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Arcebispo de Teresina pede misericórdia para presos e critica intervenção militar

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O arcebispo de Teresina Dom Jacinto Britto pediu misericórdia com os presidiários. Para ele, a segurança pública, um dos temas mais discutidos em toda a sociedade, está aquém do que é necessário em todos os Estados. Em entrevista exclusiva à TV Cidade Verde, Dom Jacinto comenta que a igreja está presente nos cárceres e lembrou que os presos "são algozes, mas também vítimas", do sistema penitenciário em crise.

"Tem de se ter misericórdia com os presos. Estamos presentes nas penitenciárias através de nossa pastoral carcerária, ajudando as pessoas para que possam se recuperar e ser membros sadios da sociedade. Lá percebemos a fragilidade da condição pública. Os cárceres estão super lotados, celas para 4, 5 pessoas hoje tem 20. Outro dia escutei aqui dentro dessa casa: 'vocês estão trabalhando com prisioneiro? Tem que deixar eles lá morrerem de fome. Mas e se fosse seu pai? Sua irmã? Seu irmão? Você queria que ele morresse de fome? Nós devemos fazer o necessário para que a pessoa se sinta amada e acolhida para que ela se sinta uma pessoa e saia dali corrigida", pontuou o religioso.

Papa Francisco, também já declarou sua relação especial com os presos, que já visitou diversas vezes nas penitenciárias.

Ele afirma que se sente unido aos condenados porque é consciente de que também é um pecador. Jorge Bergoglio revela que a cada vez que entra em uma prisão se questiona por quê eles e não eu.

Neste sentido, destaca que a vergonha é um dom. Quando se sente de verdade a misericórdia de Deus, você fica com vergonha, ao perceber que, apesar de nossa história de miséria e pecado, Ele continua nos sendo fiel, afirma o pontífice.

Dom Jacinto Britto reforça também a participação importante da igreja nos debates políticos como o da Segurança Pública. O arcebispo opina que Intervenção Militar, imposta no Rio de Janeiro como medida para manter a criminalidade, não é a solução adequada para um país democrático.

"Intervenção Militar compromete a democracia pois ela não é uma escolha do povo. Mostra uma falta de capacidade de vencer essas situações. Quando ela atinge um país inteiro e toma fisionomia que se tomou no movimento de 64, foi muito além daquilo que era inibir a corrupção. Atacar a violência com força e repressão não resolve isso está comprovado no mundo todo na história. Inibir sim, mas só aumentar força matar e matar não resolve. Isso causa dor e sofrimento e perda de vidas humanas, mas não transforma. O que nós precisamos é uma política transformadora que ajude a sociedade a se transformar porquê países que já superaram fases que o Brasil conseguem resolver sua violência.Temos que começar pela educaão. Quando o problema começa a atingir a escola, aluno agredindo professor, estão perdidas as fronteiras", enfatizou.

Corrupção

Dom Jacinto também critica a corrupção como uma das principais lutas da sociedade atual. Para ele a igreja pode contribuir nesse tipo de debate se posicionando a favor da justiça social e combatendo as pequenas corrupções que atingem a vida humana. Para o arcebispo, o posicionamento da igreja é fundamental para que seja ouvido o "clamor" da sociedade

"No Brasil as duas leis que foram de iniciativa popular foram orquestradas e levadas a efeito em mais de dois terços pela igreja católica. A OAB reconhece que foi uma ação decisiva da igreja, e hoje nas grandes causas o pronunciamento da igreja a respeito das questões tem influenciado. Nas questões trabalhistas, por exemplo, a  CNBB tem se pronunciado de uma maneira para dizer que há limites. Talvez não haja aquela fé que houve nos anos 60 e 70 porque a sociedade está dando uma desanimada diantes de tantas situações que não tem saída, mas ao mesmo tempo está clamando. A corrupção é uma grande violência mãe, a droga é outra violência mãe e aí uma vida humana não vale nada diante do dinheiro", completou.

Semana Santa

Em sua mensagem de páscoa, Dom Jacinto reforça a importância de Jesus Cristo na vida da humanidade. O exemplo de humildade e mansidão é o principal a ser seguido pelos cristãos em todo o mundo.

"Nós não temos outra mensagem senão a de fraternidade quanto mais se vive essa mensagem, mais se respeita o outro", completa.

Rayldo Pereira
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