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Filme "Plastic City" leva vaia no Festival de Veneza

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Produto de um mundo globalizado, a co-produção entre Brasil (Gullane Filmes), China e Japão "Plastic City" (cidade de plástico) não agradou à crítica em Veneza. Houve um princípio de vaia ao filme na noite de sexta, quando foi exibido para a imprensa --porém mais vaiado havia sido "Inju, la Bete dans l'Ombre", de Barbet Schroeder ("O Reverso da Fortuna", 1990), no dia anterior.

Fábula chinesa passada em São Paulo, "Plastic City", de Yu Lik Wai, traz a história de Yuda, o rei da pirataria, e sua luta para se manter no topo do poder. Paralelamente, há a evolução do relacionamento entre Yuda (Anthony Wong) e seu filho, Kirin (Joe Odagiri).

Uma das dificuldades de entendimento do filme é o fato de que a primeira parte é linear, enquanto a segunda apresenta uma mistura de linguagens um tanto desconexa, lembrando um videogame em certos momentos.

"Há uma mudança de tom porque, no início, o filme é sobre uma família. Ele também fala sobre a sociedade contemporânea, mas não quis fazer um filme realista", respondeu Wai.

A imprensa brasileira presente ao festival, entretanto, não engoliu o que considerou algumas tomadas de liberdade excessivas. Como colocar um tigre branco na selva brasileira. Ou fazer com que o protagonista pegue um helicóptero em São Paulo e desça logo ali, na Amazônia (façanha que, quando realizada por Simpson em 2002, causou uma polêmica que envolveu até FHC).

 
História

Apesar da recepção fria, Yu Lik Wai não é um qualquer no cinema. "Plastic City" é seu terceiro longa de ficção. Os outros dois, "All Tomorrow's Parties" (2003) e "Love Will Tear Us Apart" (2000), foram selecionados pelo festival de Cannes.

O cineasta nascido em Hong Kong também se notabilizou por ser o diretor de fotografia de "Still Life" (Leão de Ouro em 2006). Wai colaborou com o premiado Wong Kar-wai.

A idéia de "Plastic City", segundo Wai, foi parcialmente inspirada pela prisão do empresário Law Kin Chong em 2004, apontado pela PF como chefe do contrabando em São Paulo. "Fiquei imaginando as partes não contadas dessa história", afirmou. "Yuda é como um comerciante chinês em expansão. Parece mais um industrial que um criminoso", disse.

"Mas o que me levou ao Brasil foi a idéia de fazer uma história chinesa fora da China. E há muitas semelhanças entre esses países, como o fato de serem emergentes", disse.

Para escrever a saga de Yuda, Wai contou com o brasileiro Fernando Bonassi. Presente em Veneza, o escritor se divertiu provocando os italianos: "Há uma promiscuidade entre poderosos e criminosos no Brasil e na China e tenho certeza de que os italianos sabem do que estou falando", afirmou na entrevista coletiva.
 
 
Fonte: Folha Online
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