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Foto de Sergio Moro em campanha é uma homenagem, diz Alvaro Dias

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Foto: Photo Press/Folhapress

(FOLHAPRESS) - Com uma campanha que usa o nome e imagem do juiz Sergio Moro, o candidato à Presidência Alvaro Dias (Podemos) disse nesta segunda (10) que não pediu autorização ao magistrado, mas presta uma homenagem a ele. O candidato diz que convidaria Moro para chefiar o Ministério da Justiça caso seja eleito. 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, UOL e SBT na série de sabatinas com os candidatos a presidente, Dias reafirmou promessas otimistas como a de que faria o Brasil crescer 5% ao ano, mas acrescentou que se sente constrangido em fazer esse tipo de proposta "justamente pela descrença".

Com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad prestes a assumir o lugar do ex-presidente Lula na campanha do PT, Dias, crítico dos governos petistas, disse que "ele vai carregar o ônus de ser o representante de uma organização que destruiu o país nos últimos anos". 

"Terá que ter muita competência para convencer o povo brasileiro que a tragédia é boa", afirmou. 

Leia trechos da entrevista.
 
USO DO NOME E IMAGEM DE MORO EM CAMPANHA

Não [pedi autorização]. Mas o mundo homenageia o Sergio Moro, não sou só eu. 
Eu presto uma homenagem sincera a ele. O Brasil deve muito a ele, é o ícone de uma nova justiça. Até Sergio Moro, o conceito que se tinha de justiça no Brasil era de uma justiça contra os pobres, especialmente negros. Depois que a caneta de Sergio Moro começou a assinar petições e decisões judiciais, nós começamos a ver poderosos irem para a cadeia: ex-presidentes, ex-governadores, grandes empresários, banqueiros e marqueteiros. As figuras notórias da vida pública no país passaram a ser ameaçadas, consideradas iguais. Só falta acabar com o foro privilegiado.

O convite ao Sergio Moro não foi pessoal. Foi público e emblemático.  [Moro] Não [se opôs à campanha]. O que ele alega corretamente é que como juiz ele não pode se manifestar politicamente. O próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) não admite manifestação política de magistrados. Ocorre que a sugestão do nome dele, o convite público a ele se dá em nome do desejo de que o combate à corrupção seja realmente uma política de estado e que a Operação Lava Jato seja o símbolo desta política.

Mesmo que eu tivesse falado com ele [Moro], não diria. É uma questão de discrição, de privacidade. 
Eu defendo a Operação Lava Jato desde sempre. Eu tive inúmeros contatos com o juiz Sergio Moro antes da Operação Lava Jato, com sugestões que ele trazia sobre legislação. Várias propostas que eu apresentei no Congresso Nacional foram sugestões do juiz Sergio Moro. Por exemplo: habeas corpus para o preso apenas quando ressarcir os cofres públicos dos recursos subtraídos.

ATAQUE A BOLSONARO

Primeiro, eu quero manifestar solidariedade a ele [Bolsonaro], à família e aos seus eleitores. Desejar que ele se manifeste prontamente. Mas somos 208 milhões de brasileiros, não apenas um que está no [hospital Albert] Einstein. Não vamos resolver as desigualdades de oportunidades, que decorrem da desigualdade perante a lei, a bala ou a facada. Não é com revólver na cintura.

Indignação é uma coisa, mas não se confunde com o ódio e a raiva. Nós temos que combater a violência e o estímulo à violência. Alimentar a intolerância é aumentar a violência e a violência confronta a democracia e o estado de direito.

TIROS NA CARAVANA DE LULA

Naquele episódio eu disse que houve provocação, e houve. Um inelegível caminhando como candidato, isso é provocação. Eu sempre relutei em aceitar a tese de que a democracia do país corre risco, está na UTI ou que as nossas instituições não se consolidaram, mas acho que pelo menos uma reflexão nós devemos fazer.
Se a democracia não está correndo riscos, por que partidos políticos e lideranças políticas insuflam a população para desrespeitar uma decisão judicial, rasgar a lei da ficha limpa, afrontar o Judiciário e a legalidade democrática? 

Ou será que as instituições estão consolidadas quando insuflam a população ao ódio, à raiva, à intolerância, para se valer da prepotência e da truculência do discurso boquirroto de alguém que coloca a arma na cinta para dizer que vai salvar o Brasil? 

PROMESSA DE CRESCIMENTO DE 5% AO ANO

Eu tenho até constrangimento em falar dessas propostas exatamente pela descrença. Mas eu tenho autoridade de falar e me sinto em condições de falar porque a minha primeira proposta é a refundação da República, é outra República, não é essa. Em outra República é possível. É o rompimento com esse sistema maldito e cruel, incompetente, corrupto, balcão de negócios, que aparelha o estado, loteia os cargos e só faz bem aos chupins da república. 

Mudando esse sistema e fazendo as reformas que nós podemos fazer com apoio da população brasileira, o Brasil será outro, a República será outra. Nós vamos eliminar as desigualdades de oportunidades. É possível crescer 5% em média ao ano.

[Isentar imposto para renda de até R$ 5 mil] Significa R$ 1,5 bilhões. O que é isso no orçamento? Muito pouco. Vai beneficiar quantos brasileiros? 8 milhões. Qual vai ser a consequência? Vai consumir mais. Vai gastar no comércio, que vai pagar impostos e o governo vai ter a retribuição. A reforma tributária que nós pretendemos é essa. Tributar mais na renda e menos no consumo para beneficiar a população mais despossuída.

MUDANÇAS DE PARTIDO SETE VEZES

Parece contraditório, mas eu nunca mudei de partido. Por quê? Porque nós não temos partidos. Temos siglas. Algumas delas foram consideradas pela Operação Lava Jato como organizações criminosas. Para não mudar de lado, eu fui mudando de sigla, tentando achar um lugar onde eu pudesse respirar mais confortavelmente. Onde eu pudesse ter uma ferramenta política para cumprir o meu dever e sempre tive dificuldade.

Por isso eu digo que sempre fui um indignado, um revoltado, um contestador desse sistema, da velha política. Alguém disse outro dia que eu sou um velho de uma velha política e quero defender a nova política... olha, eu posso ser o mais experiente dos candidatos e ter convivido nesta velha política nojenta e conheci esse monstro nas suas entranhas, mas sempre o combati isoladamente.

O novo que chega aqui querendo debochar, na verdade, é defensor da velha política, porque sempre defendeu esse sistema corrupto que se implantou no país no balcão de negócios ou rasgar a ficha limpa para que um preso por corrupção e lavagem de dinheiro possa ser candidato. Isto é a velha política. Eu represento a nova política.

CANDIDATURA DE HADDAD

Ele vai carregar o ônus de ser o representante de uma organização que destruiu o país nos últimos anos. Destruiu o emprego, salário, renda, empresas e acabou com sonhos e esperanças do nosso povo. O PT arruinou o Brasil, desorganizou, despedaçou as finanças públicas, levou o país ao caos administrativo. Ele será o representante da tragédia. Terá que ter muita competência para convencer o povo brasileiro que a tragédia é boa.

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