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Glenn Greenwald mostra trecho de diálogo mantido com fonte de vazamentos

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Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, disse que a fonte que repassou conversas de autoridades da Lava Jato ao site afirmou que não pagou pelos dados nem pediu dinheiro a ele em troca do material.

Nesta sexta-feira (26), o jornalista, um dos fundadores do site, revelou à revista Veja diálogo que manteve com a pessoa que repassou as mensagens vazadas a ele.

Greenwald afirmou que um dos primeiros contatos com a fonte aconteceu no início de maio deste ano e que foi apresentado a ela por um intermediário. Todos os contatos, afirmou, foram virtuais.

O diálogo publicado por Veja ocorreu dias antes da primeira reportagem do Intercept com os vazamentos, em 9 de junho.

Na conversa, Greenwald pergunta à fonte se ela leu reportagem da Folha a respeito da invasão por um hacker do celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato.

A fonte responde que soube da notícia e negou que fosse o responsável pelo ataque ao aparelho do ex-magistrado. "Vi agora. Com isso a massa vai ficar quente, é bom ter cautela."

A fonte não revelada diz a seguir que seu modo de agir era diferente do citado naquele caso, já que, naquele ataque, foi divulgado que o hacker trocou mensagens fazendo se passar pelo ministro.

"Nunca trocamos mensagens, só puxamos [o conteúdo]. Se fizéssemos isso ia ficar muita na cara", escreveu a fonte.

E continuou: "Nós não somos 'hackers newbiews' [amadores], a notícia não condiz com nosso modo de operar, nós acessamos telegrama com a finalidade de extrair conversas e fazer justiça, trazendo a verdade para o povo."

As afirmações foram mantidas com a grafia original divulgada pelo jornalista.

Na última terça-feira (23), quatro pessoas foram presas em operação da Polícia Federal deflagrada contra hackers suspeitos de invadir celulares de autoridades.

Um dos detidos, Walter Delgatti Neto, afirmou em depoimento que repassou mensagens que obteve a Greenwald, de maneira anônima, voluntária e sem cobrança financeira.

As prisões são temporárias, por cinco dias, renováveis por mais cinco dias.

O jornalista e o Intercept têm dito que não vão se manifestar confirmando se foi Delgatti quem repassou os dados porque não fazem comentários sobre suas fontes.

ENTENDA A OPERAÇÃO

Qual o resultado da operação da PF? Nesta terça (23), quatro pessoas foram presas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo Moro e Deltan. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreensão e 4 de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os quatro presos foram transferidos para Brasília, onde prestariam depoimento à PF

As prisões têm relação com as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato divulgadas desde junho pelo site The Intercept Brasil?
Walter Delgatti Neto, um dos suspeitos presos na operação de terça, afirmou em depoimento que encaminhou as mensagens que obteve ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira. Não há até agora indício de que tenha havido pagamento pelo material divulgado, segundo investigadores.

Como a investigação começou? O inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), do juiz federal no Rio Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis. Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan também foi alvo do grupo.

Quando Moro foi hackeado?

Segundo o ministro afirmou ao Senado, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número lhe telefonou três vezes. Segundo a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho. De acordo com o Intercept, não há ligação entre as mensagens e o ataque, visto que o pacote de conversas já estava com o site quando ocorreu a invasão

O conteúdo das mensagens será destruído, como chegou a afirmar Moro?

Para especialistas ouvidos pela Folha, uma decisão nesse sentido cabe apenas ao juiz responsável pelo caso. O professor de direito processual penal da PUC-SP Cláudio Langroiva diz que o magistrado pode optar por manter todo esse material intacto e sob sigilo até que o processo tenha uma decisão final. Esses materiais, por exemplo, podem ser úteis tanto à acusação quanto à defesa ao longo de uma eventual ação penal. Outra possibilidade é o Ministério Público pedir o descarte de parte dessas provas antes da sentença, desde que ela já tenha sido periciada e que uma parcela de informações básicas continue armazenada

Fonte: Folhapress

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