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TRT diz que gastos com acidente de trabalho se equiparam aos da Educação

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O desembargador Meton Filho, coordenador do Programa de Segurança do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí, destacou nesta sexta-feira (27) que os gastos atuais com acidentes de trabalho são praticamente os mesmos da Educação. Em entrevista ao Jornal do Piauí, Meton Filho observou também que há subnotificação dos dados referentes a acidentes do trabalho, porque muitos ocorrem em ambiente informal. 

Dados da Previdência Social revelam que 191.118 trabalhadores no Brasil foram afastados no ano de 2017 em decorrência de doenças do trabalho. Desse total, 4.130 foram por doenças relacionadas ao sistema nervoso. As informações foram divulgadas no Seminário Sobre Segurança e Prevenção de Acidente de Trabalho (CANPAT 2018) ontem.

“O problema é muito sério porque o brasileiro padece de falta de educação no trânsito e no trabalho, não observa as regras, tanto o empregado como o empregador. É preciso uma campanha para isso e a informalidade é muito grande. Então os acidentes que acontecem na informalidade não são notificados e famílias vão para indigência ou para a assistência social que fatalmente custa caro para a sociedade e para os cofres públicos", ressaltou Meton Filho.

Para se ter uma ideia, de acordo com o desembargador, o gasto com acidente de trabalho concorre com o gasto com educação. “É quase igual, o que comprova uma grande sangria nos cofres públicos e um prejuízo social para as famílias que perdem os entes queridos e o pior de tudo, é que vítimas de acidentes são pessoas jovens”. 

De acordo com Meton, os dados sobre os sobreviventes de acidentes que ficam incapacitados para o trabalho vem crescendo. “Um dado que me preocupa são os dos “mortos-vivos”, os sobreviventes dos acidentes, mas que ficam inutilizados ou que ficam incapacitados para o trabalho, como tetraplégicos, paraplégicos ou que tem membros amputados. Esses dados não são mostrados e são os que mais constrangem as famílias e que custam mais caro do ponto de vista financeiro e moral”.

Doenças mentais

O desembargador observou também que atualmente está evoluindo um problema sério que é a percepção de surgimento de doenças mentais decorrentes do trabalho, ou pela pressão, ou stress ou até o medo de perder o trabalho. Segundo ele, essas doenças, como transtornos mentais, são a terceira causa de afastamento do trabalho pelo INSS atualmente.

Mortes na construção civil

O número de mortes ocorridas este ano no Piauí já chegam à metade do número registrado no ano passado.Foram registrada 12 mortes em 2017 e já são seis até março deste ano. Destas, quatro foram na Construção Civil.

Ainda de acordo com Meton Filho, acontecem mais mortes no setor da construção civil por dois motivos: "porque o trabalho é difícil, é de transformação da natureza e a natureza dá as suas respostas e pela falta de educação para a segurança do trabalho"

 

Lyza Freitas
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