Cidadeverde.com

Inter vai à Justiça pedir mais de R$ 10 milhões a ex-dirigentes do clube

Imprimir

O Internacional se prepara para pedir, na Justiça, ressarcimento aos cofres do clube após sindicância interna apontar gestão temerária e o MP-RS (Ministério Público do Rio Grande do Sul) tornar pública investigação sobre atos da gestão 2015/2016.

O clube gaúcho prevê a contratação de uma banca de advogados nos próximos dias, que atuará na esfera cível.

A atual diretoria do Inter pretende pedir pelo menos R$ 10 milhões aos dirigentes citados nos relatórios produzidos sobre a gestão Vitorio Piffero.

O valor é atribuído às antecipações no setor financeiro para pagamento de obras e despesas gerais do clube. Segundo relatório produzido por uma comissão, o processo apresentou falhas. Para o MP-RS, a prática foi ilícita.

"Foi apurado que 94% das notas fiscais (apresentadas por empresas terceirizadas) não correspondiam aos serviços prestados", citou Flávio Duarte, promotor de Justiça e coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

O montante a ser ressarcido pode ficar maior após acesso aos documentos produzidos pelo Gaeco. A sindicância organizada pelo Inter não teve autonomia para quebra de sigilo bancário e apontou a primeira cifra do escândalo com base apenas nas notas fiscais.

"Buscaremos o ressarcimento ao clube em relação ao que foi apurado no âmbito do Conselho Deliberativo. Estamos selecionando um escritório externo para essa ação. O Conselho de Gestão decidiu por não usar advogados internos, do clube", disse Marcelo Medeiros, atual presidente do Inter, à Rádio Gaúcha.

O Conselho Deliberativo do Inter criou uma Comissão Especial e o grupo de trabalho finalizou a sindicância com 15 pontos que apontam gestão temerária no clube. O documento serviu como ponto de partida para a atuação do MP-RS, atento ao caso desde 2017.

A investigação da Promotoria avançou em relação aos apontamentos internos do Inter. Sob a égide do Gaeco, os investigadores afirmam ter encontrado evidências robustas em áreas como patrimônio e departamento jurídico. Além de ilicitudes no departamento de futebol.

ENTENDA O CASO
Vitorio Piffero foi eleito presidente do Inter no final de 2014 e assumiu o clube após longo racha político que implodiu grupo responsável pela administração colorada durante quase 10 anos.

Após o rebaixamento, em 2016, a chapa de situação foi derrotada e no ano seguinte foram iniciadas investigações internas sobre atos no biênio de Piffero. O relatório final indicou gestão temerária e foi remetido ao MP-RS.

Em outubro de 2017, o órgão começou a ouvir depoimentos e levantar documentos atrás de evidências de atos ilícitos. Em fevereiro deste ano, ampliou a investigação a outros setores do clube.

Oito meses depois, o Inter tornou Piffero, Pedro Affatato, Emídio Ferreira e Alexandre Limeira inelegíveis nas instâncias do clube por 10 anos.

Nesta quinta (20), o MP-RS e o Gaeco cumpriram 20 mandados de busca e apreensão. Após as diligências, os órgãos concederam entrevista coletiva e definiram a gestão como "associação criminosa".

OUTRO LADO
A reportagem procurou os seis ex-dirigentes do Inter investigados pelo MP, mas eles não responderam até a publicação deste texto.

Piffero falou à Rádio Gaúcha antes da entrevista coletiva do MP-RS e negou irregularidades em sua última gestão como presidente do Inter.

"É lamentável. Me dediquei de corpo e alma ao Internacional e estar sendo tratado desta maneira pelo Inter é um absurdo. Quero que provem qualquer ato da minha gestão que eu tenha praticado e que tenha sido desabonador. Espero que o MP me chame logo", disse Piffero.

"Como você se sentiria se fosse acusado de algo que não fez? Péssimo, né? É como eu me sinto. Que isso tudo vá logo para o Ministério Público para que eu possa me defender", acrescentou o ex-mandatário do Inter.

JEREMIAS WERNEK
PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS)

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais