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Sem salários, servidores enfrentam fila da cesta básica

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Mais um dia de distribuição de cestas básicas para servidores do Estado do Rio. Em Quintino, três sindicatos - que nesta quinta-feira já tinham dado destino a cerca de 300 kits, em Bangu - voltaram a promover, nesta sexta-feira, a ação em favor de trabalhadores como Marcos Dias, de 58 anos, que é ativo da Faetec. A história dele não é incomum: a promessa da estabilidade se reverteu em salários constantemente atrasados há cerca de dois anos, e o levou até a pedir empréstimos.

- Estou com as contas atrasadas, entrei no cheque-especial, pedi consignado. Desde o início dessa crise já pedi mais de R$ 5 mil. Minha esposa (Isabel, de 50 anos) é do lar e meu filho (Natanael, de 24 anos), que trabalhava como mecânico, está desempregado há 4 anos. Então só temos minha renda. A gente economiza nas compras, mas as vezes quem ajuda é minha mãe, de 92 anos, que recebe pelo INSS. Não era o que eu queria, mas ela me ajuda com empréstimos - lamentou Marcos.

Marcelo Rodrigues, de 47 anos, também trabalha na fundação e tem dívidas:

- Recebemos o salário de outubro e o 13° salário ontem. Falta "só" novembro, dezembro e o 13° de 2017. Não consegui comprar nada de Natal ainda. Tenho compras para pagar quando o salário cai: luz, água, telefone. Chegam todo mês, mas o governador acha que não. Estou fazendo bico já. Vendo cloro, roupa consignada. Minha esposa que era do lar está passando roupa fora. Temos dois filhos que são estudantes universitários em tempo integral e não podem trabalhar. Estamos com dívidas até, mas é difícil calcular - contou.

Os alimentos distribuídos foram recolhidos na campanha "Natal sem fome" da ONG Ação da Cidadania, para atender diversas causas. Uma delas é a dos servidores.

- Os sindicatos providenciaram o transporte para buscar os alimentos e montaram as cestas. Hoje, ainda estamos com um extra, oferecendo um lanche como refresco para quem fica na fila. Antes de 6h, já tinha gente aqui, apesar da distribuição estar marcada para 9h - explicou Marcos Freitas, coordenador geral do Sindpefaetec.

Além do Sindpefaetec, o Sind-Degase e o Sindjustiça participaram da ação. O aposentado Antônio Carlos Bergamasqui, de 70 anos, agradeceu a iniciativa. Ele saiu de Bento Ribeiro para buscar sua cesta em Quintino. O idoso sustenta a sobrinha, que era faxineira, mas largou o serviço para cuidar dele, além de dois sobrinhos-netos.

- Trabalhei na secretaria de Promoções Sociais e hoje minhas contas estão atrasadas, estou sem remédio para pressão. Tudo por causa de um governo que rouba e a gente tem que aturar. Veio em boa hora a cesta - comemorou.

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