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Partidos traçam estratégias para vencer hegemonia do PSDB na eleição em Teresina

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Foto: Google Maps

No próximo ano se encerra o ciclo de quatro mandatos de Firmino Filho (PSDB) à frente da Prefeitura de Teresina.

Os partidos aliados e as oposições se articulam na tentativa de eleger o sucessor do prefeito, que representa a hegemonia de mais de 20 anos do PSDB à frente do comando da capital. Na tentativa de acabar com esse histórico tucano, a oposição promete uma disputa acirrada em 2020.

A estratégia do prefeito é apresentar o nome do candidato que ele apoiará apenas em 2020. Enquanto o candidato não é definido, Firmino defende a permanência da gestão tucana à frente da prefeitura e apresenta bandeiras como os números da educação.

“Teresina avançou muito nestes últimos anos. Não é segredo de ninguém que temos um carinho especial pela educação. Hoje a educação da capital é destaque no Brasil inteiro. É a melhor educação do Nordeste. Estamos formando crianças e jovens para o futuro. Serão eles que ajudarão no desenvolvimento da nossa cidade e do nosso Estado. Entendemos que educação não deve ser uma prioridade, mas sim, a prioridade. É isso que fizemos ao longo desses quatro mandatos. Hoje a cidade colhe os frutos”, afirmou.

Apesar de não ter um candidato definido, o PSDB já definiu que só aceita um nome tucano. A legenda recusou a ideia do prefeito apoiar um candidato de outra sigla aliada. Os tucanos querem permanecer no comando da cidade.

O sucesso das campanhas tucanas na capital geram várias teorias ao longo do tempo. O cientista político e professor da Universidade Federal do Piauí, Vitor Sandes, afirma que não é possível explicar a preferência do eleitor por candidatos tucanos em Teresina. Mas segundo ele, alguns fatores contribuíram para ajudar a criar uma identificação entre o eleitorado e o modelo de gestão do PSDB neste período.

“Não existem estudos conclusivos que expliquem isso e também não é possível cravar uma única explicação para o fenômeno. De toda forma, sabemos que políticas como o Projeto Vila-Bairro, desenvolvimento na década de 1990, possibilitaram que o PSDB garantisse um apoio espraiado em todo o município. Além disso, bons indicadores relacionados à educação pública municipal também possibilitam à população acesso à educação. Também é válido dizer que a oposição tem dificuldades de apresentar um projeto para a cidade que convença o eleitorado teresinense a eleger candidatos de outro partido”, destaca.

Foto: RobertaAline/CidadeVerde.com

Na lista de possíveis candidatos do PSDB estão gestores tucanos como o presidente da Fundação Municipal de Saúde, Charles da Silveira, o secretário de Educação, Kleber Montezuma, o secretário de Comunicação, Fernando Said, o presidente estadual da sigla, Luciano Nunes, entre outros nomes. O ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, também é lembrado, mas já afirmou que não tem o desejo de voltar à prefeitura. Ele continua sem partido, mas já foi convidado a retornar ao ninho tucano.

Para o presidente municipal do PSDB, vereador Edson Melo, o partido criou uma identidade com o eleitor de Teresina. Segundo ele, os tucanos seriam conhecidos por realizarem uma “boa gestão”.

“O PSDB leva muitas vantagens em relação a outros partidos para se manter à frente da prefeitura, devido a sua marca como uma administração eficiente, uma administração de sucesso. Tem sido uma característica do partido escolher bons gestores para Teresina. E a capital tem sido muito inteligente nas escolhas com relação ao prefeito. A cidade sempre teve bons prefeitos. Acredito que a população tem até receio de arriscar em outros nomes, com receio de aventuras que possam prejudicar a cidade com um desastre administrativo. Então isso é um ponto positivo que faz com que o PSDB seja o favorito para as próximas eleições na capital. Quanto a nome, isso pouco vem ao caso. O perfil que queremos para prefeito é de um técnico competente, que saiba gerenciar bem os problemas da cidade”, declara.

Com o fim do ciclo de Firmino na prefeitura, a oposição entende que este é um momento propício para a mudança. E vai ser esse discurso de mudança o principal argumento utilizado por partidos como o PT.

A legenda do governador Wellington Dias lançou o nome do deputado Fábio Novo como pré-candidato. Depois de uma acirrada disputa interna contra o deputado, Franzé Silva, e o militante petista Júnior do MP3, Novo conseguiu a preferência da legenda para ser o candidato a prefeito. O PT busca agora a melhor estratégia para conseguir ocupar o Palácio da Cidade e acabar com a imagem de rejeição na capital
Segundo o deputado Franzé Silva, um dos coordenadores da campanha de Fábio Novo, a união é o primeiro passo para a vitória do partido.

