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Infectologista defende manter distanciamento social em Teresina e faz alerta

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O infectologista Carlos Henrique Nery Costa criticou, em entrevista ao Jornal do Piauí, nesta terça-feira (4), a reabertura gradual do comércio em Teresina. Para o médico, o distanciamento social é a única "arma" contra o coronavírus e retomar as atividades agora vai resultar no aumento de casos e óbitos por Covid-19. 

"Qualquer aumento do grau de contato entre as pessoas resulta em novos casos, novos surtos e repiques. Há que se ter  muito cuidado. Não estamos em nenhum conforto pra festejar e começar a fazer a quebra do distanciamento social como nós, na verdade, fizemos de algumas semanas pra cá. A única defesa que nós tínhamos era o distanciamento. Então, nós teremos, necessariamente, novos casos. É preciso não comemorar dizendo que nos chegamos no platô. Não podemos voltar a aumentar o grau de contato das pessoas. Não pode porque nos sabemos, temos certeza, que teremos mais casos e mais mortes a partir disso", alertou o médico.

O infectologista defende que as pressões de naturezas econômicas e políticas estão fazendo com que os gestores tomem as decisões de afrouxar as medidas de distanciamento social. 

"Isso não protege as pessoas, do ponto de vista médico. Posso estar enganado, mas não existe elemento nesse momento na ciência que assegure quer as pessoas podem voltar. O único instrumento que temos nesse momento é o distanciamento social. Relaxar com ele significa mais casos e mais mortes", ressalta Carlos Henrique Nery. 

Foto: Roberta Aline/ Cidadeverde.com

Sobre Teresina ter atingido o platô da doença, como afirma as pesquisas sorológicas, o médico defende que a quantidade de pessoas imunes detectadas em testes rápidos não é suficiente para gerar platô em nenhuma pandemia. 

O platô é uma  situação de pico contínuo que demora a cair, o que pode significar que os números de casos chegou ao limite e logo começará a apresentar queda. 

"Como não sabemos a magnitude da imunidade coletiva o que nós temos que dizer é que esse platô está sendo conseguido exclusivamente ou principalmente devido às medidas de distanciamento social", analisa o infectologista. 

Sobre a adoção de  protocolos de uso de  máscaras e protetores faciais, o médico disse que ajuda, mas não é suficiente para evitar o contágio do coronavírus. O infectologista alerta que é preciso haver higienização pessoal, rastreamento de contato e distanciamento social. 

"Distanciamento social e rastreamento de contato são alguns instrumentos que alguns países conseguiram pra fazer o retorno das atividades.  Agora nenhum país voltou com a transmissão como a que está no Brasil. Nenhum voltou num platô. O platô é o auge da epidemia. É o máximo que chegamos. É o topo da montanha. Ninguém fez nenhuma espécie de relaxamento nesse nível. Espera-se que haja um número de casos proporcionalmente muito pequeno ou interrupção da transmissão. Só a partir disso que as nações se aventuram a fazer o relaxamento social e permitir que haja retorno parcial e esse retorno quando ocorre é feito de forma extremamente atenta. Seguindo todos os casos novos com acompanhamento rigoroso, recuos estratégicos de distanciamento social. Não é assim como estamos fazendo. Do jeito que estamos fazendo é muito perigoso. Muita gente vai perder a vida  por causa  do relaxamento do distanciamento social num momento como esse, que é o auge da transmissão da doença", finalizou. 

Izabella Pimentel
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