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Golpe FMS: empresário que teria indicado vaga para 44 amigos nega envolvimento

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Foto: Arquivo Pessoal Poncion Ferreira

O empresário Poncion Ferreira da Silva, 54, apontado por algumas vítimas de estelionato como cúmplice de José Evangelista no suposto golpe que oferecia vagas de trabalho na Fundação Municipal de Saúde (FMS), procurou o Cidadeverde.com para apresentar sua versão. Segundo ele, o suspeito usou sua rede de influência para captar mais vítimas e ele agora estaria sofrendo represálias pela suspeita de um crime que ele não cometeu. 

A casa do empresário foi apontada como escritório do suspeito. Ele nega envolvimento e alega "terem aproveitado de sua boa fé". 

Segundo Poncion, que é bacharel em direito e faz bicos como motorista de aplicativo, José Evangelista teria oferecido a oportunidade de trabalho em uma das corridas feitas pelo aplicativo. O empresário teria dito que estava precisando de renda extra quando o suspeito teria oferecido a vaga na prefeitura. “Em janeiro de 2018, ele me disse ‘Poncion, vai aparecer umas vagas de um projeto, quando aparecer eu te aviso’. Tempos depois ele me ligou dizendo que o projeto tinha saído”.

Poncion relata que se reuniu com José Evangelista e que levou mais três amigos que também estavam interessados na proposta. A reunião foi em junho de 2018 e a promessa de início de emprego era para agosto do mesmo ano.

“Ele explicou tudo, nos mínimos detalhes. Se apresentou como coordenador do programa Mais Saúde, Mais Vida. Disse que tinha um cargo na prefeitura e que o vencimento era de R$ 7 mil. Todo mundo ficou feliz, animado. Era R$ 7 mil da agregação, tirando o INSS ficava um salário líquido de R$ 6.696”, conta

O empresário relembra que logo em seguida os amigos se interessaram e quiseram garantir três das vagas, num total de R$ 4.500. Segundo ele, os contratos foram feitos em papel timbrado da prefeitura com a assinatura e endereço do suspeito. “Como desconfiar de algo que tinha o timbre da prefeitura e a assinatura da pessoa, o nome, com o endereço dela, tudo direitinho”, explica Poncion.

O investigado também relata que em um primeiro momento não fechou contrato com Evangelista porque não tinha dinheiro, e que o pagamento tinha que ser feito em até 24h. “Eu falei com meu pai, meus irmãos, com cunhados e amigos perto de mim. Eu pus várias pessoas da minha família. Como eu o conhecia há mais de 20 anos eu levei ele para minha casa”, conta indignado.

“Um dos meus amigos que também é vítima é administrador, tem experiência com cargos públicos e ainda assim foi pego por ele. Consultamos uma gestora de uma UBS que sondou informações na prefeitura e achou que era verdade. Havia indícios de que era verdade”, conta o empresário.


Recibo apresentado por Poncion como oferecido no suposto golpe.

Casa de Poncion

Após assinar o suposto contrato com José Evangelista, em sua casa no bairro Pirajá, Poncion diz que a residência virou ponto de referência para seus conhecidos. “Depois as pessoas que eu contava que estava tendo essa oportunidade acabavam assinando o contrato na minha casa. Mas, eu não tinha nada a ver. Eram pessoas conhecidas minhas e elas entregavam o dinheiro na mão dele (Evangelista). As pessoas foram à minha casa. Foram de boa fé. Meus familiares”, afirma.

De acordo com o empresário, o suspeito teria captado 44 pessoas do seu ciclo, incluindo familiares e amigos. Com pagamentos de R$ 1.500 o montante arrecadado chegaria a R$ 66 mil. “Eu conheço o José Evangelista e a família dele há mais de 20 anos. Eu sei que o irmão dele é envolvido com coisa errada, mas ele eu nunca imaginei que ele tivesse envolvido com esse tipo de coisa”, alega Poncion.

Segundo o empresário, que também é bacharel em direito, a sua residência passou a ser citada como referência. “Minha casa é na rua Sergipe, a dele é na rua Paraíba”, afirma. 


Documento com nome de secretaria e timbre da prefeitura.

Locação de carros

Além do pagamento na assinatura dos requerimentos, Poncion relata que teve prejuízos com o aluguel de carros. “Ele (Evangelista) nos disse: o programa já está saindo, quem não tiver carro, pode alugar. Eu aluguei sete carros no meu nome, para o meu filho, para um funcionário meu e mais dois amigos dele”. 

Os carros teriam sido alugados no bairro Redenção ainda em 2018 durante 60 dias. Com a chegada da data da prometida admissão no emprego e nenhuma confirmação por parte da Prefeitura, Poncion e as outras vítimas teriam começado a desconfiar. “Sempre procurando ele para dar explicações e ele sempre adiando, dando novas datas”. 

O caso foi denunciado em dezembro de 2018 no 7° Distrito Policial. Há queixas contra José Evangelista em pelo menos três delegacias: no 2º, no 7º e no 12º Distritos Policiais. Só no 2º DP, que é na Primavera, zona Norte, são nove denúncias.

A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que não existe programa “Mais Saúde, Mais Vida” no âmbito da Prefeitura de Teresina e que a forma de acesso de servidores a essa Fundação é exclusivamente por meio de teste seletivo e concurso público.

Valmir Macêdo
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