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Banda formada por ídolo de Kurt Cobain faz show no Brasil

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O escocês Eugene Kelly montou uma banda em meados dos anos 1980. Sem uma grande gravadora por trás, essa banda existiu até 1990. Poucos, fora da Escócia, conheciam o Vaselines até então. Mas aí veio Kurt Cobain, dizendo que Eugene Kelly era seu "compositor predileto no rock". Quando já não existia mais, os Vaselines ganharam reconhecimento.

Graças ao vocalista do Nirvana, morto em 1994, os Vaselines conseguiram finalmente lançar um disco completo e excursionar pelo mundo --incluindo o Brasil, onde a banda toca pela primeira vez neste final de semana. O grupo se apresenta no festival Goiânia Noise, na sexta-feira (21), e no seu irmão caçula, o SP Noise, no sábado (22).

Eugene Kelly e Frances
McKee, do Vaselines,
se apresentam no Brasil
 
Guitarrista e vocalista, Kelly vem ao Brasil acompanhado de Frances McKee, também vocalista e que forma com ele o "núcleo central" do Vaselines. Para apoiá-los, foram convocados Stevie Jackson e Bobby Kildea, integrantes do Belle & Sebastian, além de Michael McGurin (que era do Yummy Fur e hoje é baterista do 1990's).

Nos anos 1980, o Vaselines contava, além de Kelly e McKee, com Charles (irmão de Eugene; baterista) e James Seenan (baixo).

Essa banda que tanto atraiu Cobain é dona de guitarras afiadas, com certa tendência para o barulho, mas dentro de melodias bem pop. Assim são "Molly's Lips" (que no original é cantada por McKee), "Son of a Gun" e "Jesus Doesn't Want Me for a Sunbeam", três canções que foram regravadas pelo Nirvana --as duas primeiras estão no disco "Incesticed" (1992); a última, no "MTV Unplugged in New York" (1994).

Elas estão também no único disco lançado com distribuição decente pelo grupo: "The Way of the Vaselines: A Complete History", coletânea que saiu pelo selo americano Sub Pop (o mesmo do Nirvana) em 1992.

Em sua primeira fase, entre 1986 e 1990, o Vaselines lançou apenas dois EPs e um disco, "Dum-Dum" (89), pelo minúsculo selo 53rd and 3rd Records. Em seguida, o grupo acabaria.

"O final da banda acabou acontecendo naturalmente", conta Eugene Kelly, por telefone, à Folha. "O selo em que estávamos faliu. Havíamos lançado alguns EPs e tínhamos canções compostas para um novo disco, mas nenhuma gravadora se interessou em dar dinheiro para gravarmos o álbum."

Ironicamente, logo depois o Vaselines seria mencionado em jornais e revistas do mundo todo. Em 1991, quando o Nirvana tocou no enorme Reading Festival, na Inglaterra, Kurt Cobain convidou Kelly para subir ao palco e tocar guitarra numa versão de "Molly's Lips".

"Em certo momento soubemos que uma banda americana chamada Nirvana estava tocando algumas de nossas canções. Não era, ainda, uma banda de sucesso, e ficamos surpresos por um grupo do outro lado do Atlântico nos conhecer", relembra o escocês. "Depois eles ficaram famosos mundialmente e, por conseqüência, como Kurt falava bastante da gente, ficamos conhecidos em vários lugares."

Com o fim do Vaselines, Kelly montou uma nova banda, a Captain America, que chegou a abrir alguns shows do Nirvana na Europa -a banda mudou de nome para Eugenius devido a uma ameaça de processo da editora de HQ Marvel.

"Nos falamos um pouco nessas ocasiões", conta Kelly sobre sua relação com Cobain, "mas não dá para dizer que nos tornamos amigos. Mas todos no Nirvana eram grandes caras".

Nos anos 1990 e início dos anos 2000, Frances McKee tornou-se professora e montou uma banda, Suckle. Kelly estudou design gráfico e, em 2004, lançou um disco solo, "Man Alive". A hora para voltar com o Vaselines era agora.

"Não dava antes porque eu estava em outros projetos, Frances teve filho. Mas há pouco tempo eu a convidei para fazermos um show dos Vaselines, por diversão. Foi legal e depois nos chamaram para tocar em Seattle e Nova York. E agora estamos indo ao Brasil..."

Sobre o som do Vaselines, Kelly o classifica como "rock sujo, influenciado por Pussy Galore e Sonic Youth, psicodélico". E diz que, hoje, sua banda é melhor apreciada do que nos anos 1980: "Éramos underground e ser underground naquela época era diferente do que é hoje. Não existia cena independente, era muito difícil gravar um disco".
 
 
 
Fonte: Folha Online
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