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Sumiço de pastas da Lava Jato é investigado no RJ

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Um mistério ronda a 7ª Vara Federal Criminal do Rio, comandada pelo juiz Marcelo Bretas, onde tramitam os processos do braço fluminense da Lava-Jato: o sumiço de duas pastas do sistema com arquivos sobre as operações do escândalo no Rio. O caso está sendo investigado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Os documentos fazem parte de ações antigas e em andamento.

O pedido para a apuração do sumiço dos arquivos foi feito pela vara para um órgão chamado Diretoria do Foro (Dirfo), que, por sua vez, encaminhou ao setor de Tecnologia do TRF, a quem caberá apontar se o que ocorreu foi um ataque cibernético ou se foi algum erro

no sistema. O GLOBO apurou que problema aconteceu há cerca de um mês e foi o primeiro do tipo na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que conta com uma estrutura para evitar ataques de hackers e com varreduras para evitar grampos. Alguns documentos que estavam no sistema são sigilosos. Os arquivos foram recuperados logo depois porque havia backup.

A preocupação com segurança não se restringe apenas à área de informática. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF) também aprovou há alguns meses escolta para Bretas depois que estiveram em busca de informações sobre a rotina dele na cantina do prédio onde fica o gabinete do magistrado. Desde então, o juiz tem sido acompanhado por seguranças.

A estrutura da 7ª Vara Federal Criminal do Rio tem sido melhorada para dar conta do trabalho com os processos da Operação Lava-Jato. A Vara recebeu funcionários cedidos por outros setores, praticamente dobrando o número de servidores no gabinete. Outra medida que ajuda a dar celeridade aos processos é a suspensão da distribuição de todas as ações que não sejam os da Lava-Jato para 7ª Vara. Em resumo, Bretas tem dedicação exclusivamente à Lava-Jato — assim como acontece com Sérgio Moro, em Curitiba -, acumulando o trabalho com os processos que já tramitavam lá antes.

Na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, tramitam os casos relativos aos pagamentos de propina a agentes políticos do estado, sendo o mais notório deles o ex-governador Sérgio Cabral. É lá que tramitam 15 dos 16 processos da Lava-Jato contra o peemedebista. Também correm na 7ª Vara as ações penais em que ex-secretários da gestão Cabral, empresários como Eike Batista e Fernando Cavendish, acusados de pagar propina ao ex-governador, e ex-diretores da Eletronuclear são réus.

O juiz Marcelo Bretas passou a receber os processos da Lava-Jato depois que, em outubro de 2015, o Supremo Tribunal Federal determinou a remessa para o Rio de denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba que apontou irregularidades em contratos para a construção da usina nuclear Angra 3.

Em junho de 2016, foi criada uma força-tarefa fluminense para investigar supostos crimes de corrupção, desvio de verbas e fraudes em licitações e contratos na Eletronuclear e no governo do Rio. Até agora, a força-tarefa já fez 16 operações e 23 denúncias. O balanço do MPF aponta ainda que, até o fim de agosto deste ano, os delatores que tiveram o acordo homologado pela 7ª Vara já se comprometeram a pagar ao menos R$ 74 milhões, de acordo com levantamento.

Os trabalhos da força-tarefa da Lava-Jato no Rio já geraram duas sentenças para Cabral: na Operação Calicute, ele recebeu pena de 45 anos e dois meses de prisão, e a 13 anos de prisão por lavagem de dinheiro. O ex-governador também já foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba.

Fonte: O Globo

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