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No Senado, Dilma volta a defender plebiscito para eleições

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A presidente Dilma Rousseff voltou a defender, durante seu interrogatório no Senado nesta segunda-feira (29), um plebiscito para consultar a população sobre a antecipação das eleições presidenciais.

Essa proposta já havia sido apresentada pela presidente afastada há cerca de duas semanas, quando ela divulgou uma carta na qual disse apoiar a consulta à população, caso retome o mandato após o processo de impeachment.

"Eu defendo que hoje um pacto não será possível por cima, mas terá de ser um pacto tecido pela população brasileira. Que ela seja chamada a se posicionar no que se refere a eleições e à reforma política, porque considero absolutamente difícil para todos os presidente, não só para mim, mas para todos que virão no futuro, a governabilidade quando este país possui 35 partidos", disse Dilma.

Ela deu a declaração em resposta a um questionamento da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sobre "quais os ganhos" para o Brasil, caso o Congresso decida pela volta de Dilma. A parlamentar pediu ainda a Dilma que falasse sobre a carta, intitulada Mensagem ao Senado e ao Povo Brasileiro.

"Quanto à questão relativa a quais as consequências, em especial aquelas relativas ao plebiscito e à eleição direta e a um pacto nacional, que propus na minha mensagem, quero dizer à senhora, senadora, que acredito, sinceramente, que, em havendo uma decisão que autorize o impeachment sem crime de responsabilidade, nós não só estaremos diante de um golpe, mas, sobretudo, senadora, diante de uma verdadeira eleição indireta, portanto, um retrocesso às práticas que nós superamos depois da resistência democrática e do fim da ditadura militar", disse Dilma.

Reforma política

Questionada pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO) como poderia retomar apoio político para governar, Dilma propôs, além do plebiscito, uma reforma política que combata a "fragmentação partidária", que, segundo ela dificulta o diálogo.

"Eu pergunto a vocês como dialogar de forma sistemática com 14 partidos, e 20, e olhe lá. Porque dependendo, há processo de fragmentação dentro dos partidos, com segmentação regional, com segmentação por vários outros critérios”, afirmou.

Ela lembrou que, para formar maiorias simples, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso precisava conquistar o apoio de três partidos; para maioria de 2/3, quatro partidos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, segundo Dilma, tinha maioria simples com oito partidos, e de 2/3, com 11 legendas.

“No meu governo, passou a ser para maioria simples, às vezes, 14 partidos. E para maioria de 2/3, 20 partidos. Este processo de fragmentação partidária responsável por uma forte crise política que afeta o Brasil, que afeta a governabilidade”, afirmou Dilma.

Por fim, disse não acreditar que os 35 diferentes partidos hoje existentes no país tenham 35 diferentes programas. “Não é possível que tenham 35 caminhos diferentes”, disse a presidente afastada.

Discurso

No discurso de defesa que fez mais cedo ao plenário do Senado, de cerca de 45 minutos, Dilma fez uma breve referência à proposta de convocar um plebiscito sobre novas eleições.

"Chego à última etapa deste processo comprometida com a realização de uma demanda da maioria dos brasileiros: convocá-los a decidir, nas urnas, sobre o futuro de nosso país. Diálogo, participação e voto direto e livre são as melhores armas que temos para a preservação da democracia", declarou a presidente afastada no discurso.

Carta

Na carta divulgada no dia 16 deste mês, Dilma que daria "apoio irrestrito" à convocação do plebiscito e que havia um impasse gerado pelo "esgotamento do sistema político".

"Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, seja pelas práticas políticas questionáveis, a exigir uma profunda transformação nas regras vigentes. Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito à convocação de um plebiscito, com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições", escreveu a petista em trecho do manifesto.

Retaliação de Cunha

No discurso, a presidente afastada voltou a enfatizar que o processo contra seu mandato só foi à frente como consequência de um gesto de vingança do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pelo fato de o Partido dos Trabalhadores não ter concordado em votar contra seu processo de cassação na Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, e que a ação só deslanchou pelo desejo das "elites autoritárias de quererem o poder a qualquer preço", responsáveis por criar uma instabilidade política aguda para desgastar o seu governo sem se importarem com o que isso levaria de negativo para a população. 

Citando as acusações que embasam a denúncia do impeachment, Dilma voltou a afirmar não ter cometido crimes de responsabilidade, afirmando que os "resultados fiscais negativos são consequência da desaleração econômica e não sua causa", e enfatizou que derrubar seu mandato pelos motivos alegados abre um perigoso precedente para políticos daqui para frente. 

Fonte: G1 e Ig

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