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Morre Jesualdo Cavalcanti aos 79 anos; velório acontece na Assembleia

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Foto: Yala Sena / Cidadeverde.com

Ampliada às 9h44, do sábado (23)

O corpo de Jesualdo Cavalcanti está sendo velado na Assembleia Legislativa do Piauí. O presidente da Alepi, deputado Themístocles Filho, decretou luto oficial no órgão por três dias. O sepultamento está previsto para o fim da tarde deste sábado (23). 

"Estou viajando. Provavelmente, não terei como acompanhar o velório, mas já decretei luto por três dias na Assembleia. O Jesualdo foi presidente da Alepi, presidente do Tribunal de Contas do Estado, secretário de Cultura e assumiu muitos outros cargos importantes. Ele merece respeito de todo o povo do Piauí", disse o deputado Themístocles Filho.

Publicada às 21h56, da sexta-feira (22)

Morreu nesta sexta-feira (22), Jesualdo Cavalcanti Barros, aos 79 anos após lutar contra um câncer. Jesualdo enfrentava problemas de saúde, chegou a ser internado na UTI, mas seu quadro evoluiu bem e teve alta médica. Ele estava na residência de sua filha na zona Leste de Teresina quando faleceu.

Jesualdo foi um política bastante atuante. Assumiu várias funções no Estado e publicou vários livros. Ele foi deputado federal, estadual, foi presidente da Assembleia Legislativa (1991/1993), foi presidente do Tribunal de Contas do Estado (1995/1998). Aposentou-se voluntariamente em março de 2002, para dedicar-se a pesquisas sobre a história do Piauí e ao Centro de Estudos e Debates do Gurguéia (Cedeg), entidade voltada para a discussão em torno da criação do estado do Gurguéia.

Eleito deputado federal em 1986, foi signatário da Constituição de 1988 e em 1990 conquistou seu terceiro mandato de deputado estadual. Ele foi secretário de Cultura do Estado e membro da Academia Piauiense de Letras. Recentemente, Jesualdo foi prefeito da cidade de Corrente, sua terra natal.

O deputado estadual, João Madison (MDB), confirmou ao Cidadeverde.com que Jesualdo enfrentava problemas de saúde e tinha buscado ajuda em São Paulo. Atualmente estava em Teresina e tentava curar câncer no intestino.

"É um piauiense que prestou um grande serviço ao Estado. O Piauí perde muito. Deixa um legado não só para os piauienses, mas principalmente para a nossa região", disse João Madison.

O Cidadeverde.com obteve informação que Jesualdo Cavalcanti morreu na residência de sua filha, a juíza federal, Marina Cavalcanti, que mora na zona Leste de Teresina. 

Sempre atuante

Foto: Arquivo APL

Mesmo no hospital, Jesualdo fez questão de votar na eleição para a Academia Piauiense de Letras. No dia 9 deste mês, ele votou no segundo turno para a eleição da cadeira 24 da APL, deixada com a morte do desembargador Paulo Freitas. Os candidatos que disputavam a vaga, no segundo turno - Moisés Reis e Plínio Macedo - não alcançaram o quórum mínimo. Haverá nova eleição. Foi um dos últimos registros fotográficos de Jesualdo.

Homem múltiplo

"Jesualdo Cavalcanti foi um homem múltiplo. Tudo o que fez – na vida pessoal e na vida pública – foi com muito zelo, muita inteligência e muita coragem. Viveu uma vida de desafios. Ainda na juventude, sentiu a força brutal do arbítrio, em 1964, como primeiro político do Piauí cassado e preso. Exercia o mandato de vereador de Teresina. Quando presidiu a Assembleia Legislativa, esteve entre a vida e a morte, sendo submetido a delicada cirurgia cardíaca no auge de sua luta pela moralização da Casa. Certamente, vai fazer muita falta aos que o admiravam, mas ele deixa um exemplo de competência, austeridade, desprendimento e decência no exercício de cargos públicos e de retidão moral como cidadão", afirma o  jornalista Zózimo Tavares.

Um criador

"Foi excelente presidente da Assembleia e do Tribunal de Contas. Intelectual do mais alto nível. Um criador. Muito bom Constituinte e parlamentar federal e estadual. Certa vez levaram um abaixo-assinado de apoio ao presidente José Sarney. Ele assinou e escreveu: "só se o senador Hugo Napoleão for nomeado ministro. Não deu outra!", revela o ex-ministro Hugo Napoleão. 