“Acredito que nunca o PT foi tão unido para uma eleição em Teresina. Isso já é um grande diferencial. Além disso, Fábio Novo é o oposto de uma gestão cansada. São muitos anos de PSDB à frente da prefeitura e temos uma gestão cansada. No ranking do PIB, Teresina teve um desempenho ruim”, afirma.

Foto: Rádio Cidade Verde

O professor Vitor Sandes avalia que, em Teresina, o PT não tem conseguido construir as mesmas relações que levaram aos quatro mandatos de Wellington Dias como governador do Piauí. Para ele, outro desafio é a solidez do PSDB na capital.

“A última aliança entre o PSDB e o PT relevante no estado do Piauí ocorreu nas eleições para governador em 1998. Em 2002, num contexto de oposição entre PFL-PSDB e PT no estado e nacionalmente, Wellington Dias foi eleito governador. Foi neste momento que o partido ganhou relevância no estado, o que não significou o mesmo espaço no município. A estratégia foi bem sucedida no estado, principalmente, pela política de alianças construída desde então. Com isso, foram quatro vitórias do partido para governador. No entanto, o partido não consegue estabelecer os mesmos pactos visando às eleições municipais em Teresina. Com o PSDB forte e sólido, isso se torna um desafio ainda mais difícil de transpor”, afirma.

Na oposição, o  PT não será o único partido de oposição com candidatura própria. O MDB já oficializou o nome do ex-deputado Dr. Pessoa (MDB) como pré-candidato. E a chapa já está completa com o ex-deputado Robert Rios como pré-candidato a vice. Pessoa foi adversário de Firmino no pleito de 2016 e os dois travaram uma disputa acirrada. Agora, ele tenta levar a disputa para o segundo turno.
Outra legenda que deve ter candidato próprio é o PL. O partido irá oficializar o nome do secretário de Segurança, Fábio Abreu, em uma solenidade no dia 22 de janeiro. Abreu aparece bem colocado em pesquisas internas e é visto como um dos nomes com condições de ameaçar o candidato da prefeitura.

O PSD também manifesta o desejo de entrar na disputa. O deputado Georgiano Neto foi um dos primeiros a manifestar o desejo de concorrer a prefeito. Ele foi o deputado mais votado no pleito de 2018 e pretende repetir o bom desempenho na capital.

Outras legendas se movimentam no sentido de lançar candidato próprio. É o caso do PSL. O partido trabalha o nome do vice-presidente, o empresário Valter Rei das Motos. No PRB, o nome cotado é do ex-deputado Silas Freire. Os dois partidos afirmam que analisam pesquisas para saberem da viabilidade de uma candidatura majoritária.

Foto: RobertaAline/CidadeVerde.com

Regras eleitorais

Não é só a disputa majoritária que promete ser acirrada na capital. A mudança eleitoral que levou ao fim das coligações proporcionais provoca a intensificação da eleição proporcional, que definirá a composição dos parlamentos municipais em 2020.

Apesar de mudanças nas regras eleitorais não serem novidades no Brasil, o fim das coligações proporcionais preocupa candidatos e lideranças. O cientista político Vitor Sandes afirma que a mudança diminuirá o espaço dos partidos pequenos.

“O fim das coligações eleitorais para o sistema de representação proporcional, que define as vagas para vereadores, deputados federais e estaduais, diminuirá o espaço dos pequenos partidos, pois eles terão dificuldades para atingir o quociente eleitoral sozinhos. No curto prazo, principalmente, nas eleições municipais, é possível que pré-candidatos optem por se lançar por outros partidos, ou seja, deve favorecer a migração partidária. No médio e longo prazo, isso deve estimular as fusões de partidos e também favorecer os maiores partidos”, afirma.

Segundo Sandes, a discussão sobre a renovação da política do país não se resolve com o fim das coligações proporcionais.

“Com mais estrutura e recursos, mas também com uma grande centralização nas decisões, teremos dificuldade adicional para a renovação, pois as lideranças controlam os recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, bem como têm forte ascendência na formação as listas de candidatos. Em resumo, a extinção das coligações para os chamados cargos proporcionais não resolver o problema da renovação, somente levará à redução do número de partidos com representação. Para arejar a renovação, deve-se modificar a relação dos cidadãos com os partidos”, disse.

Lìdia Brito
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