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Piauienses levam música e poesia com projeto “Tridimensional +” a Flip

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Cantora Patrícia Mellodi 

Um é baiano, memória viva da Tropicália e hoje um dos grandes poetas em atividade no país. Ela veio do Piauí e é cantora e compositora das mais interessantes surgidas na cena cultural no início dos anos 2000. Fechando a trinca, um carioca, que vem a ser um dos jornalistas e poetas mais respeitados da sua geração. São eles Jorge Salomão, Patrícia Mellodi e Christovam de Chevalier. E o que pode acontecer quando essa trinca se junta? Certamente algo instigante e, claro, divertido. Algo como “Tridimensional +”, híbrido de show, recital e manifesto. Essa trinca, aliada ao multi-instrumentista Alexandre Rabello (outro piauiense arretado), foge do formato que marca muitos dos recitais poéticos feitos no Rio de Janeiro. Com essa turma no palco, tanto vale mostrar a produção recente de cada um quanto abrir espaço para convidados de diferentes segmentos culturais, que apresentam ali suas criações ou podem (por que não?) ser entrevistados pelos anfitriões. Como disse o poeta, tudo vale a pena.

O “Tridimensional +” está presente na Festa Literária Internacional de Paraty que este ano faz homenagem a Hilda Hilst (1930/2004).  

O projeto fez sua primeira aparição em junho de 2017 no Beco das Garrafas, um dos berços da bossa-nova no Rio de Janeiro. Mais exatamente no Little Club, espaço mais intimista dentre as casas que compõem o Beco. Nas noites de evento, é comum a casa ter todas as mesas ocupadas e ainda ter gente assistindo de pé no fundo do salão. Pelas edições realizadas no Beco passaram grandes nomes da nossa Cultura como as cantoras Laura Finocchiaro, Eliana Printes, Fhernanda Fernandes e Sandra Duailibe. Sem falar em poetas como Tanussi Cardoso, Victor Colonna, João Pedro Fagerlande e Alice Monteiro. Vale destacar também as ocasiões em que o pequeno palco virou um talk-show. Sim, Eliana Caruso e Marcio Paschoal – ele biógrafo de Rogéria, recém-falecida – foram entrevistados pelo trio e deram declarações antológicas.

Essa é uma das características do “Tridimensional +”: ousar. Sem ter, contudo, a pretensão de ser ousado. Um exemplo? A edição mais recente do projeto não aconteceu no Beco e sim na Casinha Cultural, espécie de residência artística e ponto de resistência cultural criado pela própria Mellodi no bairro de Botafogo. A edição precisou ser mais curta por uma boa causa: foi transmitida ao vivo pelo facebook. A poeta e filósofa Viviane Mosé foi a convidada,e a transmissão alcançou um público de mais de 4 mil pessoas em pontos diferentes do país. O projeto, pelo visto, não se limita a paredes ou a divisas territoriais. 

Christovam de Chevalier

Mais sobre seus criadores:

Jorge Salomão nasceu em Jequié, interior da Bahia, e é um poeta, letrista e agitador cultural dos mais atuantes no país. Muso de Gilberto Gil (que compôs sua “Jeca total” inspirado nele), tem sete livros publicados e suas canções já foram gravadas por grandes nomes da nossa música como Adriana Calcanhotto, Barão Vermelho, Belô Veloso, Dulce Quental, Marina Lima e Zizi Possi. Ocupou por muitos anos com seu recital poético o teatro do Sesi, no Centro do Rio. Apresenta hoje o solo “Eu sou o que espalha”, que estreou no Parque das Ruínas e já foi visto em outros locais da cidade.

Patrícia Mellodi é uma cantora e compositora do Piaui, residente no Rio de Janeiro. Lançou quatro CDs autorais, cujas faixas foram usadas em trilhas de novelas da TV Globo e tiveram grande execução em rádios de todo pais. Esses trabalhos tiveram, inclusive, indicações a prêmios importantes, como o Prêmio da Musica Brasileira. Atualmente dedica-se a projetos especiais, como o show “Anjo Torto”, no qual canta a obra do de Torquato Neto, seu conterrâneo, e ao show com que celebra os 50 anos de carreira de Joyce Moreno, uma de suas grandes influências musicais.

Christovam de Chevalier é jornalista e poeta. Iniciou sua carreira no Jornal do Brasil, onde foi repórter e subeditor de colunas como Marcia Peltier, Coisas do Rio e Anna Ramalho – tendo assinado esta interinamente em diferentes ocasiões. Assina desde 2013 a coluna “Parada Obrigatória”, publicada no caderno “Zona Sul” de O Globo. Já colaborou para as revistas Joyce Pascowitch e GQ. É autor de “Um livro sem título” (7Letras, 1998) e “No escuro da noite em claro (7 Letras, 2016). Tem também poemas publicados nas revistas “Rua”, da Unicamp, e “Poesia sempre”, da Biblioteca Nacional, além da coletânea “Agora como nunca” (Cia das Letras, 2017), organizada por Adriana Calcanhotto.

Jorge Salomão

 

Da Redação
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