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Promotor diz estar 'perplexo' com rápida soltura dos presos por grilagem no Piauí

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Promotor Rômulo Cordão (Foto: Wilson Filho/Cidade Verde)

O promotor Rômulo Cordão, coordenador do Grupo de Atenção Especial ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, afirmou estar perplexo com a soltura dos quatro presos na Operação Sesmaria, que combate a grilagem de terras no Piauí. Segundo ele, uma acareação que seria realizada entre os advogados Linconl Hermes Saraiva Guerra e Manoel de Sousa Cerqueira não poderá mais ser feita.

“Um dos objetivos da prisão temporária é impedir que as partes se comuniquem e troquem informações que podem prejudicar as investigações. Agora, com essa soltura, não poderemos confrontar depoimentos conflitantes. É algo que nos deixa muito surpresos principalmente porque o Ministério Público não foi consultado para a decisão”, declarou.

O promotor disse ainda que irá recorrer, mas que considera a ação pouco válida diante da liberdade já concedida. Cordão espera agora oferecer a denúncia contra os presos na operação: os advogados Linconl Hermes Saraiva Guerra e Manoel de Sousa Cerqueira; o agrimensor José Robert Leal Rocha e o juiz aposentado Cícero Rodrigues, que atuava como advogado. 

Cordão comentou a surpresa quanto à justificativa para a concessão do habeas corpus. 

Segundo a decisão do desembargador Joaquim Santana, da 2º Câmara Especializada Criminal do TJ, a prisão não era válida porque os crimes cometidos não foram os chamados “crimes de sangue”, não contendo emprego de violência ou grave ameaça.

“Essa justificativa vai contra decisões até mesmo do STF. Se fosse válida, nenhum autor de crime ‘do colarinho branco’ estaria preso como, por exemplo, na Operação Lava Jato. Não se pode justificar essa soltura assim”, ressaltou o promotor. 

O coordenador destacou que ainda não é possível estimar os valores arrecadados pelo grupo por meio das supostas fraudes, mas citou que a corregedoria do Tribunal de Justiça do Piauí já anulou 1 milhão de hectares ilegalmente regularizados. 

Para o promotor, o advogado Lincoln Hermes e o juiz aposentado Cícero Rodrigues eram os mentores intelectuais do esquema. 

Os alvos da operação são suspeitos de praticar crimes de falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, peculato e formação de quadrilha. 

Operação Sesmaria

A Operação Sesmaria foi deflagrada na última sexta (3) para desarticular um esquema de grilagem de terras no interior do Piauí. Foram presos na operação os advogados Linconl Hermes Saraiva Guerra e Manoel de Sousa Cerqueira; o agrimensor José Robert Leal Rocha e o juiz aposentado Cícero Rodrigues, que atuava como advogado.

Ontem (5), o desembargador Joaquim Santana, da 2º Câmara Especializada Criminal do Tribunal de Justiça do Piauí, determinou, em decisão monocrática, a soltura de todos. De acordo com as investigações, os suspeitos teriam participado da grilagem de 24 mil hectares de terras. Os crimes teriam ocorrido em agosto de 2009 com repercussão até os dias de hoje. 

Procurado pela equipe do Cidadeverde.com, o desembargador informou que, no momento, não irá se pronunciar sobre o assunto. 

 

Flash Maria Romero
Da Redação Carlienne Carpaso
redaçã[email protected] 

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