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Colégio pede que alunos se vistam de ‘favelados’

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O caso de uma escola particular em Novo Hamburgo, em que os alunos do terceiro ano protagonizaram o lamentável “se nada der certo”, virou notícia no início deste mês. Agora, a internet volta a se espantar com um episódio semelhante.

Em Itajaí, a 94 quilômetros de Florianópolis, capital de Santa Catarina, um colégio particular viu seu nome ser replicado diversas vezes nas redes sociais. O motivo? Uma apresentação da classe para a Festa da Integração, em que parte dos alunos do quarto ano deveriam ir vestidos de “favelados do Rio de Janeiro”.

De acordo com a jornalista Elaine Mafra, mãe de um dos estudantes do Colégio Fayal, metade da classe deveria ir vestida daquele modo, enquanto a outra parte usaria fantasias de médicos, advogados e outras profissões. A ideia era mostrar as duas faces da cidade.

“O meu filho já tinha pedido para não participar da festa e eu aceitei, então ele não recebeu esse bilhete do colégio. Ontem à tarde, uma mãe perguntou no grupo do WhatsApp como era para as crianças irem vestidas na Festa da Integração e alguém postou a foto com a indicação das vestimentas”, afirma Elaine.

Ao ver o pedido da escola, ela se posicionou no grupo das mães e afirmou estar chocada com a situação. “Falei que hoje eu iria no colégio e algumas mães concordaram comigo. Na ocasião, elas disseram que queriam até montar um grupo para questionar a diretoria”, afirma.

Foi então que Elaine decidiu expor o caso nas redes sociais. “Não esperava essa repercussão. Agora, a maioria das mães acha que o que fiz foi errado, que a publicação foi desnecessária e que o problema deveria ter sido resolvido internamente”, conta ela.

Willian Domingues, marido de Elaine, também compartilhou o relato nas redes sociais. No Instagram, a publicação foi comentada pelo rapper MV Bill, que afirmou ser “lamentável” ver esse tipo de situação em uma instituição de ensino.

Para a jornalista, o colégio cometeu um erro de abordagem ao tratar do tema. “Hoje conversei com a diretora e lembrei que há algum tempo era normal segregar brancos e negros. Assim como hoje, para algumas pessoas, é normal segregar as pessoas pelo local de moradia ou pela roupa. Não podemos generalizar milhões de pessoas em um só estereótipo”, diz.

Mafra não pretende levar o assunto à Justiça, mas deseja que a escola repense as maneiras como trata as questões sociais. “Eu estou convicta do que eu penso e acredito, e não consigo minimizar isso como um erro no bilhete”, afirma. Ela ainda disse que o colégio indicou-lhe que irá fazer mudanças na festa, mas não especificou quais seriam.

 

 

Desde quando FAVELADO é fantasia? Eu nasci em uma favela, cresci na periferia de São Paulo e ainda assim não sei que traje é esse de "favelado". Sempre ensinamos os nossos filhos a não terem nenhum tipo de preconceito e não julgar as pessoas pelo que elas vestem ou tem, mas sim pelo caráter. Fazemos o impossível, trabalhamos duro para colocá-los em uma escola particular, para que tenham um ensino melhor do que o que o governo oferece e aí chega um bilhete desse na agenda? Meu filho explicou que a turma do 4o ano foi dividida em duas classes sociais para a festa de integração da escola, de um lado os favelados do Rio de Janeiro, que é pra irem de bermuda, chinelo, óculos escuros e boné (*pasmem, eu me visto assim) e a outra metade vestida de médicos, advogado e empresários, para representar a outra parte da cidade. Conheço muitos moradores de favela, amigos meus, que são trabalhadores, empreendedores, professores, advogados, policiais, bombeiros e por aí vai! Lamentável e não podemos aceitar tamanha falta de respeito. Orgulho do meu filho, que optou por não participar da festinha! #vergonha

Uma publicação compartilhada por Mandrake (@mandrakeoficial) em

 

Posicionamento

O Colégio Fayal se posicionou nesta quinta-feira no Facebook. Pedindo desculpas pelo bilhete, a diretoria explica que houve um equívoco ao separar a frase de seu contexto. De acordo com eles, a atividade proposta foi baseada na canção Alagados, do Paralamas do Sucesso, onde é citada a Favela da Maré.

“Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos cada vez mais intolerantes e intransigentes nesse sentido. Enfrentaremos esse momento com humildade e o superaremos, fica o aprendizado”, afirma o colégio na nota.

Fonte: Veja

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