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Casal recebe cartas a Papai Noel por engano e responde a todas

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Nos últimos sete anos, Jim Glaub e Dylan Parker receberam, em seu pequeno apartamento no bairro de Chelsea, em Nova York (EUA), centenas de cartas de crianças americanas endereçadas ao Papai Noel. A milhares de quilômetros de distância do Polo Norte — e sem fazer ideia do porquê o endereço deles foi escolhido como “escritório”do Bom Velhinho —, eles decidiram criar um projeto que, hoje, ganhou contornos globais, com um site próprio e pessoas de vários outros países se candidatando como voluntários para ajudá-los a responder as cartas e enviar os presentes. Intitulado “Miracle on 22nd Street” (algo como “Milagre da Rua 22”), o projeto chamou atenção até de Hollywood, com um filme sobre a história sendo planejado para chegar à telona em 2019, dirigido por Tina Fey.

Assim que se mudaram para o apartamento, em fins de 2009, Glaub e Parker foram advertidos pelos inquilinos anteriores que, volta e meia, alguma carta para o Papai Noel chegava ali, por algum equívoco desconhecido.

— Eles nunca responderam porque eram apenas três ou quatro cartas por ano — contou Glaub, de 37 anos, à revista “People” — E nos dois primeiros anos que vivi lá, era exatamente isso. Eu obtive três cartas e, na verdade, eu nem pensava muito sobre elas. Era como dizer “ah, desculpe, número errado”.

Mas em 2011 foi diferente. Naquele ano, o número de cartinhas chegou a 450. Nenhum dos dois sabe explicar o que levou a esse aumento repentino de postagens, mas o casal ficou tocado pela imensa quantidade de crianças que pediam itens básicos, como alimentos, roupas de inverno, calçados e cobertores. Uma carta em particular ficou guardada com Glaub desde então: a de um menino que gostaria que Papai Noel lhe desse uma cama.

— Isso foi como um soco no estômago — recordou ele.

Naquele ano, o casal estabeleceu para si a meta de não deixar sequer uma carta sem resposta. Para isso, contou com a ajuda de amigos próximos, e, pouco mais tarde, Glaub e Parker criaram uma página no Facebook chamada “Miracle on 22nd Street”, na qual divulgavam as cartinhas que ainda não tinham sido respondidas.

— O que mais me emocionou é que os autores das cartas eram nossos vizinhos no Bronx, Queens, Manhattan... eram nossa gente — disse Glaub. — Eu simplesmente senti necessidade de ajudá-los.

Com a colaboração de uma instituição de caridade dos EUA, a Be An Elf, que doa presentes de Natal a crianças de baixa renda, Glaub e Parker atenderam o pedido de centenas de pequenos. As cartas, no entanto, não paravam de chegar.

— Recebíamos lotes de 20, 30, 40 cartas todos os dias. Foi uma coisa realmente louca — contou Glaub ao programa televisivo “Good Morning America”.


Grande parte das crianças pediam, nas cartas, itens básicos como roupas de frio, cobertores e comida - Reprodução/Facebook de Jim Glaub

Mesmo sete anos depois, o endereço continua sendo a “caixa postal oficial” do Bom Velhinho, pelo menos nos Estados Unidos. Chegam lá várias cartas ao ano, e o casal segue com o intento de responder todas. Hoje, Glaub e Parker vivem em Londres, mas, ainda que tenham se mudado, mantêm contato com o atual morador do imóvel para coletar as cartas. E um amigo deles que vive em Nova York reúne os papéis para enviar ao casal e disponibilizar no site do projeto.

Um dos aspectos que os ajudantes do Papai Noel da vida real consideram mais curioso é como a campanha conquistou o engajamento de tantas pessoas, muitas delas de lugares com realidades bem diferentes da americana.

— É tão estranho como isso virou esforço global — comemorou Glaub. — Tivemos pessoas do Havaí, do Alasca, Alemanha, Londres, Nicarágua, Abu Dhabi, Tóquio. Todas ajudando. Eu acho que esse é o poder das mídias sociais. Por que uma mulher de Abu Dhabi se importaria com alguma família de Corona, no Queens? Isso é incrível.


Pilhas de cartas começaram a chegar até o apartamento do casal em 2011 - Reprodução/Facebook de Jim Glaub

— Eu acho que isso sugere que todos estamos procurando essa conexão com algo maior — disse Parker, completando a fala do marido.

Não existem regras sobre como os voluntários devem responder as cartas. Alguns retornam presenteando a criança escolhida com tudo o que ela pediu, caso se trate de mais um item. Outros dão apenas o que eles podem, desde que não fuja muito do que foi solicitado. O casal que deu origem ao projeto conta que, em muitos casos, chega a se formar vículo emocional entre as famílias que enviaram as cartas e as pessoas que as responderam. Não é raro que encontros entre elas sejam marcados depois do Natal, para que uma conheça a realidade da outra.

— No início, assim que vimos a quantidade de cartas que estávamos recebendo, pensei que deveríamos levá-las a uma instituição. Mas, hoje, vejo que chegou ao ponto em que não podemos mais parar de fazer o nosso projeto. Temos que responder as cartas. É simplesmente uma parte de nossas vidas — avalia Glaub.

 

Fonte: O Globo 

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