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Foniatria é especialidade médica mais adequada para tratamento do distúrbio de comunicação

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Foto: Arquivo CV

Estudos científicos realizados com crianças em idade escolar entre 3 e 12 anos de idade, inteligentes e com exame neurológico normal mostram que cerca de 20% delas apresentam algum sinal que sugere a existência de distúrbio de comunicação. Tal número é elevado e por si só deveria ser fator de preocupação para agentes de saúde governamentais e para a sociedade de um modo geral. A situação torna-se mais alarmante quando se observa que tal distúrbio tem potencial de afetar o domínio da leitura e da escrita por parte das crianças e jovens, tornando mais difícil o seu processo de alfabetização e, consequentemente, sua vida social.

Para tratar esse distúrbio de comunicação de maneira eficaz, o diretor do Instituto de Foniatria de Campinas (SP), médico otorrinolaringologista, Dr. Evaldo José Bizachi Rodrigues, sugere a foniatria - especialidade da medicina que avalia, acompanha e, muitas vezes, interfere na maturação, na aprendizagem e no desenvolvimento do processo de comunicação em todas as suas formas e em todas as suas etapas. "É no seu âmbito que as falhas e distorções são melhores consideradas", assegura Dr. Evaldo.

O médico foniatra destaca que é muito comum as pessoas pensarem que o distúrbio de comunicação se restringe a problemas na fala. Mas isto é um equívoco. "Seria o mesmo que afirmar que só existe doença quando um paciente está com febre", diz. Conforme Dr. Evaldo, assim como muitas doenças ocorrem sem febre, na maioria dos casos em que as crianças sofrem de distúrbios de comunicação, a fala não é prejudicada.

Outros sinais funcionam como melhor indicativo do distúrbio. Entre os mais significativos estão: o tempo de atenção encurtado; o desligamento; a impressão de que a criança se esforça muito para entender ou não entende o que é comunicado - indícios acompanhados pelo Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) - a chamada inquietação. Como efeito de tal quadro, as crianças costumam manifestar ainda, muito frequentemente dificuldades na exposição de fatos. "Os relatos são desorganizados, muitas vezes apresentados como se o ouvinte não tivesse presenciado o acontecimento", declara Dr. Evaldo.

No aspecto físico, crianças com distúrbio de comunicação tendem a ser estabanadas e com predisposição para quedas, como consequência da corrida desengonçada e da pouca afinidade para a prática de exercícios. Enurese noturna (xixi na cama) e escape de urina e fezes decorrentes de esforço físico realizados durante o dia também são sinais corriqueiros.

Segundo o médico foniatra, pode acontecer dificuldade de adaptação à rotina estabelecida, o que leva à desorganização. Algumas crianças têm problemas para aprender os conceitos de abstratos relacionados a espaço/tempo e a causa e efeito. No primeiro caso, compreender sentenças que contenham palavras como "amanhã", "depois", "ontem", "longe" e "espera a sua vez" transforma-se em uma tarefa árdua. No segundo caso, a capacidade da criança antecipar o resultado de determinada ação fica prejudicada, o que complica o surgimento ou a qualidade da noção de perigo.

Essas dificuldades levam a distorção da base da sociabilidade, que é a noção de "juízo de valor", que viabiliza a preferência por pessoas e por objetos e a compreensão das regras de jogos. São consideradas imaturas ou infantilizadas pelos pais e professores.

A fim de garantir melhores resultados no tratamento do distúrbio de comunicação, Dr. Evaldo recomenda que pais ou responsáveis procurem auxílio médico assim que detectarem inadequações nos padrões de comunicação e no comportamento da criança, por meio dos sinais anteriormente mencionados. Conforme o médico foniatra, quanto mais rápida a intervenção menor é o risco de que o quadro se torne mais complexo.

Contudo, segundo Dr. Evaldo de nada adianta buscar tratamento individualizado para cada um desses sinais. Para o médico foniatra é como ministrar antitérmico para quem tem febre, sem combater a sua causa. "É inútil 'brigar com a boca da criança' porque fala errado ou porque suas histórias são mal contadas. Também é perda de tempo insistir em que a criança faça cópia e ditado porque troca letras. É inútil ainda fazer jogo de 'prêmio e castigo' com 'pressões descabidas e chantagem emocional porque gagueja, lê mal, ou só medicar com calmantes, porque é agitada". É uma luta desanimadora contra um mal resultado que com frequência leva as famílias ao desalento e à sensação de estarem perdidas, sem tratar a causa.

São atitudes que só complicam porque humilha e constrange a criança, que passa a desenvolver mecanismos de defesa e muitas vezes de fuga do contexto familiar e escolar , com comportamentos que podem ser confundidos com problemas de natureza psicológica, tal a intensidade com que podem se manifestar.

A fim de garantir melhores resultados no tratamento do distúrbio de comunicação, Dr. Evaldo recomenda que pais ou responsáveis procurem auxílio do médico foniatra assim que detectarem inadequações nos padrões de comunicação e no comportamento da criança, por meio dos sinais anteriormente mencionados.

Atualmente, a medicina foniátrica conta com recursos que permitem não só o diagnóstico precoce, como o tratamento pertinente para cada tipo de mal funcionamento dos complicados mecanismos envolvidos no processo de comunicação. O tratamento clínico, que também inclui informação e orientação para condutas adequadas dos familiares, atua melhorando o desempenho das estruturas envolvidas na comunicação com o intuito de tornar mais refinada a atividade motora e a percepção das relações espaço/tempo e causa/efeito. São utilizadas substâncias com dosagem e tempo de duração definidos em avaliação clínica individual

Isso cria a condição indispensável para que o resultado de terapias que envolvam a participação de profissionais das áreas de fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, psicologia e fisioterapia, de maneira isolada ou em conjunto, tenha eficiência e rapidez.

Conforme o médico foniatra, quanto mais rápida a intervenção menor é o risco de que o quadro se torne mais complexo.

 

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