Atualizada às 19h28
O julgamento de Luis Augusto Antunes foi encerrado por volta das 19h e, por 4 votos a 3, o réu foi absolvido do crime. Segundo o advogado dele, o alvará de soltura deve ser expedido na manhã desta sexta-feira (6). O acusado estava preso na penitenciária Irmão Guido. "Vamos ainda conversar com a família para saber que providência iremos tomar", disse o advogado se referindo a uma possível reparação pelo período que o acusado esteve preso.
Atualizada às 12h21
O professor Luis Augusto Antunes apontado como autor da morte da travesti Makelly Castro, 24 anos, foi ouvido durante o julgamento e disse que está preso por omissão nos depoimentos. O réu se referiu a professora Maria das Graças Ciríaco, proprietária do veículo vermelho que seria o mesmo que pegou a travesti antes de sua morte.
"Não sei quem matou. Estou detido há mais de dois anos por omissão de depoimentos. Eu usava o carro dela durante o dia para resolver problemas dela e agilizar também minha vida", declarou o réu.
Segundo ele, no dia da morte de Makelly, foi deixado em casa por Maria das Graças, por volta das 20h e só voltou a ver a professora no outro dia pela manhã. A professora citada pelo réu já é falecida. Contudo, antes do falecimento, ela prestou depoimento e informou que não estava em Teresina no dia do crime.
Durante o interrogatório, o professor levantou a camisa para mostrar as tatuagens em seu corpo, a pedido da defesa.
"Tenho quatro tatuagens que foram feitas em 2015: uma estrela, uma coruja, uma torre eifel e uma bússola e um pássaro", declarou o réu que está preso há dois anos e seis em uma ala especial na penitenciária Irmão Guido.
O advogado do professor avaliou como positivo o interrogatório das testemunhas e do réu. "As testemunhas não o reconheceram como o autor da morte da Makelly. Acredito na absolvição", disse o advogado.
Para o representante do Ministério Público, a parte de instrução do julgamento foi satisfatória e resultará na condenação do réu.
"Acreditamos que aquilo que o MP defendeu por ocasião da denúncia foi comprovado na outra fase do processo como no Tribunal do Júri. Partiremos agora para o debate. Não tenho dúvidas que o MP, embasado na proval pericial e também em testemunhas, haverá de pleitear a condenação do acusado nas penas estabelecidas no Código Penal na forma qualificada", disse Ubiraci Rocha.
O Ministério Público defende a condenação do réu por homicídio qualificado. A decisão deve ser anunciada na noite de hoje.
Atualizada às 11h50
A juíza Maria Zilmar Coutinho Leal, do Tribunal do Júri ouve nesta quinta-feira (5) testemunhas e o acusado do crime da travesti Makelly Castro, 24 anos, em 2014. Entidades ligadas ao movimento LGBT participam do julgamento e confirmam que é o primeiro caso que vai a júri popular pelo crime de homofobia. O promotor Ubiraci Rocha também ressaltou que é o primeiro caso que vai a julgamento por motivação homofóbica.
Participam do julgamento representantes do Grupo Piauiense de Transexual e Travesti, o Centro de Referência e a Coordenadoria Estadual de Enfretamento a LGBTfobia.
"É um momento muito triste para nós que acompanhamos o caso. É difícil estar aqui, pois nossa amiga não está mais entre a gente. Ela foi morta brutalmente. Estamos aqui para que o assassinado seja punido na forma da lei. A Polícia passou um ano para descobrir quem era o assassinado e ao sabermos de quem se tratava foi uma surpresa, pois ele era da nossa militância. Foi uma dor dupla: perder a nossa amiga de luta e saber que um de nossos militantes estava envolvido no crime", disse Maria Laura, membro do GPTrans (Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis).
Para Maria Laura, a amiga foi vítima de um 'crime de ódio', motivada pela homofobia.
"Ela foi morta por ser travesti, não respeitaram a identidade de gênero dela. Isso pesa muito em crimes de ódio. Ela foi sufocada como se o assassino enxergasse ela como um mal e quisesse estirpá-la na face da terra. A Justiça está sempre a favor de quem é contra lei. Acredito na condenação", desabafou Maria Laura.
Testemunhas de defesa
Duas testemunhas de defesa foram interrogadas pela juíza. A primeira trabalhava em um call center situado próximo ao local onde o corpo de Makelly foi encontrado.
Já a segunda testemunha conhecia o réu. Segundo ele, o professor o contratava para que o mesmo mantivesse relação sexual com sua esposa.
"Nos conhecemos em um site de relacionamentos. Ele me contratava (mas não havia pagamento em dinheiro) para que eu mantivesse relações sexuais com a mulher dele. Tudo era filmado e fotografado. Foram quatro encontros. Ele me dizia que era uma fantasia dele", declarou a testemunha de acusação que disse ainda que o réu sempre o pegava para os programas sexuais em um veículo vermelho.
Testemunhas de acusação
Duas travestis foram arroladas como testemunhas pelo Ministério Público. As demais testemunhas de acusação não compareceram e foram dispensadas. A primeira- identificada apenas como Bárbara- declarou que sofreu uma tentativa de homicídio dois meses antes da morte de Makelly. Segundo ela, o suspeito que tentou matá-la estava em um carro com as mesmas características do homem que pegou e levou Makelly.
"Eu não lembro do homem que tentou me matar, só que estava em um Palio vermelho, de quatro portas e vidro fumê e tinha pressa no programa. Ele tentou me matar me dando uma 'gravata' e parece que tinha muito habilidade, sabia o que estava fazendo. Não foi golpe de uma pessoa normal. Foi muito rápido. Só recordo que era um moreno malhado. Eu apaguei e não vi mais nada. Só não morri porque minhas colegas chegaram", declarou a testemunha.
A testemunha declarou ainda que não reconhece o réu (professor) como sendo o mesmo autor da tentativa de homicídio. "Eu nunca vi o professor por lá, mas minhas colegas sim", acrescenta.
Samara, a segunda testemunha de acusação, se pronunciou sobre a tentativa de homicídio contra Bárbara.
"Presenciei a Bárbara sendo agredida. Esse homem me ameaçou de morte e disse para eu correr, se não me matava. Ele usava óculos e tinha uma tatuagem de dragão no tórax", declarou.
Durante o depoimento das testemunhas arrolada pelo Ministério Público, o professor se manteve quase o tempo todo de cabeça baixa.
Atualizada às 10h
Seis homens e uma mulher compõem o conselho de sentença do Tribunal do Júri que vai julgar o professor universitário e jornalista Luís Augusto Antunes, 31 anos, acusado de matar a travesti Makelly Castro, 24 anos, em 2014.
O réu compareceu à audiência com a presença do advogado Gilberto Alves Ferreira. A defesa do professor diz que seu cliente é inocente e foi preso por ser negro.
"Ele é inocente. O MP e o Estado sequer conseguiram provar onde ocorreu o crime, apenas onde o corpo foi desovado. Não existem provas contra o meu cliente. Ele é negro e sempre quando há um negro em um crime e tem um branco de olhos azuis, o negro paga o pato", disse o advogado.
Graciane Sousa
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