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Reinvenção de heróis alavancou bilheterias nacionais em 2008

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Em 2008, as bilheterias dos cinemas brasileiros confirmaram o que já se tornou uma tendência: o sucesso dos filmes de heróis e ação entre o público nacional. A lista dos dez primeiros lugares, porém, trouxe filmes que inovaram um pouco o filão, com trama e visual mais sombrio --caso de "Batman"-- ou personagens mais irônicos, como "Homem de Ferro".
 

Arte Folha Online/Arte Folha Online

O filme mais assistido pelos brasileiros foi "Batman - O Cavaleiro das Trevas", com uma bilheteria que ultrapassou R$ 32 milhões de reais no país. No total, mais de 4 milhões de espectadores foram às salas para assistir o segundo filme da saga sob a direção de Christopher Nolan.

Foi ele quem deu nova vida ao personagem em "Batman Begins" (2005), depois do desgaste da série em 1997 com "Batman e Robin", mal recebido por público e crítica. Em "O Cavaleiro das Trevas", Nolan soube fazer uma seqüência que surpreendesse os fãs, com uma trama mais inteligente e que recupera o ambiente soturno de Gotham City dos quadrinhos originais.

Stephen Vaughan/AP

O vilão Coringa deu nova vida
aos filmes de Batman, desgastados
no final dos anos 90
 
A volta do vilão Coringa, no entanto, na pele do ator Heath Ledger, foi o grande trunfo do filme. Ao contrário do palhaço brincalhão e sexagenário interpretado anteriormente por Jack Nicholson no primeiro filme do homem-morcego --"Batman" (1989), de Tim Burton-- o Coringa de Ledger aparece como um maníaco, inconseqüente, masoquista e punk.

O sadismo e a agressividade dada ao personagem rendeu boas críticas a Ledger, que morreu pouco tempo depois das filmagens por causa de uma overdose acidental de remédios.

A boa atuação rendeu ao ator várias homenagens póstumas, o que ajudou a alavancar ainda mais a venda de ingressos em todo o mundo. Outro fato, menor, mas que também chamou a atenção para o filme foi a prisão de Christian Bale --que interpretou Batman-- por acusações de agressão contra a mãe e a irmã em Londres.

 
Novos velhos heróis 
 
Em "Homem de Ferro", Robert
Downey Jr. dá mais humanidade
ao herói fora da armadura
 
Na esteira de "Batman", outros filmes que ficaram entre as dez maiores bilheterias nacionais souberam inovar a receita já batida dos filmes de super-heróis e ação. O destaque é para "Homem de Ferro", que ficou em terceiro lugar --com faturamento de R$ 23 milhões e público beirando os 3 milhões de espectadores.

O filme, estrelado por Robert Downey Jr., também representou uma reviravolta na reputação ruim do ator nos bastidores da indústria do cinema americano. Há tempos ele não estrelava um blockbuster por causa do envolvimento com drogas e constantes brigas com produtores de Hollywood.

A boa atuação em "Homem de Ferro", mostrando a fragilidade do personagem sem a armadura, rendeu boas críticas ao ator. Outro "homem de ferro" que se mostrou mais sensível em seu último filme foi James Bond, que em "007 - Quantum of Solace", alcançou a nona maior bilheteria no Brasil, com 1,7 milhão de espectadores e renda de R$ 15 milhões.

Seguindo a linha do anterior, "Casino Royale" (2006), o ator Daniel Craig imprimiu ao personagem um ar mais solitário e dramático. Apesar de durão, o Bond do último filme ainda sofre com a perda de seu primeiro e verdadeiro amor, a personagem Vesper Lynd. Para muitos fãs, o filme até desagradou pela falta de cenas mais picantes.

Em "Hancock", Will Smith mostra
um herói em apuros, com imagem
manchada por mancadas
 
Para Pedro Butcher, editor do portal de cinema Filme B, foi a reinvenção do perfil dos heróis --mais humanizados-- que possibilitou o sucesso dos filmes de herói e ação, cujas fórmulas já vinham se desgastando há alguns anos. Prova disso foi o sucesso de "Hancock" --quinto lugar nas bilheterias brasileiras, com mais de 2,7 milhões de ingressos vendidos e renda de R$ 21 milhões de reais.

O filme, estrelado por Will Smith, é uma sátira explícita aos filmes de herói, mostrando as trapalhadas do personagem John Hancock. Apesar salvar vidas com seus superpoderes, ele fica com a imagem manchada em Los Angeles depois de danificar boa parte da cidade e precisa da ajuda de um relações-públicas.

"São filmes que trazem certa ironia, com trechos politicamente incorretos e que fogem do convencional", diz Butcher. Para ele, é uma tentativa de Hollywood inovar dentro do filão que, apesar de um tanto desgastado, continua popular.

Para Butcher, o apelo dos filmes de ação continua forte, especialmente em vista do enorme investimento que é feito na divulgação dessas grandes produções. Nesse ponto, "Batman" e "Homem de Ferro" também seguem o script.

Entre os filmes que repetem a fórmula e continuam lucrativos estão "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" -- quarta maior bilheteria, com renda de R$ 21,8 milhões--, "Eu Sou a Lenda" --sexto lugar, com R$ 18,3 milhões-- e "A Múmia: Tumba do Imperador Dragão" -- nono lugar e renda de R$ 17,5 milhões.


Fórmulas

Selton Mello em "Meu Nome não
é Johnny"; único filme nacional
nas maiores bilheterias
 
Compõem a lista do top 10 da bilheteria nacional os infantis "Kung Fu Panda" (segundo lugar: R$ 26,9 milhões) e "As Crônicas de Nárnia 2" (décimo colocado: R$ 12,2 milhões).

Uma explicação para a grande venda de ingressos neste caso foram as datas de lançamento dos filmes, em período de férias escolares. Seguindo esse caminho, "Madagascar 2", já está cotado para o top 10 de 2009.

Completa a lista das dez maiores bilheterias no Brasil "Meu Nome Não É Johnny", único representante nacional no ranking. O filme ficou na sétima posição, com renda de R$ 18,3 milhões e público de 2 milhões de espectadores.

Na visão de Butcher, neste caso, funcionou bem a trama já explorada em filmes nacionais como "Cidade de Deus", "Tropa de Elite" e "Carandiru" que mistura trama de drogas, violência e história "baseada em fatos reais". 
 
 
Fonte: Folha Online
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