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Itamaraty pede explicações sobre agressão ao músico Guinga

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O Ministério das Relações Exteriores, através de sua assessoria, informou nesta quinta-feira (15), que sem um relato oficial do compositor Guinga – que teria perdido dois dentes ao levar um soco de um policial no Aeroporto de Barajas, em Madri, ao tentar voltar para o Brasil – não terá como cobrar uma atitude das autoridades espanholas.

Segundo a esposa do músico, Fátima Escobar, depois de passar pela revista no aparelho de raio-X do aeroporto, Guinga teve furtado o casaco com documentos, dinheiro e passagem. Ele pediu ajuda aos policiais, que disseram que isso não era responsabilidade deles. Ao insistir, Guinga foi agredido com um soco pelo policial. Ele só conseguiu embarcar dois dias depois e chegou ao Brasil, no dia 11.
 

Mesmo sabendo da agressão somente pela imprensa, o Conselho Consular no Brasil enviou na segunda-feira (12) um pedido ao Consulado do Brasil em Madri junto com reportagens sobre o caso pedindo explicações sobre o ocorrido.

As autoridades espanholas responderam que não havia qualquer registro do incidente, seja por inadmissão no embarque, furto – do casaco, onde estavam passaporte, passagem e dinheiro - ou agressão.

O Ministério das Relações Exteriores considera o fato relatado pela imprensa muito grave e totalmente em desacordo com as práticas internacionais. E diz que Guinga deveria registrar imediatamente a queixa para que as autoridades brasileiras possam exigir mais empenho da apuração do caso por parte das autoridades espanholas.

Formalizar ou não a queixa

A filha do compositor e violonista, Constance Escobar, contou que Guinga chegou ao Brasil muito abalado. Ela acredita que o pai não vai formalizar a queixa. Mas somente na sexta-feira (16), quando ele voltar de um show que foi fazer em São José dos Campos (SP), o assunto vai ser discutido em família.

“Ele está muito traumatizado com toda a humilhação que sofreu e não queria que ninguém soubesse do que aconteceu. Eu é que fiquei muito indignada e saí distribuindo carta aos jornalistas que conhecia. Mas não enviamos nenhum comunicado ao consulado. Ele ainda vai decidir se quer ou não levar o caso adiante. Como vive viajando a trabalho para a Europa, ele teme algum tipo de retaliação. Quem sofreu a violência, a humilhação que ele sofreu, fica sempre desconfiado. Sabe que a lei nem sempre é cumprida”, disse Constance.

Três dias de sofrimento

Segundo a mulher do músico, ele passou a terça-feira (13) no consultório do dentista para recolocar os dentes, antes de viajar para os shows programados para o interior de São Paulo. Ela contou que Guinga teve os objetos furtados na área de embarque enquanto calçava os sapatos depois da revista.

Sem falar espanhol, pediu ajuda aos policiais do aeroporto. Segundo Fátima, os policiais não só disseram que não podiam fazer nada pelo compositor como, irritados com seu desespero e insistência, o agrediram com um soco no rosto.

O músico estava retornando da Itália, onde tinha ido dar aulas num conservatório em Roma. Para voltar ao Brasil ele tinha de fazer uma conexão na Espanha. Ainda segundo a mulher dele, o aeroporto estava tumultuado, com voos atrasados e cancelados por causa da neve que caía em Madri.

“O Guinga foi muito humilhado e agredido. Como é que tratam um cidadão brasileiro, dentista respeitado e músico consagrado desta forma? Estamos todos, eu, minhas filhas e ele, muito chocados. Ele deveria ter voltado na sexta (9), mas com essa confusão toda só chegou ao Brasil às 22h do domingo (11)”, lamentou a mulher do compositor.

Soco no rosto

Fátima contou que Guinga passou um dia inteiro tentando resolver a situação. Não podia sair do aeroporto sem documentos e sem dinheiro e não tinha como ligar para o Brasil para pedir ajuda. Ele insistiu com os policiais, que não o deixaram nem entrar na sala. Disseram que se Guinga não conseguia embarcar não era responsabilidade deles. Um dos policiais o agarrou pelo pescoço e lhe deu um soco. Ele perdeu dois dentes e ficou com a boca machucada.

“A polícia espanhola precisa entender que existe pessoas boas e más em qualquer lugar do mundo e que não pode tratar os brasileiros com essa falta de respeito. Ele estava desesperado e ninguém ajudava. Não tinha dinheiro para nada, estava sem comer e bebendo água da pia do banheiro”, lembrou indignada Fátima.

Uma policial, ao ver Guinga machucado, humilhado e chorando no saguão do aeroporto, decidiu ajudá-lo. Ela o estava levando para uma área reservada do aeroporto para tentar uma solução para o caso, quando Guinga avistou seu casaco numa lixeira. Ele recuperou o passaporte e a passagem para o Brasil.

“Essa policial o ajudou a trocar a passagem da Iberia, que era para sexta-feira e por outra da TAP e o acompanhou até o embarque. A única prova que ele tem de tudo o que aconteceu no aeroporto é do boletim de ocorrência que foi obrigado a assinar dizendo que a polícia tinha achado o casaco dele, além do tratamento dentário que teve de fazer ao chegar”, disse Fátima


Fonte: G1

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