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Pesquisa neurocientífica comprova que a paixão cega

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“A paixão é cega”. “Quando estamos apaixonados, ficamos encantados pelo outro”. Essas são frases que provavelmente você já deve ter ouvido falar, e é a mais pura verdade. Ficamos REALMENTE ENCANTADOS (no sentido literal da palavra). Quando estamos apaixonados, nosso cérebro libera neurotransmissores relacionados ao prazer. São exatamente os mesmos liberados no cérebro de um viciado ao consumir uma droga. Pergunta: você acha que um viciado, que acaba de consumir sua droga, está apto a ter uma conversa sincera, critica e racional sobre a sua droga? O mesmo ocorre em qualquer campo de nossa vida que envolve a paixão.

Um desses neurotransmissores envolvidos no sistema de recompensa cerebral é a dopamina. Ao olharmos a pessoa, mesmo que seja só uma foto, temos uma sensação agradável, parecida com a de comer um doce, uma comida predileta ou mesmo uma droga. A serotonina é o hormônio que nos torna obcecados. Essas substâncias produzidas em nosso corpo são muito parecidas com drogas do tipo anfetaminas.

Isso significa que nossa capacidade realizar uma crítica realista da pessoa amada, é prejudicada devido a toda essa química cerebral. Daí as empresas geralmente proibir, por exemplo, relacionamento entre um líder e um liderado diretamente. Porque a capacidade de julgamento do líder do desempenho do liderado está afetada. Acontece que essa paixão ocorre não só por pessoas, mas por qualquer coisa: Ideias, projetos, esporte, religião… e política.

Uma pessoa apaixonada pelo seu partido ou ídolo político não é diferentes de uma pessoa apaixonada pelo namorado (a). Estudos de neuroimagem comprovam isso, e nos mostra inclusive que as mesmas conexões cerebrais que envolve a paixão de relacionamentos afetivos, são as mesmas que envolvem a paixão política, religiosa, esporte…

No mundo da política podemos encontrar  pessoas apaixonadas pelos partidos em um grupo de militantes políticos. É nesse grupo que você vê pessoas que são capazes de dar a própria vida pelo seu líder.

Um estudo realizado por um psicólogo norte-americano, Drew Westen (Universidade de Emory, autor do livro “Cérebro Político”), com 30 eleitores americanos (15 democratas e 15 republicanos), exibiu a cada um a imagem de seus candidatos favoritos, George W. Bush e John Kerry, contrapondo um ao outro. Os voluntários se mostravam capazes de identificar as contradições do candidato rival, mas não reconheciam quando seu candidato mentia ou manipulava os fatos. Exames de ressonância magnética mostraram que seus cérebros entravam numa espécie de curto-circuito.

Partes do cérebro mais associadas à razão, na face dorsolateral do córtex pré-frontal, ficaram quietas, mas o córtex orbital frontal, envolvido no processo das emoções, ficou agitado. Também havia confusão no cingulado anterior, associado com a resolução de conflitos, e no cingulado posterior, preocupado com os julgamentos morais. Uma vez que as contradições eram ignoradas, foi ativado o estriato ventral, a região relacionada com recompensa e prazer, uma indicação de que cada participante, a despeito dos fatos, só ficou satisfeito com uma conclusão confortável. Drew Westen defende a tese, portanto, que o eleitor vota mais acreditando em suas emoções (paixão) do que com sua razão.

Portanto a nossa capacidade de racionalizar uma decisão ou apoio político, se estamos apaixonados (militantes), é altamente prejudicada. Quando os dois extremos políticos estão discutindo, ambos falam a verdade quando acham que estão certos. No fundo, não estão mentindo. Estão simplesmente acreditando na pegadinha cerebral da paixão: Ficamos cegos. Ou seja, nossa capacidade de julgamento é altamente prejudicada, e acabamos acreditando em tudo que nosso líder nos falar, independente de qualquer fato que prove o contrário do que ele nos diz.

 

Fonte: Tribuna do Ceará

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