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Lula: "Não há ninguém mais indignado que eu"

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Menos de uma hora após virar réu novamente na Operação Lava-Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se defendeu durante uma teleconferência transmitida num evento organizado por sindicatos americanos, em um restaurante em Nova York. Lula disse que não tem ninguém mais indignado do que ele em relação ao que acontece no país atualmente. O ex-presidente contou que ficou triste com a decisão do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, mas disse que o fato não o abala e só vai fazê-lo falar mais e lutar mais. Ele também criticou a imprensa e chamou a denúncia de "farsa" e "pirotecnia".

— Não há no planeta Terra nenhum cidadão mais indignado que eu. As pessoas que estão fazendo esse processo, que na verdade é um conluio entre alguns agentes da Polícia Federal, alguns agentes do Ministério Público e, eu diria, alguns agentes da Fazenda. Nem tenho convicção, mas é isso que eu leio todo dia — disse Lula a uma plateia cheia de advogados e sindicalistas, brasileiros e americanos. — Eu estou triste porque o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim, mesmo ela sendo uma farsa, uma grande mentira. Mas temos advogados e vamos brigar. Vamos continuar lutando para que o povo volte a ter orgulho de ser brasileiro.

Segundo Lula, na última semana, "alguns representantes do MPF fizeram um espetáculo de pirotecnia", depois de dois anos de investigações contra ele.

— Eles alugaram uma sala de hotel, devem ter gasto dinheiro público para essa pirotecnia, e depois de uma hora de ilações disseram que não tinham provas contra o Lula, mas tinham convicção. Ninguém pode ser julgado por convicção de um promotor. Quem deve ter convicção é o juiz, a partir do que está nos autos do processo.

O ex-presidente lembrou a própria história para se defender e disse que talvez a elite não estivesse preparada para ele.

— Talvez eu seja um intruso na história republicana do meu país, porque não estava previsto na sociologia brasileira um operário metalúrgico assumir o comando do país. Não estava previsto fazer a maior operação de transferência de renda da história do país. Não estava previsto criar mecanismos legais que permitissem colocar fim na corrupção do país. Quem deixou o Ministério Público agir, a Polícia Federal agir, foi Lula e Dilma — disse ele, para completar depois:

— Tenho uma história de 40 anos de luta nesse país. Eu não posso aceitar em hipótese alguma que algumas pessoas irresponsáveis venham dizer que eu sou responsável pela criação de uma quadrilha nesse país.

'O PROBLEMA É EU VOLTAR EM 2018?'

O petista também criticou a imprensa:

— Eu acho que tentar criminalizar as pessoas pelas manchetes de jornais, todo mundo sabe que isso não está certo em lugar nenhum. Você como sindicalista sabe quantas vezes já foi vítima de manchetes de jornais e nunca te pediram desculpa.

E terminou, dizendo que nada o que está acontecendo no Brasil o abala, mas o faz falar mais e lutar mais.

— O que está acontecendo no Brasil não me abala, apenas me motiva a andar, a falar muito mais. O problema é eu voltar em 2018? Poderiam me perguntar se eu quero, né? Mas eles sabem que, mesmo sem diploma universitário, eu sei fazer muito mais que eles.

E acrescentou:

— Obviamente estou muito triste que o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim, mesmo que a denúncia seja uma farsa. De qualquer forma como tenho bons advogados aqui e ali, e acredito na Justiça, vou continuar lutando. Somos brasileiros e não desistimos nunca.

Em nota divulgada nesta terça-feira, Lula afirmou que, ao aceitar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Sérgio Moro “confirmou sua parcialidade”. “Moro simplesmente deu prosseguimento ao espetáculo de perseguição política iniciado pelos procuradores semana passada”, afirma nota divulgada pela assessoria do ex-presidente.

Lula classificou a denúncia como “inepta” e disse que a “atuação de Moro já foi denunciada ao Supremo Tribunal Federal e à Corte Internacional de Direitos Humanos da ONU”. Acrescenta também que o “mundo jurídico brasileiro sabe que a denúncia da força-tarefa tem caráter eminentemente político, sendo o resultado de uma série de arbitrariedades e violações de direitos – como a condução ilegal de Lula para prestar depoimento, a violação e divulgação de telefonemas do ex-presidente e até de seus advogados, a invasão de sua casa, das casas de seus filhos e de diretores do Instituto Lula”.

Fonte: O Globo

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