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Morre Cacik Jonne, guitarrista que enfrentou o Chiclete com Banana

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Foto: Reprodução/Instagram

Depois de 18 anos lutando contra uma doença degenerativa e de travar uma longa batalha judicial contra o Chiclete com Banana, banda da qual fez parte entre 1980 e 2001, morreu nesta sexta-feira (26) o guitarrista João Fernandes da Silva Filho, o Cacik Jonne.

Conhecido por usar um cocar e pinturas indígenas no rosto ao tocar em cima dos trios elétricos, Jonne tinha 54 anos e morreu de falência múltipla dos órgãos na casa de parentes, no bairro da Pituba, em Salvador.

Afastado do Chiclete com Banana em 2001, após o diagnóstico da doença, o guitarrista lutava desde então anos contra um ataxia cerebelar, doença degenerativa que limitou os movimentos dos seus braços o impediu de seguir tocando qualquer instrumento musical.

Desde que foi afastado da banda, o guitarrista travou uma disputa na Justiça contra os demais integrantes do Chiclete com Banana.

Em 2002, Jonne moveu uma ação trabalhista e duas cíveis contra na Justiça da Bahia. Na ação trabalhista, ele pedia indenização de R$ 1 milhão (R$ 2,8 milhões em valores atuais) pelas duas décadas anos de serviços prestados à banda. O processo foi arquivado em última instância no Tribunal Superior do Trabalho.

Na esfera cível, ele reivindicava a inclusão de seu nome na sociedade da banda, alegando ter sido um dos fundadores do Chiclete com Banana. Também perdeu. 

Criada em 1979 com o nome Scorpion e sem a presença de Cacik Jonne, a banda mudou seu nome para Chiclete com Banana em 1981, quando o guitarrista já fazia parte da sua formação. 

Ele também foi compositor de alguns sucessos da banda como "Fazer Amor" "Balão Dourado" e "Foi Deus".

No Carnaval de 2005, já debilitado, ele organizou um protesto junto ao trio elétrico do Chiclete com Banana, no qual foi erguida uma faixa com os dizeres: "Chiclete com Banana: vocês sabem que me devem. Paguem meus direitos. Assinado Cacik Jonne".

Na época, em entrevista à Folha, Cacik Jonne disse ter sido "totalmente abandonado" pelos demais integrantes da banda: "Considerava a todos parte da minha família. Hoje, ninguém mais quer saber como eu estou e se preciso de alguma coisa".

Jonne afirmou que chegou a firmar um acordo com a antiga banda no qual continuaria recebendo um salário mensal. Chegou a receber os salários entre junho de 2001 e janeiro de 2002, quando os repasses mensais foram interrompidos. Em 2010, voltou a receber um auxílio da banda, que foi novamente cessado em 2014.

Nos últimos anos de vida, Jonne viveu recluso no apartamento de familiares. As sequelas da doença atingiram sua visão e locomoção.

Mantinha-se com uma aposentadoria por invalidez do INSS. A maior parte da sua renda era voltada para custear remédios, além de tratamentos de fisioterapia e fonoaudiologia.

"Jonne esteve no Chiclete por anos trazendo sua arte, sua habilidade como guitarrista, o que contribuiu muito com todo nosso trabalho. Ele só nos deixou por imposição da vida", informou o grupo.

Fonte: Folha Press

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