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Keanu Reeves estréia "O Dia em que a Terra Parou"

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Uma nave espacial em forma de esfera aterrissa no Central Park de Nova York e um alienígena chamado Klaatu sai de seu interior com uma mensagem – que ele se recusa a revelar para este ou aquele chefe de estado apenas: quer falar com todos eles juntos. A exigência é obviamente impraticável, como o saberia qualquer extraterrestre que, como este aqui, diz representar um consórcio de civilizações que de há muito observa a Terra.

Da mesma forma que no filme original, de 1951, o protagonista do novo O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, Estados Unidos, 2008), que estreia nesta sexta-feira no país, fugirá então da custódia do governo americano para uma série de contatos imediatos com a espécie inteligente local. Inteligente, mas não muito esperta, na avaliação de Klaatu, já que com sua ganância e brutalidade está prestes a inviabilizar a própria existência. E assim se dá a transformação de Klaatu, de emblema do cinema em pânico do pós-guerra (em 1951, ele vinha avisar sobre a iminência da destruição nuclear) a encarnação robótica – posto interpretado por Keanu Reeves – de Al Gore: sem nenhuma originalidade, o alienígena veio informar que a humanidade está matando a Terra. E, para compensar o atraso do recado, traz também uma ameaça.
 
Conforme esclarece a Helen Benson (Jennifer Connelly), a bióloga que o auxilia em sua fuga, sua missão agora é destruir os destruidores, já que os planetas com capacidade para abrigar vida inteligente são poucos e é preciso protegê-los. Ainda que, numa pegadinha não muito bem resolvida, para tanto seja necessário exterminar precisamente aquilo que os torna tão valiosos.
 
Dirigido por Robert Wise, um exímio artesão da velha Hollywood (são dele também A Noviça Rebelde e outra ficção científica exemplar, O Enigma de Andrômeda), o primeiro O Dia em que a Terra Parou sobrevive muito bem como clássico B em razão do estilo discreto, quase jornalístico, com que acompanha a imersão de Klaatu entre os humanos – e, não menos importante, pela destreza com que Wise capitalizou dados sociais genuínos, como o pavor da aniquilação súbita em que se vivia durante a Guerra Fria e a ingenuidade com que se imaginava ser possível desarmar essa ameaça.
 
Não é culpa do diretor Scott Derrickson que essas circunstâncias não mais vigorem, ou que o roteiro tenha aquele cheiro inconfundível de coisa aprovada por comitê. Justiça seja feita, Derrickson – do modesto e bem urdido O Exorcismo de Emily Rose – briga, cena a cena, para imprimir atmosfera e emoção a essa espécie de versão xiita, e com efeitos especiais caros, de Uma Verdade Inconveniente, o documentário ecológico de Al Gore.
 
Mas há pouco que mesmo um cineasta esforçado possa fazer com uma historieta em que bastam uma gravação de Bach e o apego da cientista ao seu enteado (Jaden Smith, filho de Will Smith) para que o alienígena revise seus planos: a humanidade é violenta, mas cria! e ama!, é o argumento canhestro que o filme tem a propor.

Se o ridículo é inevitável, então o melhor é abraçá-lo. Na série que está por vir de filmes dedicados a explorar o pânico ecológico, nenhum desperta mais esperança do que 2012, de Roland Emmerich, o autor do muito bobo e muitíssimo divertido O Dia Depois de Amanhã, em que os americanos tinham de resistir a uma nova era do gelo migrando para o México ou enfrentando lobos em Nova York. No trailer de 2012, um monge budista corre para o pico de uma montanha para soar um gongo em alerta de uma catástrofe – tarde demais: ondas gigantes já estão varrendo o Himalaia. Isso, sim, é asneira que se pode levar a sério.

 

Fonte: Revista Veja

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