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Laíla, diretor de carnaval da Beija-Flor, deixa a escola

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Foto: Alexandre Durão/G1


Beija-Flor, campeã do carnaval 2018 do Rio de Janeiro, anunciou neste sábado (24) a saída de seu diretor de carnaval, Luiz Fernando do Carmo, o Laíla.

A escola, no entanto, não informou sobre o motivo do desligamento. Mesmo com o título, Laíla manifestou vontade de voltar a trabalhar com a Grande Rio, escola de Duque de Caxias que foi rebaixada este ano para a Série A.

De acordo com a Beija-Flor, a “saída do diretor de carnaval e membro da comissão de carnavalescos acontece amigavelmente em comum acordo entre ele e a diretoria da agremiação, que agradece pela essencial participação de Laíla na formulação de seus últimos 23 desfiles”.

Laíla começou sua carreira no Salgueiro quando, em 1975, foi para a Beija-Flor acompanhado pelo carnavalesco Joãosinho Trinta, mas chegou a trabalhar também na Unidos da Tijuca, Vila Isabel e Grande Rio. Ele voltou para a escola de NIlópolis em 1995, quando ajudou a agremiação a conquistar oito títulos, incluindo um tricampeonato em 2003, 2004 e 2005 e um bicampeonato em 2007 e 2008.

Diz ainda a nota da escola: “a equipe de carnaval da agremiação de Nilópolis, representada pelo patrono Anísio Abrahão David, deseja caminhos abertos e prósperos a quem tanto lutou para que os nossos estivessem sempre livres e vitoriosos. Obrigado, Laíla! Um grande abraço da Família Beija-Flor!”.

Divisões internas

Em entrevista ao G1 na apuração das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, Laíla desabafou sobre problemas internos na escola. “Deus sabe como foi. De repente meu patrono não sabe da metade”, desabafou. 

Ele contou que os problemas excederam a questão da crise no financiamento do carnaval na Sapucaí. “Não foi crise não. Foi problema dentro da própria escola, com divisões. As pessoas não sabem, eu fui tolido de algumas coisas mas está tudo bem. Eu briguei em torno da minha comunidade”, explicou Laíla.

Campeã

A Beija-Flor de Nilópolis foi a grande campeã do carnaval 2018 do Rio. A escola fez um paralelo entre o romance "Frankenstein” e as mazelas sociais brasileiras. Corrupção, desigualdade, violência e intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva formaram o cenário de "Brasil monstruoso".

A Beija-Flor tem agora 14 títulos no Grupo Especial do Rio, atrás apenas de Portela e Mangueira no total de vitórias.

Cantado por Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os pariu)” foi cantado em coro pelo público da Sapucaí, que ao final do desfile ocupou a avenida, seguindo a escola.

O desfile foi todo de metáforas de terror sobre o Brasil. A escola levou para a avenida a "ala dos roedores dos cofres públicos" e a dos "lobos em pele de cordeiro", em referência aos políticos. A corrupção na Petrobras foi lembrada em fantasias com barris de petróleo na cabeça e em um carro que retratava o edifício sede da empresa, atrás de um grande rato. Violência, poluição, impostos excessivos, sistema de saúde ruim e crianças carentes também lembraram o "terror brasileiro".

As cantoras Pabllo Vittar e Jojo Todynho foram destaques do carro "O abandono", representando a luta contra a intolerância de gênero e a intolerância racial, respectivamente.

'Cristo Mendigo'

Esta não foi a primeira vez que a Beija-Flor apostou em um samba crítico. Em 1989, a escola levou para a Sapucaí um enredo sobre o lixo, com um "Cristo Mendigo" que saía de dentro de uma favela.

Após uma decisão judicial que proibiu sua exibição, o Cristo foi coberto por um saco preto e levou uma faixa com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós”. O desfile, histórico, rendeu à escola de Nilópolis o vice-campeonato daquele ano.


Fonte: G1

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