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Na elite, time inglês tem apoio de agente e levanta suspeitas

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ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP - FOLHAPRESS

Mais jovem capitão do Porto (POR) na história da Liga dos Campeões da Europa, o meia Rúben Neves, 21, era cobiçado por alguns dos principais clubes europeus. Guardiola considerava pedir que o Manchester City oferecesse 65 milhões de euros (R$ 293 milhões) para contratá-lo.

Causou surpresa o anúncio, no início de julho, de que Neves era reforço do Wolverhampton Wanderers, recém-promovido para a primeira divisão do futebol inglês.

Mas quem analisar elenco e histórico recente da equipe não ficará tão surpreso assim.

Neves é empresariado por Jorge Mendes. Assim como outros oito titulares da equipe conhecida como Wolves, que neste sábado (25), às 8h30 (de Brasília), enfrenta o Manchester City pela terceira rodada do Campeonato Inglês.

Mendes também tem entre seus clientes o técnico Nuno Espírito Santo. Todos são portugueses, assim como sete jogadores do elenco. O agente é conselheiro do conglomerado chinês Fosun, que comprou o clube em 2016.

Desde então, o Wolverhampton investiu 170 milhões de euros (R$ 766 milhões) em reforços e saiu da terceira divisão para a elite.

Em 2017, o Leeds United pediu que a English Football League (Liga Inglesa de Futebol, que organiza os torneios de acesso à primeira divisão) investigasse a relação de Mendes com o clube. Não foi comprovada irregularidade.

A queixa é que a ligação entre os donos do clube e Mendes vai além da consultoria. Guo Guangchang, presidente do grupo Fosun, conglomerado avaliado em US$ 8,1 bilhões (R$ 40 bilhões), tem participação acionária na Gestifute, a agência de Jorge Mendes.

Como conselheiro, o empresário pode indicar jogadores e fazer intermediação. Na contratação de um atleta, o agente deste ganha uma comissão.

As duas aquisições mais caras da história do Wolverhampton, Rúben Neves e Helder Costa, custaram, somados, 32,1 milhões de euros (R$ 144,7 milhões). Ambos são clientes de Mendes. Pela intermediação do negócio, ele teve direito a 5%: R$ 7,2 milhões.

"Jorge Mendes não é responsável pela contratação de jogadores no clube. Ele não poderia ser porque [isso] é contra as regras. É uma pessoa próxima dos donos e isso é um fato reconhecido. Mas temos funcionários no departamento de futebol que procuram atletas e usam várias fontes, inclusive Mendes e a Gestifute", disse o diretor Laurie Dalrymple.

Responsável também pelas carreiras de Cristiano Ronaldo (que o presenteou com uma ilha há dois anos) e José Mourinho, Jorge Mendes, 52, é o empresário mais influente do futebol mundial. E o que mais movimenta dinheiro.

O clube inglês não foi o primeiro em que Mendes assumiu o papel de conselheiro. Ele orientou o magnata chinês Peter Lim na compra do Valencia em 2014. Por causa do agente, o técnico também foi Nuno Espírito Santo.

A ligação dos dois é antiga. Em 1996, o hoje empresário era DJ de uma casa noturna em Caminha, cidade portuguesa de 17 mil habitantes. Na boate, conheceu Nuno, então goleiro reserva do Vitória de Guimarães. Ficaram amigos e Mendes prometeu que conseguiria um novo clube para ele.

O agente foi à Espanha e durante 14 dias tomou chá de cadeira do presidente do Deportivo La Coruña, Augusto Cesar Lendorio. Quando conseguiu uma reunião, o convenceu de que a contratação do português seria boa ideia.

Espírito Santo ficou uma temporada no La Coruña, jogou quatro vezes e acabou dispensado. Mas a negociação marcou o início da carreira de Jorge Mendes como empresário de futebol.

PERFIL - Jorge Mendes, 52
O empresário português é dono da agência Gestifute, que tem 102 clientes no futebol
Principais clientes: Cristiano Ronaldo (atacante, Real Madrid-ESP), José Mourinho (técnico, Manchester United-ING), James Rodríguez (meia, Bayern de Munique-ALE), Diego Costa (atacante, Atlético de Madrid-ESP), Angel Di María (meia, Paris Saint-Germain-FRA)
Contratos intermediados: R$ 3,1 bilhões
Comissões em 2017: R$ 314,5 milhões
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