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Polícia deve entregar inquérito nesta sexta

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A Polícia Civil de Santo André (Grande São Paulo) deve entregar ao Ministério Público Estadual nesta sexta-feira o inquérito sobre o assassinato da estudante Eloá Cristina Pimentel, 15, morta após ser mantida refém durante cem horas pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, 22.

O documento será entregue sem os laudos periciais e ainda sem a reconstituição. A Polícia Civil não informou com precisão quando a reconstituição ocorrerá. A intenção é que tanto Lindemberg quanto Nayara participem.

Segundo o promotor do caso, Antonio Nobre Folgado, do Tribunal do Júri de Santo André, o depoimento da jovem Nayara Rodrigues, 15, atingida por um tiro no roso, será a base da denúncia que ele irá oferecer à Justiça. Ele terá um prazo legal de cinco dias úteis --a contar de terça-feira, porque segunda-feira é feriado em Santo André-- para fazer a denúncia. Com isso, Lindemberg só deve ser denunciado em novembro.

Inicialmente, o promotor faz uma previsão de que, caso seja condenado pelo júri, Lindemberg receba pena de pelo menos 25 anos de prisão --pela morte de Eloá, pelas tentativas contra Nayara e contra um PM, por cárcere privado de quatro pessoas e também por disparo de arma de fogo.

Na denúncia à Justiça, o promotor também firmará sua convicção de que o retorno de Nayara foi tramado por Lindemberg porque ele tinha raiva dela. "Ele atirou para matar as duas meninas."

Depoimento

O depoimento de Nayara aconteceu na quarta (22), no hospital municipal de Santo André, e durou aproximadamente três horas. A adolescente estava internada desde o dia do crime, na sexta (17) após receber um tiro no rosto. Ela é considerada a principal testemunha do crime.

Em seu depoimento, Nayara disse que Eloá se descontrolou durante o cárcere privado e pediu para morrer.

"Não agüento mais, me mate, me mate. Não agüento mais ficar aqui", disse Eloá um dia antes do desfecho do cativeiro em que seu ex-namorado a manteve com a amiga Nayara. Eloá ficou mais de cem horas rendida por Lindemberg, que acabou preso.

A adolescente disse que Eloá não suportava mais ver o sofrimento das pessoas fora do cativeiro. Desesperada, Eloá começou a quebrar objetos por toda a casa e, em seguida, Lindemberg teria pego Nayara pelo pescoço e apontado uma arma para sua cabeça. Com a amiga dominada, Lindemberg perguntou para Eloá se ela queria que a "Barbie morresse".

Nayara disse ainda, em depoimento, que Lindemberg afirmava a todo momento que ela era responsável pelo rompimento do casal, já que seria conselheira sentimental de Eloá. Momentos antes da invasão do imóvel pela PM, Eloá disse ao ex-namorado que "o responsável pelo rompimento do namoro era o ciúme, o gênio e algumas atitudes dele".

Segundo Nayara, momentos antes do término do cárcere Lindemberg recebeu um telefonema e teve uma longa conversa. A menina disse acreditar, de acordo com o depoimento, que ele falava com o capitão Adriano Giovanini, negociador do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar.

Lindemberg mudou radicalmente de comportamento após a ligação. Na ocasião, muito nervoso, ele colocou uma mesa atrás da porta. Segundo Nayara, ele parecia estar desconfiado de uma possível invasão.

Na seqüência, Nayara ouviu um barulho, que não parecia uma explosão, mas um chute na porta. Ela disse que, até aquele momento, Lindemberg não havia efetuado nenhum disparo. Eloá deu um grito quando porta foi arrombada. Nayara cobriu rosto com edredom e disse lembrar ter ouvido dois estampidos e sentir um impacto em seu rosto.

Disparo

Ontem, o coronel Eduardo Félix, comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar prestou depoimento sobre o desfecho do caso. Depois, à imprensa, admitiu que os policiais do Gate podem ter interpretado um barulho qualquer como um tiro, ao ser questionado sobre a possibilidade.

Ele, no entanto, reiterou que mantém a convicção de que seus subordinados ouviram o tiro antes de invadir o apartamento.


Fonte: Folha

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