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Tony Ramos fala sobre a Operação Carne Fraca: 'Não tenho vergonha de nada'

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Em meio às polêmicas da Operação Carne fraca, que investiga irregularidades envolvendo vários frigoríficos do país, Tony Ramos, garoto-propaganda da Friboi, volta à TV em abril na minissérie Vade retro. "É importante esclarecer: nenhum produto da marca que eu anuncio está indiciado. Não há nenhuma fábrica interditada", esclarece o ator.

Na lista dos 21 frigoríficos investigados, consta a Seara, uma das marcas que o grupo JBS, o mesmo da Friboi, controla. "Caso haja qualquer dúvida em relação ao produto, tenho condições de romper meu contrato. Não vou abandonar o barco até que ele esteja estabilizado."

Teve medo de algum arranhão em sua imagem?

Não me sinto culpado nem tenho vergonha de nada. Quando os representantes da Friboi falaram comigo, pesquisei sobre a empresa e, consequentemente, topei fazer. Eu não anuncio bebida alcoólica, remédio nem plano de saúde. Que essa operação continue. É bem-vinda. Eu sou um homem que nunca pensei em imagem. Imagem, para mim, é o meu rosto na TV. Reputação é outra coisa. Sou quem eu sou, cidadão brasileiro, que tem tudo descontado na fonte, tenho Imposto de Renda bonitinho, para quem quiser ver. Sou transparente, claro e objetivo.

Arrepende-se de ter feito a campanha?

Hoje, temos em contrato a questão de direitos autorais e, desde o dia 15, não há nenhum anúncio meu no ar até que se esclareçam os fatos. Por enquanto, não fujo da raia, aguardo que as agências reguladoras e o MPF se pronunciem. Mas confio no produto, espero não me decepcionar. Se nada for encontrado, continuarei a fazer as campanhas, sim, porque fiz algo em que sempre acreditei.

Como será seu papel em Vade retro?

Meu personagem, Abel Zebul, é um homem de múltiplos negócios que, devido a seu sucesso, se torna um palestrante. Ele faz palestras politicamente incorretas, porém demolidoras. É manipulador e passa horas em cima de um palco ensinando outros empresários a conquistar o sucesso. Falamos de ganância desmedida. Começa a haver uma discussão ética em torno disso. Nada mais atual nos dias de hoje, com todos os escândalos envolvendo políticos que temos visto. 

É difícil ter a fama de eterno bom moço?

Já lidei com essa expressão de várias maneiras. Hoje te digo que não sou nada mais do que um brasileiro que chora, ri, faz churrasco com os amigos, adora bater papo, mais por telefone do que pelo WhatsApp. Sou daqueles que ainda gostam de telefonar, de ouvir a voz das pessoas. Sou muito bem resolvido com minha idade, minhas rugas e minha barriguinha. Tive a sorte de ter encontrado no casamento uma pessoa que me completa. Talvez seja isso que passe a coisa de bom moço. Mas sou apenas um brasileiro que paga impostos, que quer dias melhores para seus netos.

Mas o que o tira do sério?

Tanta coisa me faz explodir. Uma delas é a soberba. O nariz empinado, quem se acha demais, quem não ouve, quem não respeita as diferenças religiosas, sexuais. Aquele que diz: "A verdade é minha". Quem é o dono da verdade? Ninguém. O olhar blasé das elites dominantes é desesperador. E ele não está só nos poderosos, afinal existem pessoas que têm muito dinheiro e são boas. Assim como há pessoas mais humildes, com necessidades mais básicas, com o caráter duvidoso.

Como vê o caos político e moral do país?

Não tenho nenhuma palavra nova, nenhum adjetivo novo para poder me manifestar, a não ser dizer que estou estupefato com tudo isso. As revelações são sempre por metro quadrado, cada dia tem uma coisa nova. Com a idade que tenho, com a vivência que tenho, com meus 53 anos de profissão, isso me entristece muito. Sou um homem que construiu sua família com o sonho de um país mais justo, igualitário, com uma distribuição de renda muito melhor do que a incipiente que ainda temos.

Fonte: Época

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