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Brasileira concorre à prefeitura nos Estados Unidos; veja entrevista

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Aos 29 anos de idade a mineira, nascida em Ipatinga, Priscila Sousa desponta na carreira política como uma das candidatas preferidas para o cargo de prefeita da cidade de Framingham (Massachusetts).

Filha do casal de empreendedores Paulo Sousa e Luciana Sousa, Priscila é graduada em Ciências Políticas pela Simmons College, filiada ao Partido Democratas e disputa a vaga em uma das cidades do estado com o maior número de brasileiros.

Mesmo com uma agenda repleta de compromissos que antecedem as primárias que acontecem nesta terça-feira, dia 26, a candidata brasileira concedeu uma entrevista ao Brazilian Times. Em uma conversa franca, ela falou sobre sua trajetória na política, um pouco de sua vida pessoal, projetos e sonhos. Confira agora:

BT: Como e quando se deu o interesse pela política?

Priscila Sousa: Comecei a me interessar por história, governos e como as coisas funcionam quando cheguei nos Estados Unidos, e como isso passa pela participação das pessoas na vida política do país. Os Estados Unidos é um bom lugar para se morar, mas ainda existem problemas. Aqui em Framingham temos ruas com buracos, diferenças entre o norte e o sul da cidade. Nossas escolas são muito cheias e temos muitos prédios abandonados. Precisamos fazer mais e melhor, e por isso que decidi entrar para a politica.

BT: Alguém da sua família já atuou na política?

Priscila Sousa: Minha avó era muito atuante politicamente em Ipatinga, tendo inclusive tendo se candidatado a vereadora. A memoria dela até hoje me inspira.

BT: Qual a sua experiência profissional?

Priscila Sousa: Sempre trabalhei com meus pais na companhia deles, fazendo a limpeza das casas e escritórios eu mesma, carregando entulho e lavando carpete. Durante a minha graduação em Ciências Politicas na Simmons College, trabalhei no Massachusets State House com a Senadora Estadual Barbara L’italien, que à época era deputada estadual. Essa experiência me levou a campanha reeleição de Barack Obama. Atualmente sirvo a minha comunidade na Comissão de Relações Humanas de Framingham e com trabalhos voluntários.

BT: Se eleita, quais são seus principais projetos sociais?

Priscila Sousa: Melhorar as escolas de Framingham e o nível de performance dos alunos, que é abaixo da media estadual, causados pela superlotação das escolas, o que não deixa os professores darem a atenção necessária para cada uma das nossas crianças. Em segundo lugar, muitas dos que chegam a Framingham de outros países não falam inglês e não sabem mexer com o computador, e as provas estaduais são todas digitais. Além disso, nossas escolas estão defasadas tecnologicamente. Precisamos melhorar muito nesse sentido. Embora seja uma proposta voltada para a educação, ela tem impacto direto no desenvolvimento social da nossa população. Quero aumentar a exposição das crianças com a cultura e a arte, e isso pode ser feito sem gastar um centavo do dinheiro do contribuinte. Temos uma iniciativa chamada “Art Au Pair”, que é’ um grupo de artistas locais que querem doar seu tempo para ensinar nossas crianças performance e artes visuais. Eles ofereceram isso para nossa administração atual, e não foram ouvidos. Precisamos abrir nossa cidade para isso. É bom para o presente e para o futuro das crianças. Quero também abaixar o imposto dos cidadãos mais velhos, aumentando o teto de isenção do imposto de propriedade para quem tem mais de 65 anos. Precisamos tornar Framingham mais acessível para quem já dedicou sua vida a ela. A prefeitura também precisa melhorar muito no que é feito em relação à saúde mental e no combate as drogas, que vai além do policiamento. É uma questão social, não criminal.

BT: Quais projetos podem de alguma forma, ajudar aos imigrantes?

Priscila Sousa: Os filhos dos brasileiros e outros imigrantes chegam nos Estados Unidos sem falar inglês, sem conhecer a cultura e os costumes. Foi assim comigo. Melhorar nossas escolas permite a esses jovens imigrantes assimilarem os Estados Unidos mais rápido, o que aumentam sua chance de vencer no futuro. A comunidade acima de 55 é a que cresce mais rápido. Em menos de dez anos a primeira geração de brasileiros e latinos vai começar a se aposentar, e precisamos preparar o terreno para que eles tenham uma velhice tranquila. Outro ponto que precisa ser melhorado é a burocracia. Precisamos facilitar a abertura de pequenos negócios, a porta de entrada dos brasileiros na economia americana. A prefeitura também precisa trabalhar e tornar nossa diversidade rentável. Uma proposta e a criação de um calendário de eventos multiculturais, com musicas tradicionais, culinária e derivados, um dia do Brasil, outro da Colômbia, da Grécia, e por aí vai. Assim valorizamos nossa herança e atraímos receita para nossos comerciantes e nossa cidade, pois vamos atrair moradores das cidades de toda região.

BT: Qual é o seu maior sonho?

Priscila Sousa: Ver um brasileiro vencer a política americana, pois isso significará que finalmente deixamos de ser uma minoria e que vencemos como um todo nesse país.

BT: Quem sua inspiração na política?

Priscila Sousa: Barack Obama, por que ele empodeirou o povo e mostrou que todos podem vencer. A vida dos imigrantes mudou depois dele, e minha avó lá do Brasil até escreveu uma carta para o Obama agradecendo por ele ter nos recebido aqui.

BT: Qual é a função da mulher na política mundial e na busca por um mundo melhor?

Priscila Sousa: Eu acredito que a mulher e o homem público tem a mesma função: servir a comunidade como um todo, e garantir que os recursos disponíveis sejam utilizados da melhor forma possível para atender a necessidade da população.

BT: Você acompanha a política brasileira?

Priscila Sousa: Sim, bastante. O processo de impeachment foi traumático, e a crise econômica que o país esta vivendo é reflexo da crise política do nosso país nos últimos anos. Me preocupa a situação brasileira, mas tenho certeza que sairemos desse processo como uma democracia mais forte e com brasileiros mais engajados politicamente, para que isso não volte a acontecer. A impunidade parece ter acabado na política brasileira, e isso é muito importante para o futuro da nossa gente.

BT: Como você se imagina daqui a 10 anos?

Priscila Sousa: Ainda estarei na vida pública, servindo minha comunidade da melhor maneira possível, na prefeitura, no governo estadual ou como já faço hoje, com o trabalho social e o voluntariado.

BT: Deixe um recado para seus eleitores e para os leitores do Brazilian Times.

Priscila Sousa: Agora é a hora de fazermos a diferença. Nossa comunidade precisa ser representada também na política. Além de mim na prefeitura, temos dois brasileiros concorrendo a vereador em Framingham, a Margareth Shepard e o Pablo Maia. Nós não somos os primeiros imigrantes a embarcar nessa trajetória. Os irlandeses, por exemplo, vieram para cá por necessidade, e um descendente irlandês já chegou à presidência. Hoje o dia de Saint Patrick é comemorado no país inteiro. Os mexicanos trilharam um caminho semelhante, chegando a ter inclusive um candidato a presidente. Agora é a nossa fez de fazer parte da história. É uma honra poder representar cada um de vocês. Quero abrir espaço para as vozes de todos em Framingham, porque todos são importantes. Sua voz vai liderar Framingham. O brasileiro precisa votar na terça-feira, agora é a nossa vez de comandar nosso futuro.

Fonte: Brazilian Times

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