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Fim da quarentena: psicóloga dá 5 dicas para superar medo de sair de casa

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Com o início de junho, alguns estados estão implementando planos para a retomada das atividades pós-quarentena, mesmo que a pandemia ainda não tenha sido controlada no país. Porém, será que as pessoas estão preparadas psicologicamente para viver essa ‘nova normalidade’?

Sabrina Amaral, psicóloga e hipnoterapeuta, diz que ao observar os países europeus, que já vivenciam o processo de abertura, é possível perceber um fenômeno psicológico que assola uma parcela da população: o medo de sair de casa. A profissional explicou mais a respeito desse problema nesta entrevista, logo abaixo:

O que é esse fenômeno que causa o medo de sair de casa?
Esse sentimento de angústia e receio que pode tomar conta das pessoas mediante à ideia de sair às ruas e retomar o contato social é relacionado com o que chamamos de Síndrome da Cabana. Esse fenômeno teve seus primeiros relatos no ano de 1900, quando trabalhadores no norte dos EUA passavam longos períodos em isolamento por conta do inverno e, depois, tinham receio de retomar o contato com a civilização. O mesmo efeito é observado em outras situações de isolamento de longa duração: expedições no Alasca, períodos longos de hospitalização, encarceramento prolongado, etc.

Por que isso acontece?
É como se o nosso cérebro ficasse acostumado a uma nova rotina e aprendesse que estar em casa é a única possibilidade de segurança e proteção. Além disso, tivemos reforçadores positivos de comportamento durante a quarentena: mais tempo para a família, hobbies, estudo e tempo para nós mesmos. Para as pessoas que tem uma personalidade naturalmente introvertida, isso é ainda mais evidente.

Mas isso é uma doença?
Definitivamente não. Vamos deixar bem claro que isso é um fenômeno normal mediante tudo o que estamos vivendo. Apesar do ‘apelido’ isso não é uma síndrome como por exemplo a Agorafobia, trata-se de uma realidade psicológica temporária, afinal, ainda temos o vírus circulando e temos que nos cuidar.

Quais são os sintomas?
O sintoma principal é a angústia de sair de casa, acompanhados de medo e ansiedade. Percebe-se ainda uma certa letargia, falta de motivação, sono excessivo e comportamentos de esquiva para fugir do problema, como compulsão alimentar ou adicções. Podemos notar também sintomas cognitivos como falha na memória e dificuldade de concentração.

Diante dos altos índices, a UCSI University, na Malásia, criou uma escala para aferir a incidência da chamada ‘Cabin Fever’ na população, disponível aqui.

Quais são as dicas para lidar com esse fenômeno?

1- Respeite o seu tempo
Todos nós temos um tempo emocional que varia de pessoa para pessoa, portanto, não se obrigue! Pare de se comparar com os outros e faça as coisas no seu tempo.

2- Foque no que está no seu controle
Ao focar no que está ao seu controle, você diminui a sensação de angústia e medo. Crie uma rotina com movimento e que envolva alimentação saudável, exercícios e momentos para sair de casa aos poucos.

3- Dessensibilização sistemática
Essa é uma técnica da Terapia Cognitivo Comportamental. Aos poucos, vá colocando ‘metas’ para você administrar a angústia. Pequenos passos gradativos e crescentes, por exemplo: hoje vou até o portão, amanhã até a calçada, depois vou dar uma volta no quarteirão e assim sucessivamente.

4- Controle seus pensamentos
Avalie racionalmente seu medo, afinal, não é uma escalada até o Pico da Neblina, é apenas uma volta pela vizinhança. Facilite ainda mecanismos para mitigar o medo, como usar roupas e calçados fáceis de tirar, facilitando a higienização na hora de chegar em casa. Tenha um local externo para deixar os calçados e máscaras até serem higienizados.

5- Procure ajuda profissional
É importante que você não se compare com os outros, mas sim, consigo mesmo. Se você observar que os comportamentos de esquiva não regridem ou aumentam conforme os dias vão passando, é importante que você busque ajuda. Encare isso como uma ‘fisioterapia psicológica’ que vai ajudar você a voltar a caminhar depois de um longo período de imobilização.

Qual o seu conselho final para as pessoas que já estão vivenciando a flexibilização?
A pandemia ainda não foi controlada, não temos um medicamento comprovadamente eficaz de acordo com a medicina, tão pouco vacinas que possam imunizar a população. Temos que manter a cautela, contudo, sem nos privar do contato social e da liberdade de ir e vir que é tão importante para nós. 

Neste momento, os pensamentos negativos são os maiores inimigos. Trabalhar a aceitação, o gerenciamento das emoções e aprender a flexibilizar é fundamental, pois a vida continua e temos que continuar fazendo projetos, sonhando, estabelecendo metas usando nossa capacidade de nos reinventar mediante esse novo normal.

 

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