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Os olhos do mundo se voltam ao futebol alemão graças à Bundesliga

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Em muitos âmbitos a Alemanha é vista como um dos grandes exemplos mundiais a serem seguidos. A nação que foi formada tardiamente em comparação aos seus vizinhos e que mesmo assim conseguiu angariar recursos internos para se tornar uma superforça regional durante o século XIX tem em sua história vários momentos que demonstram graus de coordenação e iniciativa raramente integrados e implementados em outros países.

Tais demonstrações vão do âmbito econômico, com o desenvolvimento tecnológico de suas indústrias pesadas colocando empresas alemãs como líderes de seus respectivos setores, até o cultural, com seus filósofos, autores e artistas contribuindo tanto com a construção da sociedade do passado quanto da sociedade contemporânea. Nesse vasto leque de exemplos, pode-se encontrar um “ponto de equilíbrio” no futebol, que une o poderio econômico da Alemanha e sua influência cultural em termos de pioneirismo e eficiência.

A culminação do futebol produzido na Alemanha são as quatro Copas do Mundo vencidas pela sua seleção ao longo da história, com a última conquista sendo realizada em solo brasileiro há quase seis anos. Por trás disso, está uma das ligas de futebol mais fortes do mundo, com times muito bem estruturados e uma coordenação mútua de forças para que o país possa produzir alguns dos melhores atletas do esporte.

 

Federalismo futebolista

A liga alemã de futebol, também chamada de Bundesliga, teve a sua primeira edição com nome oficial em 1963, após sua fundação na cidade de Dortmund. Antes dela, não havia uma liga nacional com futebol profissional, sendo as disputas entre times realizadas geralmente a nível regional.

A união das ligas regionais semiprofissionais, conhecida como Obenliga na época, gerou a primeira edição da Bundesliga. Inicialmente com 16 times, a Bundesliga passou a ter 18 clubes a partir de 1965. Foi apenas na temporada 1991-1992, quando houve a reintegração da Alemanha Oriental à Alemanha Ocidental com a queda da União Soviética, que a Bundesliga seguiu a maioria dos seus vizinhos, aumentando o número de times na competição para 20. Desde então, já foram realizadas 56 edições da competição. O grande campeão é o Bayern de Munique, que ganhou 28 títulos da liga, incluindo as últimas sete temporadas da Bundesliga.

 

Grandes números, grandes marcas

Hoje a Bundesliga conta com alguns dos maiores números do futebol mundial, com destaque para a receita que seus 18 clubes arrecadam. Na temporada passada, foram arrecadados 4 milhões de euros – cerca de 23,7 bilhões de reais – por meio de vendas de ingressos, marketing e direitos de televisão.

A Bundesliga acaba atraindo cada vez mais holofotes graças à qualidade dos seus jogos e de seus jogadores. Nomes promissores como Jadon Sancho, do Borussia Dortmund, e Timo Werner, do RB Leipzig, lideram os esforços de seus respectivos times em alcançar os lugares mais altos da tabela da liga – ainda que com alguns sustos vez ou outra, já que o campeonato alemão não é fácil.

Falando no RB Leipzig, este último vem de uma tradição interessante no futebol alemão: a de times que se associam a grandes empresas. Essas equipes acabam conseguindo grande êxito na competição devido ao patrocínio, que permite que o time invista constantemente em talentos. O próprio Leipzig, por exemplo, ilustra bem esse caso. O clube é comandando pela companhia de bebidas energéticas Red Bull e, de acordo com informações da casa de aposta esportiva da Betway, tem chances de 2,75 de alcançar o segundo lugar na competição. O favorito é o Borussia Dortmund. Outros grandes exemplos desse tipo de iniciativa são o Bayer Leverkusen, associado à companhia farmacêutica Bayer, e o Wolfsburg, time sob comando da Volkswagen e que nasceu a partir do clube esportivo de trabalhadores da empresa automotiva.

 

Imperfeições

Apesar de vários aspectos positivos na liga, ela também carrega alguns problemas. No lado competitivo, o maior deles é a total dominância do Bayern de Munique – indicado este ano pela KPMG como o quarto clube mais valioso do esporte – sobre seus rivais dentro e fora da cancha. Tal dominância se explica em grande parte pela habilidade do Bayern de atrair os maiores talentos da Alemanha e do mundo, tamanha a sua grandeza nos campos e nos cofres. Em tempos recentes, jogadores de potenciais rivais foram para a Allianz Arena sem qualquer custo. Na lista está incluso o atacante polonês Robert Lewandowski, que já marcou 234 gols desde a sua chegada ao time, em 2014.

O fato de o Bayern ser capaz de pagar barato ou até mesmo nada aos seus rivais domésticos em transferências, tornando-se assim a base da seleção alemã por anos a fio, não ajuda no equilíbrio competitivo e financeiro da liga. Esse problema poderia ser endereçado por meio da injeção de fundos em clubes por investidores, como ocorre comumente na Inglaterra. Entretanto, tal iniciativa é impedida pela regra “50+1”, que exige que clubes tenham o controle da maioria de suas ações justamente para evitar influências externas em seu gerenciamento. Não foi à toa que a Red Bull comprou um time da quinta divisão, que não sofre esses controles, para então levá-lo ao topo da pirâmide competitiva no futebol alemão.

Entretanto, mesmo com essas questões, a Bundesliga continua enchendo os olhos dos seus telespectadores e é definitivamente uma boa pedida para que os amantes de futebol distraiam a mente durante os fins de semana.

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