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Ana Amélia diz que têm que entender o "desgaste que a classe política sofre"

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Ana Amélia Lemos (PP-RS) diz pôr a mão no fogo por Geraldo Alckmin (PSDB). Defensora fervorosa da Lava Jato, a vice do tucano diz confiar no ex-governador, mas defenderia punição "na hora em que me der motivo para desacreditá-lo -e não me dará".

À Folha de S.Paulo, a senadora afirma que seu partido e o centrão devem entender o "desgaste que a classe política sofre" ao montar um eventual governo, e pondera que Alckmin deve ter liberdade para escolher seus ministros se for eleito.

Ela evita ataques a Jair Bolsonaro (PSL), embora aponte "preconceito" do deputado ao falar de mulheres.

Sua escolha como vice foi apontada como um esforço para atrair um eleitorado conservador. A sra. é uma política conservadora? Conservadora da boa ética, dos bons princípios, da integridade, da defesa da Lava Jato. Conservadora desses princípios. O mundo não se divide mais entre esquerda e direita, mas entre rápidos e lerdos. Eu prefiro essa definição.

O que pensa da flexibilização do aborto?
- A questão está nas mãos do Supremo. A lei brasileira assegura a realização do aborto e acho que esse é um limite que a sociedade brasileira continua aceitando. A criminalização não deveria ser da forma como se faz, mas uma forma de uma penalização didática. Que ela tenha uma compreensão, trabalhe com mulheres para evitar o aborto, na prevenção, no controle da natalidade.

Defende a posse de armas de fogo em zonas rurais?
- Só quem vive a realidade rural sabe. Defendo que se tenha arma nesses casos, de estar na propriedade sozinho, ele, Deus e a família. Que ele tenha direito para se defender. Senão, ele fica sem patrulhamento, não tem a quem recorrer.

A sra. foi correligionária de Bolsonaro e chegou a dizer que suas declarações eram preconceituosas. A sra. defende ideias semelhantes às dele?
- Não vou discutir o candidato, nem o que ele pensa. Tenho obrigação de manter as minhas convicções. [Havia] preconceito, essa coisa feminina, da desvalorização da mulher. Mas é o eleitor quem vai decidir sobre isso.

A sra. tem um discurso de combate à corrupção, mas integrantes do seu partido respondem a processo na Lava Jato. Sente-se confortável no PP?
- Partidos não são feitos de anjos. Sempre digo: cobre de mim meus atos. Quem cometeu corrupção ou qualquer ilícito precisa pagar, desde que submetido a um processo com legítima defesa, a última palavra é da Justiça. A minha régua moral é a mesma para adversário e para correligionário. Não teria coerência passar a mão na cabeça de corrupto porque é do meu partido.

O centrão deve indicar ministros num eventual governo Alckmin?
- O presidente Alckmin deve ter a liberdade de fazer as escolhas para que ele corresponda ao que a sociedade brasileira quer. Na composição do governo, ele precisa dar uma cara de governo que vai funcionar, atender à sociedade. Os partidos têm que saber nesse momento o desgaste que a classe política sofre com malfeitos.

Alckmin enfrenta investigações em São Paulo devido a obras e doações eleitorais. A sra. põe a mão no fogo pelo ex-governador?
- Ponho. Pus a mão no fogo pelo Aécio [Neves, senador] até que tomei conhecimento daquela barbaridade que ele fez. O que fiz? Usei a régua moral. Votei pelo afastamento dele. Hoje, ponho a mão no fogo [por Alckmin], mas na hora em que me der -e não me dará– motivo para desacreditá-lo, farei o mesmo.

O caso de Aécio prejudica o PSDB na eleição?
- Você tem que perguntar para o eleitor.

Em 1986, a sra. foi nomeada para trabalhar no gabinete de seu marido no Senado enquanto trabalhava em uma empresa privada. Há justificativa para esse acúmulo?
- [Tira os óculos] Eu era da RBS, uma empresa privada, jornalista. Não havia lei de nepotismo. Naquela época, podia-se fumar em avião, os valores da sociedade não eram os mesmos. Se aquilo fosse uma coisa equivocada ou imoral, os colegas teriam denunciado. Sinceramente, isso é tentativa de fazer uma coisa parecer o que não é. Se eu tivesse cometido um roubo, uma corrupção, alguma coisa assim...

O que pensa sobre a participação do ex-presidente Lula na campanha?
- Não gostaria que ele estivesse vivendo isso. Como jornalista, acreditei que ele faria algo diferente. Não fui a velhinha de Taubaté, mas era um operário chegando à condição que ele chegou. A lei não pode ser diferente para ele. Ele já está incurso na Lei da Ficha Limpa.

Antes de a caravana de Lula ser atingida por tiros, a sra. parabenizou um grupo que ergueu um chicote a petistas no Rio Grande do Sul. Declarações como esta estimulam violência?
- A retórica política tem que ser vista como retórica política. O PT tentou me fazer bode expiatório. Ele [Lula] foi provocar, foi no ambiente mais rigoroso que é o Rio Grande do Sul. Não houve nenhuma violência até aquele momento.

Fonte: Folha Press

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