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Ônibus de Teresina terão botão do pânico a partir de janeiro, após onda de assaltos

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Os ônibus que circulam pela capital piauiense serão equipados com botões do pânico a partir de janeiro de 2017. De acordo com o gerente geral do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), Fábio Prado, no primeiro momento, o equipamento será instalado em 40% da frota. A medida é consequência da crescente violência dentro dos coletivos. 

Teresina conta com 600 ônibus e em janeiro cerca de 240 deverão ser equipados com o botão do pânico. A expectativa é que até o mês de maio toda a frota operante esteja equipada. 

"O botão do pânico é uma ferramenta que irá proporcionar maior segurança a todos através de um link direto e online com as polícias civil e militar, Corpo de Bombeiros, Strans, operadoras de ônibus e Setut. Em qualquer assalto, o botão é acionado e de forma imediata toda a estrutura será acionada para que possamos inteceptar esse ônibus A violência está crescento em todo o Brasil todo e o botão do pânico é uma tendência que temos observado em outras capitais. Todo mundo está buscando prevenir e minimizar os crimes. Os aparatos tecnológicos estão cada vez mais sendo usados", destaca.

Ele conta que a implantação do botão do pânico integra a segunda fase do sistema de rastreamento que está sendo implementado dentro dos coletivos. 

"Estamos concluindo agora a primeira fase e a segunda será fechada em janeiro. Hoje, por meio deste sistema, conseguimos monitorar em tempo real se o ônibus está cumprindo seu itinerário e a velocidade, por exemplo. Qualquer desvio de rota, somos acionados imediatamente. Qualquer comportamento imprevisto, o motorista e o cobrador são contatados e sabemos se está ocorrendo algum problema, inclusive assaltos", destaca.

Fábio Prado explica ainda que ao longo de todo o ano, o Setut investiu R$ 2 milhões em tecnologia para garantir mais segurança aos usuários e funcionários do transporte coletivo. 

 

Segundo ele, 100% dos ônibus em Teresina são equipados com circuito de videomonitoramento e elenca ainda outras medidas como a instalação de cofres boca de lobo, cartões eletrônicos, câmeras do circuito interno, biometria facial.

"As câmeras hoje são muito mais modernas, com um nível de qualidade e resolução melhor. Em casos de assaltos, temos condições de fazer a identificação fidedigna do assaltante. Com os cofres boca de lobo e cartões eletrônicos, praticamente, não fica dinheiro com o cobrador. A grande preocupação do Setur e das 11 operadoras do sistema de transporte coletivo da Capital é a segurança e integridade física dos nossos passageiros e funcionários", elenca o gerente geral do Setut. 

Fábio Prado acrescenta que está sendo realizado um mapeamento para identificar o horário, local e linhas de ônibus com maior incidência de crimes, informações que subsidiarão a investigação policial.

 


Violência crescente dentro do transporte coletivo

Teresina tem em média 16 assaltos a ônibus por mês, ou seja, em média um assalto a cada dois dias. A informação foi repassada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhores Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro), Fernando Soares Santos, que contabiliza 146 ocorrências até o mês de setembro. 

O último caso foi registrado na noite de ontem (30). No fim de semana passado, câmeras do circuito interno de um ônibus- que fazia linha Saci-Shopping-  registrou ação de criminosos.

"Eles agora não tem hora para agir e no período de fim de ano, as ocorrências aumentam. São três a quatro ocorrências diárias, nos mais variados pontos... os trabalhadores estão em polvorosa, trabalham com medo", relata.

Na próxima semana, o Sintetro articula uma mobilização com paralisação do serviço. A categoria pretende protestar por segurança e também contra a exigência do pagamento do dinheiro roubado durante os assaltos. 

"Quando o cobrador encerra no bairro, ele tem que se deslocar até a garagem, levando o dinheiro da  empresa para prestar contas. Só quando ele faz isso, é que acaba o trabalho dele. Os bandidos aproveitam que algumas empresas ficam mais afastadas e assaltam os trabalhadores no trajeto. Teve uma quadrilha que, em uma semana, assaltou uns dez. Além disso, levam motos dos trabalhadores e tudo o que encontram pela frente. Está um terror. A parte pior é o cobrador ter que pagar o assalto. Eles dizem que o trabalhador tem que ficar apenas com R$ 20, mas o dinheiro é insuficiente para passar troco. Não admitimos que o trabalhador pague pelo assalto, pague um dinheiro que foi roubado pela falta de proteção e não é obrigação sua",explica. 

Fernando Soares acredita que a intensificação de barreiras policiais podem minimizar a ação dos criminosos dentro dos ônibus, como tem ocorrido na zona Norte. Ele ressalta a atuação da Polícia Militar, mas diz que não há investigação por parte da Polícia Civil. 

"Tem que investigar para colocar esses marginais atrás das grades e assim possamos ter tranquilidade", desabafa.

Além da violência psicológica, cobradores e motoristas estão sujeitos à agressão fisíca. Neste ano, na região do Grande Dirceu, um cobrador foi esfaqueado na perna, mesmo sem reagir ao assalto. 

"Pedimos as autoridades que façam alguma coisa, que investiguem e prendam antes que algum fato mais lamentável ocorra. É impossível que essas mesmas pessoas saiam assaltando e ninguém saiba quem é. Acredito que todos já têm passagem pela polícia", finaliza o presidente da Sintetro.

 

Investigação

O titular do 4º DP, Paulo César, rebate as acusações e ressalta que a Polícia Civil tem investigado, mas encontrado dificuldades na elucidação dos casos. Segundo ele, em nenhuma das 30 ocorrências registradas na região, em 2016, foram repassadas imagens do circuito interno de segurança para auxiliar na identificação dos suspeitos. 

"Eu sempre encaminho ofício para as empresas solicitando as imagens das câmeras dos ônibus, mas a resposta é sempre a mesma: não funcionam. Assim, fica complicado investigar, pois esses crimes sempre acontecem em trânsito. Os crimes acontecem em várias linhas. Por exemplo, os bandidos entram no centro da cidade, atacam na zona Sul e descem. Não sabemos de onde eles são", explica o delegado. 

Paulo César informa também que as vítimas dos criminosos são, geralmente, passageiros. O alvo, pertences pessoais, principalmente, aparelhos celulares. 

 

Graciane Sousa
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