Velório

O corpo do político passará à noite na Pax União, da avenida Miguel Rosa, e logo pela manhã será encaminhado para a Assembleia Legislativa. Lá, será velado e o público poderá se despedir do político e escritor. 

 

Nota de pesar

A Associação dos Juízes Federais do Piauí emitiu uma nota de pesar lamentando o falecimento do ex-prefeito de Corrente. O texto faz um resumo de sua trajetória e ressalta que ele é pai da juíza Marina Rocha Mendes. Veja na íntegra:

A ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO PIAUÍ (AJUFEPI), neste ato excepcionalmente representada por sua Diretoria, e a JUSTIÇA FEDERAL NO PIAUÍ (JFPI) vêm manifestar profundo pesar pelo falecimento de Jesualdo Cavalcanti Barros, pai da Juíza Federal Marina Rocha Cavalcanti Barros Mendes.

O ex-prefeito de Corrente faleceu na noite de ontem (22). O corpo está sendo velado na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, e o sepultamento será às 17h, no Cemitério Jardim da Ressurreição. Jesualdo Cavalcanti nasceu no extremo sul do Piauí, em Corrente (PI), no dia 18 de fevereiro de 1940, filho de Sebastião de Sousa Barros e de Iracema Cavalcanti Barros. 

Nos anos 1960, iniciou sua longa e prolífica carreira política e intelectual. Foi vereador de Teresina-PI, tendo tido o seu mandato cassado pelo Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Piauí em 1966.  Nos anos 1970, ocupou relevantes cargos no Executivo do Estado do Piauí e na administração da OAB/PI. No pleito de novembro de 1978, filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar, elegeu-se deputado estadual, função que exerceu com grande competência.

Em novembro de 1986, elegeu-se deputado federal constituinte pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Instalada a Assembleia Nacional Constituinte, em fevereiro de 1987, tornou-se titular da Subcomissão do Poder Legislativo, da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo, e suplente da Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher. Participou também da Comissão de Sistematização.

Foi a favor do presidencialismo, da limitação dos encargos da dívida externa, do voto aos 16 anos, da nacionalização do subsolo, da jornada de trabalho de 40 horas semanais. Foi contra o aborto, a desapropriação da propriedade produtiva, a demissão sem justa causa e a legalização do jogo de azar.
Em outubro de 1990, foi eleito deputado estadual no Piauí na legenda do PFL. Deixando a Câmara ao final de 1991, retornou à Assembleia Legislativa do Piauí, cuja presidência exerceu por dois anos. Assumiu também, em 1991, a presidência regional do PFL.

Em 1994, renunciou ao mandato e tomou posse como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que presidiu de 1995 a 1998. Em março de 2002, aposentou-se, passando a dedicar-se a pesquisas sobre a história do Piauí e ao movimento pela criação do estado do Gurgueia. 
Escreveu com amor sobre sua aldeia, e assim se tornou universal. Quis dar autonomia ao Gurgueia. Como ninguém depois dele, defendeu aquela porção rica e então desconhecida do solo piauiense. Governou sua cidade natal, amou sua terra e deu um exemplo imperecível para a democracia e a cidadania no Brasil.

Que para ele se abra a aurora de um São Gonçalo no Sertão, como cantada por Hermínio Castelo Branco:

“E quando os raios dourados
Do astro-rei fulguroso,
Lá no meu sertão saudoso
Purpurizam lindos prados;
E quanto o tigre procura 
A sombra da mata escura,
Se acautelando do dia;
E quando a roxa nambu,
Na touceira de bambu,
Agudo canto assovia,
A patativa canora,
Dos ramos da pitombeira,
Trinando, voa ligeira
Ao encontro da aurora;
E nos ocos do pau-roxo
Se oculta noutro mocho,
Que chamamos — corujão —
Enfim, quando a natureza
Ostenta maior beleza,
Que só se vê no sertão.”

A APL também emitiu nota: 

A Academia Piauiense de Letras lamenta profundamente o falecimento do acadêmico Jesualdo Cavalcanti Barros. Intelectual e político atuante, foi sob sua gestão como secretário de Cultura do Estado que ocorreu a doação do prédio que se tornou sede da APL, a Casa de Lucídio Freitas. Os acadêmicos solidarizam-se com familiares e amigos neste momento de dor.

 

Flash Yala Sena
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