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Com aversão a risco, Bolsa fecha em baixa de 1,66%, aos 94 377,36 pontos

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Com dólar em alta de 3,33% na sessão, o dia foi de retomada da aversão a risco, aqui e no exterior, mas ao final o Ibovespa conseguiu mostrar perdas inferiores às observadas em Nova York, em uma quarta-feira, 24, na qual o Fundo Monetário Internacional (FMI) acentuou a projeção de contração para a economia global em 2020 - bem como para EUA e Brasil -, em momento no qual os mercados acompanham a disseminação do novo coronavírus por estados do Oeste e Sul americano, além do reaparecimento de casos em alguns pontos da Europa, especialmente Alemanha.

Após ganho de 0,67% ontem, o Ibovespa voltou ao terreno negativo nesta quarta-feira ao fechar em baixa de 1,66%, aos 94.377,36 pontos, em ajuste relativamente moderado que o reaproxima dos níveis de meados de junho, ainda conservando ganhos confortáveis no mês - hoje, tendendo, na mínima, ao nível de encerramento de 16 de junho (93.531,17 pontos). O índice saiu hoje de máxima na abertura a 95.973,81 pontos e tocou mínima a 93.259,07 pontos, com giro financeiro a R$ 25,7 bilhões na sessão. Na semana, cede agora 2,27%, mas ainda avança 7,98% em junho, com perdas acumuladas no ano a 18,39%.

Os Estados Unidos tiveram hoje a quarta maior marca de novos casos de covid-19 registrados em um período de 24 horas, considerando os dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país (CDC, na sigla em inglês). Foram mais 34.313 contaminações pelo novo coronavírus, o maior número desde 23 de abril, quando houve novas 37.144 infecções.

"O fluxo ainda segura muito a Bolsa, ninguém está a fim de realizar - na margem, está entrando dinheiro, então é difícil ter um movimento forte de realização de lucros", aponta Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. "O dólar foi mesmo o estopim do dia, onde realmente abriu a porteira em tendência global, fortalecendo contra todo mundo, e aqui agravado pelo diferencial de juros", acrescenta. "Para realizar mais (no Ibovespa), vai ser preciso algo fora (do esperado), como uma segunda onda (de coronavírus) muito forte".

"O mercado está mostrando uma certa falta de força para romper a resistência. Quando isso acontece - fica parado e não consegue fazer o rompimento -, é comum sofrer uma realização e 'pegar forças'", diz Fernando Góes, analista técnico da Clear. "O que estamos vendo é um movimento mais lateral, não está muito claro o movimento de alta ou de queda. Só teremos uma visão melhor se o Ibovespa romper os 97 mil pontos ou perder o suporte de 90 mil", acrescenta. "Na minha avaliação, o índice está mais bem preparado para subir, apenas aguardando novo estímulo, interno ou externo."

Com o enfraquecimento das projeções do FMI e os receios globais em torno da pandemia, o dia na B3 foi de perdas disseminadas, mas as ações de algumas empresas e setores, especialmente as de exportadores, foram beneficiadas na sessão pela escalada do dólar, com destaque para Marfrig (+3,28%) e Klabin (+2,55%), na ponta do Ibovespa com B2W (+2,88%), seguidas por Sabesp (+2,33%), em meio à expectativa para a votação, e aprovação, do marco do saneamento no Senado. No lado oposto do Ibovespa, Cielo caiu hoje 12,96%, seguida pelas aéreas Gol (-8,34%) e Azul (-6,22%); Usiminas, que havia subido ontem mais de 10%, fechou hoje em baixa de 4,56%.

De grande peso no índice, as ações de commodities e bancos também tiveram desempenho negativo na sessão, com Petrobras PN em baixa de 3,00%, a ON, de 2,67%, e Vale ON, de 0,36%. Entre os bancos, Santander cedeu 4,68%, BB, 3,91%, Itaú Unibanco, 3,80%.

Por Luís Eduardo Leal
Estadão Conteúdo

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