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Uma a cada 10 pessoas é reprovada no exame psicológico para a CNH no Piauí

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Foto: Letícia Santos/Cidadeverde.com

O fator psicológico está diretamente ligado ao comportamento no volante. De janeiro a maio deste ano, 1.721 pessoas foram consideradas inaptas para dirigir no Piauí. Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Em 2018, mais de 47 mil pessoas tentaram se habilitar, destas apenas 4.442 foram reprovadas no teste psicológico, o que também está na média de 9%. O percentual é o mesmo desde 2015, variando entre 10 e 7% nos anos anteriores.

A empresária teresinense Solange Brandão deixou de dirigir há 10 anos. O medo do comportamento das pessoas no trânsito a fez deixar de assumir o volante. "Comecei a ver acidentes com outras pessoas que estavam apressadas, que furavam um sinal e não obedeciam a sinalização. Isso me fez ficar com medo de sofrer algum acidente", relembrou ela que na época costumava dirigir levando suas duas filhas adolescentes.

O receio de Solange é justificável. Segundo dados de um estudo divulgado e 2018 pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação, 53,7% dos acidentes são causados pela negligência ou imprudência dos motoristas, seja por desrespeito às leis de trânsito (30,3%) ou falta de atenção do condutor (23,4%). O estudo analisou acidentes em rodovias federais.

Em todo o Piauí, cerca de 160 clínicas realizam os exames psicológicos para emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

O psicólogo e analista do comportamento, Breno Borges, explica que o baixo número de reprovações no exame psicológico não corresponde ao comportamento geral dos condutores habilitados. "Mesmo dentro desta perspectiva, onde apenas 9% reprovam, o fato de 91% serem aprovados na prova não me parece suficiente pra dizer que temos 91% aptos a dirigir ", explica

"A prova e o método de avaliação não me parece justo nem avalia qualitativamente o aluno. O fato é que este modo quantitativo é o que nós temos de mais prático, infelizmente ", pontua.

Para Breno, a maioria dos motoristas não consegue distinguir o seu comportamento no volante da sua vida cotidiana. "A pessoa que emite o comportamento agressivo ou apressado na maior parte das vezes não quer uma multa, não quer ter o veículo apreendido e nem se envolver em um acidente, quer chegar mais cedo no trabalho, por exemplo, nem que seja apenas por 5 minutos. Isso vai reforçando um comportamento até que um dia isso resulta em um acidente", alerta.

O especialista ainda orienta os motoristas a ter uma postura consciente no trânsito, não se deixando levar por problemas pessoais que interfiram no volante. "Se você for dirigir depois de ter brigado em casa, quando você vai paro o carro vai ter uma postura mais agressiva. É necessário saber distinguir essas situações, o que eu estou passando não tem a ver com o modo como eu vou dirigir", aconselha.

Dirigir sob efeito de algum psicotrópico, ansiolítico, ou antidepressivos é contra-indicado pois essas substâncias afetam o raciocínio crítico e a coordenação motora, essenciais para quem dirige.

Para o psicólogo, o comportamento no trânsito funciona como um ciclo vicioso. Práticas agressivas como buzinadas e xingamentos tendem a ser reproduzidas. O mesmo vale para eventos positivos, como dar passagem para alguém com mais pressa ou relevar se algum outro motorista se beneficiou infringindo alguma regra no trânsito.

Perfil dos motoristas

De acordo com estudo divulgado em 2018 pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação, a grande maioria dos condutores envolvidos nos acidentes em rodovias é do sexo masculino, sendo que a maior parte desses condutores possui entre 26 a 35 anos. O estudo também apontou o aumento no número de acidentes envolvendo motocicletas em rodovias federais.

Valmir Macêdo
[email protected]

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