é importante. A história não faz justiça aos covardes. Esses vermes todos vão passar e ela, mesmo com os erros, vai ficar", acredita.

Crise

O ex-ministro disse ainda que, em 36 anos de vida pública, nunca uma crise tinha o assustado tanto. Mesmo sendo defensor de Dilma, Ciro atribui a ela vários erros que fizeram o Brasil chegar a atual situação. "O Brasil vive uma crise hoje que me assusta bastante. Eu, em 36 anos de vida pública, nunca vi uma ameaça tão pesada, hostil, sobre a sorte da família brasileira. São 3 vetores e um alimenta o outro. É uma crise internacional, que não se permitiu a sociedade conhecer, a própria Dilma erra em não repartir com a sociedade a consciência disso", ressaltou.

"Um exemplo concreto disso é aquela mina de ferro em Paulistana. Ela era completamente viável e estava pronta para entrar em operação, porque nós vendíamos o minério de ferro a 190 dólares a tonelada e agora despencou para 38. Com isso ficou inviável e você vê isso em toda mineração brasileira. Soma-se a isso o Petróleo e você tem uma crise internacional, muito grave, que tem uma permanência grave, que ofende essa estratégia externa brasileira. Isso traz para dentro do Brasil uma pressão sobre a nossa moeda. O povo não compra dólar, mas come pão, pão é trigo e trigo a gente paga em dólar. Então, você teve uma miragem de inflação e esses loucos de Brasília estão atirando na  inflação com uma taxa mais exorbitante do mundo", acrescentou.

Novamente Ciro dispara críticas contra Michel Temer, atribuindo a mudança de poder, o crescimento do desemprego no país. "Temos uma crise política que basicamente faz com que, há pelo menos dois anos, salvo algumas exceções, os políticos de Brasília não dão um dia de serviço para examinar os problemas do povo brasileiro, por conta de um golpe político odiento, onde está se usurpando do povo até o direito de escolher seu próprio presidente da República, botando a pretexto de moralização um corrupto na presidência, que é Michel Temer", disse, se prolongando nos comentários contra o presidente interino.

"A consequência disso para o povo é o desemprego, perda de salário e um avanço grave sobre o modesto estado de bem estar que nós estamos tentando construir. Por exemplo, está no Congresso Nacional uma emenda à Constituição que tabela o gasto com saúde, educação e previdência e deixa livre o gasto com juros, que é o maior gasto e o mais criminoso de todos. Já está no Congresso Nacional a revogação da lei de partilha que dá aos brasileiros o direito usufruir dos benefícios do pré-sal. Já está no Congresso uma ideia absolutamente contra tudo que é moderno do mundo e que estabelece uma categoria exótica de impor ao trabalhador que o negociado seja superior ao legislado, ou seja, no momento de desemprego alto, com o sindicalismo parte dele apodrecido pela corrupção, você vai ter empresários que vão fazer acordos em São Paulo e vão tirar o 13ª salário, a licença maternidade, porque tudo isso agora pode ser negociado. São avanços gravíssimos sobre o povo brasileiro", continua.

Para Ciro, o PMDB no governo é como tentar colher maracujá em pé de maçã, ou seja, não dará certo nunca. "É você esperar colher maracujá num pé de maçã, não tem jeito. Esse lado quadrilha do PMDB que está no poder, a característica deles é a gastança. Para se ter uma ideia, o déficit público primário da Dilma, que já era grave, estava sinalizando para 96 bilhões de dólares de buraco nas contas do governo, com o Temer subiu para 170 bilhões para o ano, só que atingiu na semana passada esse valor. Estamos na pior farra fiscal da história. Agora tiraram dinheiro da seca dos governos estaduais e entregaram para os ladrões do Dnocs", atacou.

De acordo com o ex-ministro, o problema do país é falta de projeto. "O maior erro dos governos Lula e Dilma foi imitar o PSDB no que ele tem de pior: você não vai ter sanidade fiscal com o país sem crescer. O problema do país hoje não é excesso de gasto, é a receita do governo que está caindo e as despesas impossíveis de mexer. O erro começa com a Dilma", concluiu.

Ciro esteve no Piauí para agenda política do PDT nas cidades de Piripiri e Floriano, além da capital.

Hérlon Moraes
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