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Pesquisas com laser levam o Nobel de Física de 2018

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FERNANDO TADEU MORAES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Nobel de física de 2018 foi o americano Arthur Ashkin, para o francês Gérard Mourou e para a americana Donna Strickland por suas pesquisas com laser.

Ashkin foi premiado com metade do valor por sua pesquisa com pinças ópticas, bem como por sua aplicação em sistemas biológicos. Mourou e Strickland dividirão a outra metade do prêmio por seu método de gerar pulsos ópticos supercurtos de alta intensidade. Strickland é apenas a terceira mulher a vencer o prêmio.

As pinças ópticas desenvolvidas por Ashkin são instrumentos que permitem observar, girar, cortar, empurrar e puxar a luz. Em muitos laboratórios, pinças de laser são usadas para estudar processos biológicos, como proteínas, motores moleculares, DNA ou a vida interna das células.

Já Mourou e Strickland desenvolveram um método para gerar os pulsos de laser mais curtos e intensos criados jamais pela humanidade. A técnica desenvolvida por eles abriu novas áreas de pesquisa e levou a amplas aplicações industriais e médicas.

A escolha do vencedor do prêmio mais importante da área é feita pela Academia Real Sueca de Ciências, na Suécia, escolhida por Alfred Nobel em seu testamento para eleger e premiar com a láurea o os autores de feitos notáveis para a humanidade.

Podem indicar nomes membros do comitê do Nobel do Instituto Karolinska, membros da Academia Real Sueca de Ciências, vencedores dos Nobéis de física, professores titulares de física de instituições suecas, norueguesas, finlandesas, islandesas ou dinamarquesas e acadêmicos e cientistas selecionados pelo comitê do Nobel -autoindicações são desconsideradas.

A cerimônia de premiação propriamente dita dos vencedores deste ano só ocorre em dezembro. Entre os cientistas premiados no passado estão Max Planck (1918), por ter lançado as bases da física quântica; Albert Einstein (1921), pela descoberta do efeito fotoelétrico; Niels Bohr (1922), por suas contribuições para o entendimento da estrutura atômica e Paul Dirac e Erwin Schrödinger (1933), pelo desenvolvimento de novas versões da teoria quântica.

Foram premiados ainda Arno Penzias e Robert Wilson (1978), pela descoberta e detecção da radiação de fundo do Universo; o trio William Bradford Shockley, John Bardeen e Walter Houser Brattain (1956), por pesquisa na área de semicondutores e pela descoberta do efeito transistor e da dupla Peter W. Higgs e François Englert (2013) por seus trabalhos sobre como as partículas adquirem massa.

O físico brasileiro César Lattes (1924-2005), que teve participação decisiva em uma das descobertas científicas mais importantes do século passado: a detecção do méson pi (ou píon), partícula que mantém prótons e nêutrons unidos no núcleo dos átomos, foi indicado ao Nobel de Física sete vezes, mas nunca levou o prêmio.

Os vencedores de 2017 dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,1 milhões). O dinheiro vem de um fundo de quase 4,5 bilhões de coroas suecas (em valores atuais) deixado pelo patrono do prêmio, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite. Os prêmios são distribuídos desde 1901. Além do valor em dinheiro, o laureado recebe uma medalha e um diploma.

Nesta segunda (1), foi anunciado o prêmio de medicina, e nesta quarta, será a vez do de química (3). O Nobel da Paz, dado por um comitê escolhido pelo Parlamento Norueguês será anunciado na sexta (5); o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, apelidado como Nobel de Economia, será anunciado na próxima segunda (8) e também fica a cargo da Academia Real Sueca de Ciências. Quanto ao prêmio de literatura de 2018, após uma série de denúncias e escândalos, a Academia Sueca anunciou que a entrega foi cancelada. A cerimônia de 2019 também corre o risco de ser cancelada.

Em novembro, o jornal Dagens Nyheter noticiou que pelo menos 18 mulheres acusavam Jean-Claude Arnault, uma importante figura no meio cultural sueco, de assédio e agressão sexual. Arnault é casado com a poeta Katarina Frostenson, que é membro da academia. E os dois dirigem juntos um clube cultural privado chamado Fórum, que recebia verbas da Academia.

O jornal noticiou que Arnault havia sido acusado em diversas instâncias de maus tratos a mulheres, no clube e em imóveis de propriedade da Academia, em Estocolmo e Paris, nos últimos 20 anos.

A publicação informou também que Arnault havia vazado informações sobre o ganhador do Nobel de Literatura sete vezes, desde 1996. Nesta segunda (1º), a Justiça da Suécia condenou Jean-Claude Arnault a dois anos de prisão por estupro nesta segunda-feira (1º). Arnault era julgado por dois casos de estupro, mas foi condenado por apenas um. Ele está no centro de um escândalo de abuso sexual e crimes financeiros, cujas consequências respingaram na Academia Sueca, instituição responsável pelo Nobel de Literatura.

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