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Bolsa fecha estável, entre exterior positivo e cautela doméstica

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Após duas sessões negativas, o Ibovespa fechou praticamente estável nesta quinta-feira, tendo cedido os 100 mil pontos no pior momento do dia, no início da tarde, quando tocou 99.856,91 pontos na mínima. Ao fim, o principal índice da B3 ficou no zero a zero, a 100.623,64 pontos, cedendo apenas 3,69 pontos ante o fechamento de quarta-feira. Na máxima, o Ibovespa foi nesta quinta aos 101.547,82 pontos, com abertura a 100.624,98. O giro financeiro totalizou R$ 22,8 bilhões, assim como o de segunda e terça-feira entre os mais fracos de agosto. No mês, o índice cede 2,22%, com perdas a 12,99% no ano e de 0,88% na semana.

A proximidade do fim de agosto e a expectativa para o anúncio, na sexta, da contraproposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao presidente Jair Bolsonaro sobre o formato e valor do Renda Brasil justificam a cautela dos investidores na B3, apontam analistas.

À tarde, contudo, o Ibovespa chegou a se alinhar ao dia positivo em Nova York, sustentado pelo pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no aguardado evento anual de Jackson Hole. Ele reafirmou o compromisso com juros muito baixos e anunciou uma estratégia nova, de inflação média, que permite ruptura da meta de 2% ao ano, desde que apenas por algum tempo.

"A sinalização dada pelo Fed hoje foi muito significativa: a de que os EUA estão tentando evitar uma 'japanização', ou seja, uma estagnação por anos e décadas. Tal profusão de liquidez, com as políticas fiscal e monetária já bastante afrouxadas nos EUA, continuará sustentando os preços dos ativos, mas é preciso estar atento aos efeitos colaterais, como bolhas", observa Shin Lai, estrategista-chefe da Upside Investor Service. "A posição é de que eles farão todo o necessário para apoiar a economia real, ainda que envolva custos."

"A fala de Powell foi de fato muito relevante, trazendo elementos novos quando se esperava apenas um discurso 'soft', moderado. O sinal é de que o fiscal e o monetário dos EUA permanecerão alinhados por tempo prolongado, mas o exterior positivo não é mais suficiente para carregar o Ibovespa, basta ver o desempenho dos índices aqui e em Nova York nesta semana", diz Rodrigo Franchini, sócio e diretor de produtos na Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o fardo fiscal e as dúvidas sobre que solução Guedes poderá apresentar a Bolsonaro quanto ao Renda Brasil.

"O momento envolve alinhamento entre Bolsonaro, Guedes e Senado sobre as reformas que precisam ser feitas. Enquanto isso não estiver evidente, a Bolsa estará como neste mês de agosto: de lado, em passo de caranguejo", acrescenta Franchini. "A perda de influência de Guedes, notável desde a saída de diversos auxiliares, aliados próximos - e não lamentada no Planalto -, é evidente. Guedes representa uma ideia para o País, a austeridade fiscal, e o seu abandono seria o abandono desta ideia, por estar em contradição com o desejo de popularidade do presidente."

Nesta quinta-feira, destaque para Gol (+4,27%) e Azul (+3,61%), na ponta do Ibovespa, em dia de ajuste negativo no dólar spot (-0,66%, a R$ 5,5778 no fechamento). No lado oposto, Yduqs cedeu 7,48%, seguida por BR Distribuidora (-3,27%). As ações de commodities também tiveram desempenho negativo, com Petrobras PN em baixa de 0,32%, a ON, de 0,48%, e Vale ON, de 1,55%. O dia foi positivo para as ações de bancos, com destaque para Bradesco ON (+2,09%) e BTG (+2,64%), esta logo atrás de Gol e Azul entre os melhores desempenhos da sessão na carteira Ibovespa.

Por Luís Eduardo Leal
Estadão Conteúdo

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