Quando o técnico do Oeste, Renan Freitas, 34, nasceu seu adversário desta quarta (30), às 21h, na Arena Barueri, o palmeirense Luiz Felipe Scolari, 70, então com 35 anos, estava à frente do seu terceiro clube, o Al Shabab, da Arábia Saudita.
No confronto válido pela quarta rodada do Campeonato Paulista, estarão frente a frente o técnico mais jovem e o mais velho do Estadual.
É a segunda chance de Renan Freitas de mostrar que pode trilhar um caminho de sucesso. Em 2016, aos 31 anos, ele teve um duro aprendizado e foi demitido do Oeste a duas rodadas do fim da primeira fase do Paulista. Foram 13 jogos (3 vitórias, 3 empates e 7 derrotas).
"Ser jovem ou experiente é a mesma coisa. Não teve os resultados esperados, a demissão acontece", afirma.
Na época, ele foi demitido pelo próprio pai, Aparecido de Freitas, o Cidão, que é o homem forte do clube.
"A nossa relação de pai e filho é fora de campo. Aqui [aponta a área técnica do banco de reservas] eu sou empregado e tenho que mostrar resultados", diz o novato treinador, que não gosta de ver o seu nome associado ao gestor do clube.
"Tudo o que eu conquistei foi pelos meus méritos. Estudei e trabalhei muito para chegar até aqui", afirma.
Como a maioria dos garotos, ele sonhava em ser jogador de futebol de sucesso. Na adolescência, porém, chegou à conclusão de que não tinha o talento necessário.
"Fui estudar marketing.
Depois, eu fui trabalhar na área e vi que seria ainda mais difícil. Eu não entendia nada de marketing", lembra o treinador, que foi chamado pelo seu pai para o departamento de marketing do Oeste.
Para disputar a primeira divisão do Paulista em 2009, o clube teve que reorganizar suas categorias de base. Foi aí que Renan viu a oportunidade de ir para o campo e começar a se formar na profissão de treinador de futebol.
Como auxiliar técnico, percebeu que poderia, com poucos recursos, ajudar o departamento de futebol. Ele implantou um departamento de análise de desempenho e estatísticas e estudou adversários e formas mais modernas de treinamento.
A troca de informações com os técnicos do profissional o aproximou da função. Em 2011, virou membro da comissão técnica. No ano seguinte, deu um salto decisivo na sua carreira.
"Eu ajudava nos treinamentos, mas não ia para os jogos. O Roberto Cavalo gostou do meu trabalho e me deu a oportunidade de ficar com ele banco", lembra.
Após a experiência frustrante como técnico principal em 2016, Renan foi chamado para voltar ao Oeste no ano passado, de novo com Roberto Cavalo como técnico.
Juntos, eles conseguiram o acesso à Série A-1 do Paulista e sofreram para escapar do rebaixamento à Série C do Brasileiro.
Tudo caminhava para que ele fosse mantido como auxiliar, mas Cavalo não acertou a renovação. O clube contratou Marcelo Chamusca, que rompeu o acordo dias depois e foi para o Vitória da Bahia.
O cargo caiu no colo de Renan Freitas. "Hoje eu me sinto preparado. Sei como trabalhar em diversas situações e vou chegar muito longe."
LUÍS ANDRÉ ROSA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)