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George Harrison, eterno Beatles, completaria 75 anos hoje; ouça

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Foram os acordes e as notas de Raunchy que asseguraram o lugar de George Harrison, que faria 75 anos hoje, numa banda chamada The Quarrymen. Era noite de 6 de fevereiro de 1958 e, no segundo andar de um ônibus, o menino de quase 15 anos tocou a música instrumental composta por Bill Justis e Sid Manker para a avaliação de dois garotos um pouco mais velhos que ele: John Lennon e Paul McCartney.

Uma espécie de líder do grupo que se tornaria mais tarde o fenômeno mundial The Beatles, Lennon (então com 17 anos) fez ressalva à pouca idade do guitarrista indicado por McCartney, mas se convenceu pela habilidade dele com o instrumento. Assim, George Harrison começava a carreira na música, sem nem imaginar todas as mudanças que ocorreriam na sua vida ao longo do tempo.

O beatle tímido, o mais quieto e reservado do quarteto de Liverpool. Harrison foi (e ainda é, na verdade) lembrado assim por muito tempo, mas os adjetivos Stímido e introvertido não combinam tanto com a personalidade inquieta e tagarela que amigos também descreveram várias vezes.

“George não via preto e branco, alto e baixo como coisas diferentes. Não dividia seus humores ou sua vida em compartimentos. As pessoas pensam: ‘Ah, ele era assim ou assado, ou muito extremo’. Mas todos esses extremos estão dentro de um círculo. E podia ser muito, muito calado ou muito, muito espalhafatoso. Quer dizer, quando começava, já era. Ele não era, digamos, um banana, isso eu garanto. Ele conseguia ir mais longe do que todos”, contou Olivia Harrison, última mulher do guitarrista, à revista Rolling Stone.

John Lennon reclamou em muitos momentos de Harrison no início dos Beatles. Louco pela aprovação de John e Paul (algo que passaria a não importar mais anos depois), o jovem Harrison colava em Lennon. “George costumava me seguir, como uma criança chata, me chamando o tempo todo. Ele era uma criança que tocava guitarra e era amigo do Paul, o que tornava as coisas mais fáceis. Demorei anos para chegar até ele, e começar a considerá-lo de igual para igual”, disse Lennon, certa vez.

Ele e Paul, no entanto, estavam completamente enganados quanto à ideia de que Harrison estava em um patamar abaixo deles. E Frank Sinatra, sem querer, provaria isso. Lennon e McCartney sonhavam desde sempre com a regravação de uma de suas músicas pelo icônico cantor. A primeira escolhida por Sinatra foi Something. Ele considerava a música uma das mais belas canções de amor de todos os tempos e dizia ser a sua favorita entre as composições da dupla Lennon-McCartney. Ironicamente, Something foi escrita apenas por Harrison.

Espiritualidade

Se, no começo da carreira, Harrison desejava profundamente a aceitação dos colegas de banda, com o passar do tempo o sucesso estrondoso, o número gigante de fãs e a rotina de rock star começaram a incomodar o guitarrista. “É bom ser popular e ser procurado, mas, sabe, é ridículo. Percebi que é algo sério, minha vida está sendo afetada por todas essas pessoas gritando”, disse Harrison em uma entrevista à Rolling Stone.

Tudo isso fez com que o músico procurasse outros caminhos. A espiritualidade foi uma chave para Harrison. Ele se ligou à cultura oriental e passou a se dedicar à meditação, mesmo sem deixar de lado, em alguns momentos, os excessos das drogas e das festas.

Harrison ficou amigo do músico indiano Ravi Shankar. Foi assim que ele se interessou pela cítara e passou a estudar o instrumento e a inseri-lo, com outras pitadas da música indiana e oriental, no som dos Beatles.

Qualidades

O guitarrista brasiliense Harrisson Azevedo começou cedo a admirar o beatle. Até porque o próprio nome foi uma homenagem ao músico britânico. “Meu pai era muito fã dele e me deu uma versão abrasileirada com dois esses do sobrenome do George Harrison”, conta.

Harrisson aponta algumas das virtudes do beatle como guitarrista. “Ele sabia escolher o timbre e a guitarra certa para a música. Eram alguns detalhes que ele colocava na hora exata da maneira exata. E as composições dele, para mim, eram algumas das melhores dos Beatles. Ele ficava soterrado atrás do Paul McCartney e do John Lennon, mas tinha um monstro ali atrás”, observa.

Também guitarrista, Haroldinho Mattos destaca a sensibilidade musical de George Harrison. “Ele tinha uma intervenção muito importante nos Beatles, era um cara muito melodioso na guitarra e nas harmonias e mesmo as melodias vocálicas dele eram fortes na banda. Depois, ele seguiu um trabalho solo muito interessante, sempre nessa linha, como uma guitarra muito sensível.”  

A influência de George Harrison

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)
Álbum mais psicodélico da carreira do quarteto de Liverpool, Sgt. Pepper’s traz forte a influência indiana de Harrison. 

Abbey road (1969)
Álbum com a icônica imagem da banda atravessando a rua, o disco contém Something, um dos clássicos escritos por Harrison.

All things must pass (1970)
Primeiro álbum solo de Harrison foi considerado o melhor da carreira solo e um dos melhores feitos por um beatle depois da separação.


Fonte: Correio Brasiliense

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