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"Não se pode brincar", diz torcedor que xingou árbitro de "nego urubu"

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Árbitro Iudiney Silva, vítima de racismo

A Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Piauí identificou o torcedor que xingou o árbitro Iudiney Silva de "nego urubu ladrão" durante partida de futebol ontem (20) no estádio Albertão. 

O suspeito é um torcedor do River que estava acompanhando o jogo do time contra o Timon pelo Campeonato Piauiense Sub-15. O advogado Marcelo Santos, 49 anos, é o alvo das denúncias. Ao falar ao Cidadeverde.com, ele negou que seu ato foi racista, mas confirmou o xingamento ao juiz.

"Chamei ele (o árbitro) de nego, porque ele é negro, urubu porque ele é flamenguista e o mascote do Flamengo é o urubu e de ladrão porque ele errou uma marcação contra o River", disse o torcedor que estava no Albertão com o filho de seis anos e há mais de 40 anos é riverino. 

Marcelo considera normal xingamentos da torcida contra árbitros de futebol e teceu para a reportagem vários palavrões que costuma gritar em campo.

"Não tem nada de racismo. Eu sou negro e como poderia ser racista? Agora não se pode brincar, dizer nada, chamar juiz de negro é ofensa?", questiona o torcedor.

Ele disse ainda que está de consciência tranquila e que irá esclarecer para as autoridades competentes, caso seja chamado para se defender. Segundo ele, o juiz errou ao não marcar falta em um lance do segundo tempo do jogo.

"Se fosse branco ou índio, o torcedor xinga mesmo qualquer juiz que toma atitude errada em campo. Como diz Bolsonaro (presidente da República) isso é cultural e irei esclarecer. Como vou ser racista se nem chamei ele de macaco, urubu é o mascote do Flamengo, e nem de macaco chamei ele. Agora eu vi mesmo. É ir para o estádio ficar sentado, calado, bater palmas e que graça tem isso?".

 O árbitro Iudiney César Rocha e Silva, 20 anos, disse que ouviu os ataques racistas e não reagiu na hora para não atrapalhar o jogo.

"Na hora sentir raiva, mas ali no calor do jogo me segurei para não atrapalhar a partida", disse Iudiney Silva. Ele lamentou os ataques racistas e disse que a discriminação contra os negros está enraizada na sociedade.

"O futebol é um esporte de lazer, e ele estava acompanhado de uma criança. O preconceito dele é pior porque parte de uma pessoa que se diz negra", desabafou o árbitro.

Flash Yala Sena
[email protected]

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