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Prata do Pan precisa de transplante para não perder visão de um olho

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Foram sete medalhas do taekwondo do Brasil no Pan-Americano de Lima-2019. Dos sete atletas que subiram ao pódio, só um não bateu continência à bandeira brasileira, gesto que separa os atletas militares dos civis.

Não que Ícaro Miguel não tenha nível para estar na Marinha, como seus companheiros de seleção, ou não tenha interesse em receber um soldo mensal de mais de R$ 3 mil. Ele não é militar porque não foi aceito.

Medalhista de prata no Mundial deste ano na categoria até 87kg e vice-campeão também dos Jogos Pan-Americanos de Lima, Ícaro tem um defeito intransponível para as Forças Armadas: ele é deficiente visual.

Tem apenas cerca de 10% de visão do olho esquerdo, mas a conta é incerta. Faz quatro anos que ele não vai ao oculista. Da última vez, os exames apontaram 20%.
Ícaro tornou-se deficiente visual na infância, quando a mãe pingou amônia pensando que era água boricada em seus olhos. 

O garoto, então com seis anos, teve a córnea queimada, mas um tratamento fez com que recuperasse quase a totalidade da visão do olho direito. Depois, a perdeu aos poucos.

Há quatro anos, a visão praticamente desapareceu. "É como se tivesse uma sauna na minha frente", explica ele, que precisa passar por um transplante de córnea. Fazer a cirurgia, porém, significa ter que encerrar a carreira e isso não passa pelos planos dele. "A visão vai piorando e meus resultados vão melhorando. Então deixa assim que tá tudo bem", diz.

A falta de visão não é um problema no esporte, mas o impede de receber o tão exaltado apoio das Forças Armadas. "Até passei pelo processo para entrar para as Forças Armadas, mas infelizmente não consegui entrar por essa deficiência que eu tenho. Continuo na luta -quer dizer, na batalha, na luta literalmente. 

Eu preciso do apoio financeiro. O dinheiro da Marinha vem diretamente para os atletas, mas eu não tenho esse apoio que queria. Seria uma honra servir às Forças Armadas, mas o que eu sinto mesmo é por essa verba que não vem para mim", lamenta.

DEMÉTRIO VECCHIOLI
PERU, LIMA (UOL/FOLHAPRESS) 

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