A promotora estadual e coordenadora do Centro Operacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marlúcia Gomes Evaristo, denunciará ao Ministério Público irregularidades no transporte dos deficientes realizado pela Prefeitura de Teresina. Segundo ela, existem poucos veículos, em sua maioria velhos que não têm tacógrafo (aparelho que registra a velocidade dos carros), e muitos destes não possuem documento, mesmo sendo da Strans.

As informações foram repassadas por um ex-motorista do Transporte Eficiente, programa municipal que transporta pessoas com dificuldades de mobilidade física. O funcionário disse que uma kombi já incendiou e outra perdeu a roda ao fazer a locomoção dos deficientes. “Achei um absurdo! Sem contar que às vezes eles marcam com quatro pessoas no mesmo horário, em quatro bairros diferentes”, critica.

Em teresina são 101 mil pessoas com algum tipo de deficiência, destes 1.500 são cadastrados para usar o transporte eficiente. Existem apenas três vans e quatro kombis para atender essa demanda, segundo a promotora.

Marlúcia afirma ainda que pode pedir o cancelamento das licitações para a linhas de ônibus caso não os ônibus não se adaptem. A promotora diz que foi feito um pedido para que ao menos 20% da frota urbana teresinense seja adaptada a cada ano. "Pedi para verificar o edital e se não tiver previsão para adaptação de veículos, entraremos com ação civil para pedir que ela se adeque", declara.

 

Para o cadeirante Waldenício Martins, o serviço de transporte para o deficiente poderia ser melhor. "Deveríamos ter mais veículos no Transporte Eficiente. Muitas pessoas estão em casa sem saber se podem ir ao seu destino", descreve. Segundo ele, o transporte é a única forma de os deficients terem acesso a saúde, educação e trabalho

PMT
Segundo o superintendente municipal de transportes, Francisco Gerardo, estes fatos relacionados ao Transporte Eficiente são de conhecimento da prefeitura e sempre vão existir. "Esses transportes especiais rodam muito nos três turnos, então é normal que haja problemas (mecânicos). Além disso eles transportam de 25 a 30 pessoas por turno", declara.

Sebastião Ferraz, diretor de transporte público da STrans, a frota de ônibus será adaptada aos poucos. "Uma lei federal do dia dezesseis de outubro deste ano afirma que todos os ôinibus terão de sair de fábrica com a adaptação", afirma. Cada veículo deve ser trocado a cada dez anos, então os novos automóveis que entrarem na frota devem vir com rampa e um lugar reservado para cadeirantes. Ferraz, no entanto, afirmou que não há data para que os novos ônibus cheguem à Teresina, uma vez que isso depende dos empresários de transportes urbanos.

 

Fotos: Carlos Lustosa Filho/CidadeVerde.com

Waldenício é um dos cadeirantes que utiliza o sistema de Transporte Eficiente. A frota de sete veículos atende a 1.500 deficientes.