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Resgatados em fazenda eram obrigados a "pagar" para trabalhar

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Os 25 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em uma fazenda na zona Rural do município São Francisco do Piauí, a 301 km de Teresina, além de serem explorados eram obrigados a comprar os insumos necessários para a extração de madeira. De acordo com o procurador do Trabalho, Edno Moura, o empregador os obrigava a utilizar as próprias ferramentas e comercializava insumos, como por exemplo, combustível e correntes utilizadas nas máquinas de motosserra, indispensáveis para o trabalho. 

"Os insumos eram vendidos pelo empregador a preços exorbitantes e no fim do mês eles recebiam uma quantia irrisória", disse Moura. No local também não havia Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O alojamento era uma casa abandonada sem portas e janelas. "O empregador, simplesmente, encontrou este local e jogou os trabalhadores, sem qualquer preocupação com a habitabilidade do local e segurança dos trabalhadores", acrescenta.

A maioria dos resgatados era da cidade de Colônia do Piauí. O procurador ressalta que, geralmente, as vítimas da exploração são pessoas vulneráveis que submetem a condições precárias por falta de oportunidades de emprego. 

"Eles são arregimentados pelos  'gatos', intermediadores que cooptam os trabalhadores em situação de vulnerabilidade sob vários aspectos. Assim, eles são contratados e levados a outro município para serem explorados e tratados como animais.Parte deles ficou aliviado por ter sido retirado de uma situação de degradância, incompatível com a condição de ser humano. Por outro lado, alguns também ficaram preocupados com a possibilidade de não ter um amparo estatal, uma vez que ficaram sem uma renda para a sobrevivência", reitera.

O procurador ressalta que casos de exploração devem ser denunciados até mesmo pela população. O crime é passível de dois a oito anos de prisão.

"Se defender não é fácil, pois eles não têm opção de emprego e se submetem a situações degradantes para sobreviverem e assegurarem a sobrevivência da família. O Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos, vai continuar intensificando as fiscalizações. Contamos com o apoio da população", finaliza Edno Moura. 

 

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Graciane Sousa
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