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Interno do CEM condenado por homicídio tira boa nota no Enem e vai cursar Ciências Contábeis

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“Quando achamos que nada mais dará certo, sempre surge uma luz no fim do túnel”. Esse é o resumo da fala do adolescente de iniciais R.L.T.L, de 17 anos, que cumpre medidas socioeducativas no Centro Educacional Masculino (CEM), mantido pela Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Sasc), ao saber que havia ganhado uma bolsa de estudos em uma faculdade particular de Teresina, para cursar Ciências Contábeis, por meio do Programa Universidade para Todos.

O interno foi contemplado com uma bolsa de estudos de 50%, após ter atingido a pontuação necessária no Exame Nacional de Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) e se classificar no ProUni, que é um programa do Ministério da Educação que concede bolsas de estudo integrais e parciais de 50% em instituições privadas de educação superior.
 
Para assistir aula, o interno precisa da autorização da juíza titular da 2ª Vara da Infância e Juventude de Teresina, Elfrida Costa Belleza Silva. Se for autorizado, no despacho, a magistrada precisa expor qual serão as regras que o menor terá que seguir para ter o direito de frequentar a faculdade.
O adolescente é natural de Cabeceiras do Piauí. Está internado no CEM por ter sido condenado por infração alusiva à homicídio no ano passado, com arma branca, depois de uma discussão com um amigo, na sua terra natal. O interno concluiu o ensino médio e fez o preparatório para o Enem na própria unidade. Se somado o tempo que ele ficou no Centro Educacional de Internação Provisória (Ceip), no Complexo de Defesa da Cidadania (CDC) e no CEM, o jovem cumpre medidas socioeducativas há oito meses.

Atualmente, o R.L. T. L é um dos 98 internos no CEM. Ele faz parte do grupo de 12 adolescentes em conflito com a lei que fizeram a prova do Enem, quando obteve 620 pontos na redação e 530 na nota de corte. Além do CEM, a Sasc é responsável também pelo Centro Educacional de Internação Provisória (Ceip), Centro Educacional Feminino (CEF), o Programa Semiliberdade e pelos Complexos de Defesa da Cidadania (CDC) de Teresina, Parnaíba e de Picos.

Foto: Ascom/Sasc

“Nós estamos trabalhando para que todos os internos do CEM e das demais casas mantidas pela Sasc entrem na universidade, mas infelizmente ainda não conseguimos. Mesmo assim expresso aqui a minha alegria em ver esse adolescente seguir por um caminho que vai mudar a sua vida, assim como uma adolescente egressa do CEF que também começou um curso superior esse ano”, afirmou a secretaria da Sasc, Ana Paula Araújo. 

“Eu escolhi Contabilidade porque gosto muito de números, também porque minha mãe é professora de matemática e ainda porque tenho duas primas que são formadas na área e duas irão cursar, inclusive uma delas passou na mesma faculdade que eu. Além de tudo isso, entendo que o mercado é muito amplo e que depois de formado conseguirei um bom emprego. Com fé em Deus”, concluiu o adolescente.

“É com muita alegria que recebemos esta ótima notícia. Nós sempre trabalhamos na ressocialização desses adolescentes. A população também precisa acreditar nisso, assim como alguns familiares deles, que às vezes chegam a abandoná-los. Quero ressaltar ainda que esta conquista é mérito de todos os que fazem o CEM, desde a secretária da Sasc, Ana Paula, passando pela coordenadora Sheila Batista, socioeducadores, os outros professores e os demais servidores”, frisou a professora Bernadete Osório.

Da redação
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