Um mês após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o nepotismo nos Três Poderes, deputados e senadores ainda resistem a demitir seus parentes. Ao menos 16 continuam empregados no Congresso.
No Senado, a Folha localizou dez familiares trabalhando em gabinetes parlamentares. Foram analisadas demissões publicadas até o último boletim administrativo do Congresso, referente à quinta-feira.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), que tem dois sobrinhos contratados, disse que não vai demitir ninguém, a não ser que receba uma "intimação" para fazê-lo.
Já o senador Adelmir Santana (DEM-DF) transferiu a responsabilidade pela demissão da filha para a direção do Senado. Contratada pela direção-geral, sua filha foi cedida para o gabinete, mas depois da súmula ele a "devolveu" para a direção-geral, que ficou com a missão de exonerá-la --o que não ocorreu até agora. O diretor-geral, Agaciel Maia, não foi encontrado ontem.
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o primeiro a defender cota para parente, também se recusa a demitir a mulher, o filho e o sobrinho. A Folha deixou recados, mas ele não ligou de volta até ontem à noite.
O primeiro-secretário do Senado, Efraim Morais (DEM-PB), demitiu sete parentes, mas mantém o marido de uma sobrinha contratado alegando que ele não se enquadra na decisão do STF. A súmula também proíbe, porém, a contratação de parente por afinidade até terceiro grau. O senador Augusto Botelho (PT-RR) também não despediu o irmão.
A primeira-dama de Sergipe, Eliane Aquino, é funcionária do gabinete do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O senador demitiu o genro, mas afirmou que não fará o mesmo com a primeira-dama porque ela não é sua parente.
Na Câmara, onde mais de 70 pessoas perderam o emprego após a decisão antinepotismo do Supremo, pelo menos seis parentes ainda continuam empregados.
Fonte: Folha Online